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VENDA DE BOI PARA CONFINAMENTO É A SAÍDA EM ANO DE ALTA DE CUSTO DA RAÇÃO

O salto nos preços no milho para o mercado interno fez o pecuarista do noroeste do Mato Grosso, responsável por um dos maiores rebanhos do Brasil, repensar a estratégia para o ano, uma vez que o grão é a base da alimentação na pecuária.Se antes as intenções de confinar o gado vinham em uma crescente, com o pagamento de diárias aos chamados boitéis, hoje vender o gado para o confinamento tem rendido mais do que para os frigoríficos da região e elimina os custos com ração na fase de terminação do animal.
Durante três anos, o produtor rural José Carlos Iunes Júnior manteve uma estrutura de confinamento dentro de sua propriedade, no município de Aripoanã (MT).
O primeiro ano foi marcado pelos investimentos no negócio, o segundo já não foi muito bom e no terceiro parece que desaprendi tudo que sabia sobre a atividade , contou ao DCI em evento do Rally da Pecuária, promovido pela Agroconsult, em Juína, no Mato Grosso.
Então, se há algo de errado comigo, cabe a mim mudar , acrescentou o produtor. E foi o que ele fez.
Os atuais 5,5 mil hectares da fazenda comportam cerca de 6 mil cabeças. A decisão para 2016 foi comprar vacas e insemina-las para produzir o bezerro, fazer as etapas de cria e recria e, em seguida, vender o boi magro para o confinamento.
Nosso grande problema na região é a terminação. Comprei vacas e estou comprando ainda mais, estou em fase de transição disse Júnior. Já vi negócios de venda para o confinamento em que conseguimos R$ 140 por arroba, enquanto o frigorífico quer pagar por um boi inteiro o valor de uma vaca, entre R$ 125 e R$ 126 por arroba , explicou o pecuarista.
Em uma conversa informal com um grupo de produtores rurais, o consenso foi que a cidade de Juína esta fadada a ser fonte de animais para confinadores e terceiros.
Quando você paga para confinar o boi fica na dependência do preço da ração, do movimento das commodities. É um baita negócio para quem produz grãos. Para mim, que sou exclusivamente da pecuária, não há grandes vantagens , afirma o pecuarista de Juara, também no Mato Grosso , Júlio Cezar Sirena.
Desde agosto, ele comercializou em torno de 410 bois direto com o confinamento.
Uma justificativa para a diferença de rentabilidade entre os dois tipos de comercialização é que, segundo Sirena, o frigorífico tem custos mais altos e restringe o lucro do produtor para manter ou ampliar suas margens. Excluindo todas as minhas despesas fixas, da aquisição ao abate, consigo um lucro médio de R$ 260 por animal. Ao vender para o confinamento, esta cifra passou para R$ 314 , exemplifica.
Em 600 hectares de pasto é realizada a suplementação no alimento dos animais logo depois da desmama. Sirena, que também é zootecnista, conta que a meta para os próximos anos é verticalizar as operações na fazenda e produzir mais carne por hectare em menos tempo, daí a opção por melhorar a ração dada ao bovino.
Dinheiro na mão
Em uma fazenda intimista na cidade de Juína, gerida por Francisco Martins da Silva, onde os principais funcionários são seus netos, das 1500 cabeças de boi, mil chegam a ser vendidas para confinadores.
Sem o controle exato de suas receitas e despesas, ele destaca como vantagem o pagamento pela venda no dia seguinte à entrega. No caso da indústria frigorífica, o prazo mínimo é de 10 dias. Além disso, o gasto com impostos pelo abate é deles , acrescenta. Diante de altos custos do bezerro para reposição, Silva diz que a estratégia agora será comprar vacas e produzir dentro da própria fazenda, em linha com as estimativas traçadas por outros pecuaristas de que a tendência da região é se voltar para a cria.
Ao DCI, o coordenador do Rally da Pecuária e sócio da consultoria Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, concorda que o fornecimento de animais tende a ser a principal atividade de municípios como Juína e explica que, neste momento de alta para os preços do milho sem perspectiva de queda no curto prazo, vender o gado para o confinamento é um negócio atrativo para o pecuarista.
Vamos ter que encarar o milho alto. Só que isso se torna um problema quando o produtor começa a desacelerar os níveis de tecnologia no ciclo produtivo em função dos preços altos do milho, para diminuir custos , alerta Nogueira.
Fonte: DCI

Fonte: Canal do Produtor



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