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POR UM NELORE MELHOR

Ele é rei inconteste. Ninguém questiona que o Nelore, raça de origem indiana introduzida no Brasil em 1868, seja a base da pecuária brasileira. Rústico, fértil e adaptado ao calor, ele domina o território nacional.Estima-se que, dos 211 milhões de bovinos existentes no País, 190 milhões (90%) sejam zebuínos e, destes,152 milhões tenham genética predominantemente Nelore. A raça sozinha responde por quase 72% da produção nacional de carne, que em 2014 chegou a 10,2 milhões de toneladas.

Nas últimas décadas, contudo, a pressão por maior produtividade na pecuária vem exigindo um novo perfil genético e econômico da raça. Qual seria esse Nelore do futuro? Quais os grandes desafios impostos aos selecionadores para se atingir o padrão desejado pelos frigoríficos?

Especialistas consultados por DBO são unânimes: os dois principais pontos a melhorar no Nelore são a precocidade (sexual e de acabamento) e a maciez da carne.

- O futuro do Nelore passa, necessariamente, por essas duas vertentes, responsáveis diretas pela produção de carne de qualidade, com eficiência ambiental e econômica – afirma Raysildo Lôbo, presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP).

Representantes da indústria são da mesma opinião. Para Fabiano Tito Rosa, gerente executivo de compra de gado da Minerva Foods,

- O que os frigoríficos desejam é abater cada vez mais animais Nelore com 18@ aos 24 meses; bovinos jovens, pesados, que forneçam carne relativamente magra e macia – afirma ele.

Eduardo Pedroso, diretor de relacionamento com pecuaristas da JBS, vai além.

- O desafio atual e futuro dos neloristas é produzir boiadas precoces, homogêneas e bem acabadas, que forneçam cortes nobres com maior valor agregado – afirma Pedroso.

Segundo ele, o principal fator que restringe o preço da carne Nelore é o contrafilé ainda duro.

- A maciez precisa estar no radar dos selecionadores – alerta.

Evolução genética

Nessa área, o melhoramento da raça ainda engatinha mas, em precocidade, o Nelore evoluiu muito. Na década de 1990, a idade média de abate dos machos era de 4 anos; nos anos 2000, caiu para 3,5 e agora caminha para os 3 anos. As fêmeas entravam em serviço com 36-40 meses, parindo pela primeira vez por volta dos 4 anos de idade. Na virada do século, passaram a ser expostas a touros aos 3 anos e, atualmente, diversos plantéis já desafiam novilhas aos 12-14 meses, para que tenham a primeira cria aos 2 anos.

O próximo passo é encurtar a distância entre os resultados obtidos nesses projetos pioneiros e a base do rebanho.

- O Nelore não é tardio. O Nelore stá tardio, por falta de alimentação adequada e pouco uso de genética melhoradora – diz José Bento Stermann Ferraz, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, Campus de Pirassununga. 

Fonte: Portal DBO



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