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PER faz planos e negócios rurais saírem do papel para a realidade

Os caminhos
que levaram o Paraná a conquistar marcas como as de maior produtor de frangos e
vice-campeão nacional na soja, leite e suínos não aconteceram por acaso. Além
de avanços científicos, melhorias na infraestrutura e muita dedicação em todos
os elos da cadeia produtiva, também vale destacar o perfil do produtor
estadual. O espírito empreendedor é frequentemente reconhecido como um
diferencial para o agronegócio paranaense.

Há 16 anos,
esse aspecto tem no Programa Empreendedor Rural (PER) um dos seus maiores
impulsos. Por meio da parceria entre o Sistema FAEP/SENAR-PR, Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PR) e a Federação dos
Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Paraná (Fetaep), a iniciativa
tem alcançado, além de uma mudança de postura em relação aos negócios rurais,
inúmeros resultados práticos. São aumentos em índices de produção e
produtividade a partir de estratégias inspiradas em técnicas usadas em grandes
empresas e que comprovadamente geram resultados.

Esse cenário
fica bastante evidente na propriedade leiteira do casal Nico e Ellens
Biersteker, em Arapoti, na região Centro Oriental do Estado (veja foto na
página 7). Um gramado impecável, com trilhos pavimentados e estacionamento aos
visitantes já demonstram que tudo ali foi milimetricamente projetado. Um zelo
que só os empresários mais audaciosos conseguem empenhar em seus modelos de
negócio.

Isso vale
para tudo, desde o escritório, colado aos dois barracões de confinamento das
360 vacas Jersey, até a residência no segundo piso que permite ver em tempo
real os animais e o robô que faz a ordenha automaticamente 24 horas por dia. É
possível acompanhar, no modo visual, até mesmo as lavouras que servem de
alimento aos animais. A área agrícola ocupa 200 hectares em uma área que se
pode ver quase na sua totalidade de onde fica a propriedade, bem no alto de um
vale com uma paisagem de tirar o fôlego.

Há dois anos,
Nico, da área de engenharia de agrimensura, e Ellens, de administração e
psicologia, apostaram todas as fichas no negócio e seguem tocando a
propriedade. “Foi um desafio grande, porque eu conhecia o negócio de fora, pois
os dois somos filhos de produtores rurais. Mas é bem diferente ter um negócio.
Foram dois anos de preparação do projeto e um ano para a implantação”, lembra
Nico. “Fomos para a Europa conhecer modelos, sistemas diferentes e também
fizemos cursos de inseminação e na área de manejo”, reforça.

Além de formações específicas e o intercâmbio, Ellens também fez o Programa Empreendedor Rural (PER), que ajudou na formulação do projeto implantado. Com o planejamento desenvolvido foi possível calcular a necessidade de quatro ou cinco anos para que haja retorno do investimento. “O empreendedor precisa ter em mente que vai tomar decisões o tempo todo. Ainda, em muitos momentos, a gente não entende como é possível estar envolvido em tantas coisas ao mesmo tempo. Aí a necessidade de ter um embasamento teórico, saber como organizar tudo para poder ter essa visão do todo, de como estão funcionando as coisas”, compartilha a empresária, cuja participação no curso do SENAR-PR inspirou o marido, que fez o curso neste ano, já em seu novo formato.

Negócios consolidados

E não é apenas para quem quer implantar uma nova atividade que o PER demonstra ser de grande ajuda. No caso do produtor Wilko Laurens Verburg e da esposa Ana Cristina de Geus Los Verburg, também de Arapoti, a formação promoveu melhorias importantes para que a leiteria, há décadas em funcionamento, voltasse a um cenário de viabilidade econômica. Depois de Ana fazer a formação voltada ao empreendedorismo, Wilko também fez cursos na área de manejo. O conhecimento promoveu reflexões sobre as práticas, a ponto de o casal adotar mudanças na criação de bezerras.

Wilko Laurens Verburg e Ana Cristina de Geus Los Verburg fizeram o curso do Programa Empreendedor Rural e implantaram melhorias na propriedade leiteira

“Nós
estávamos com uma taxa de 20% de mortalidade de bezerras, pois estava errada a
forma como fazíamos antes”, lembra Wilko. “No primeiro ano, a mortalidade caiu
de 20 bezerras para apenas uma. Isso deu um outro ânimo. Antes parecia que
podia fazer o tratamento que fosse, mas podia saber que ia morrer. As mudanças
que fizemos com base no conhecimento aprendido durante as formações do SENAR-PR
nos ajudaram muito”, completa o produtor.

Hoje, Wilko
cuida da parte de manejo e Ana da parte de gestão, tarefa feita com o auxílio
de um software. “Uma das coisas mais gratificantes é perceber que essa mudança
de postura, com o auxílio dos cursos, está sendo passada entre os próprios
funcionários. Alguns, que estão há mais tempo e lembram de como era, reconhecem
que as novidades ajudaram a resolver aqueles impasses que ficaram no passado”,
conta Ana.

Resultados que vêm da terra

Uma das
capacidades do PER é promover a autonomia dos seus participantes, para que
possam, por conta própria, desenvolver novas ideias de negócio. Um exemplo
claro disso pode ser percebido na história do casal João Basso e Maria Saggin
Basso, de Capanema, no Sudoeste do Paraná.

Desde a
década de 1980 na mesma propriedade rural, com 42 hectares cultiváveis, eles
plantam soja, milho e trigo. Mas somente quando participaram do PER, em 2016,
resolveram aprimorar seu sistema produtivo, com a implantação de técnicas de
agricultura de precisão.

“Quando
desenvolvemos o projeto do curso, pelo SENAR-PR, nossa ideia era agricultura de
precisão, então fizemos todas as pesquisas. Mas, na nossa região, o que
dificulta é a falta de implementos que fazem a distribuição de taxas
variáveis”, lembra João. “Para seguir com nosso objetivo, com mais
rentabilidade e produção, a gente partiu para uma correção de solos, a partir
da análise. Já temos resultados a partir disso”, revela o produtor.

A busca pela
melhoria na produtividade também tem vistas a garantir um futuro melhor para o
filho, que largou a carreira na área de informática, na cidade, para dar sequência
à atividade dos pais na área rural. “Temos um filho que mora aqui no sítio que
fez o curso Herdeiros do Campo [outra capacitação do Sistema FAEP/SENAR-PR],
junto com o pai. Estamos tocando o barco, pois ele pretende dar sequência. Diz
ele que a vida no campo é muito melhor que a da cidade”, compartilha Maria.

Programa ajuda na diversificação dos
projetos

O
conhecimento que faz brotar novas ideias na cabeça dos produtores também vale
para culturas executadas em espaços menores. Odair Gimenes, por exemplo, é um
produtor de hortaliças em Alto Piquiri, no Noroeste do Paraná. Mas nem sempre
foi assim.

Antes, seu
ramo de atividade era a agricultura. Participou do PER em 2003 e, baseado no
projeto que elaborou, passou a investir em hortaliças. Atualmente, possui oito
estufas, cada uma com 200 metros quadrados, nas quais cultiva, sobretudo,
alface. Também está nos planos aumentar a produção de tomates, na qual tem
investido e feito testes com resultados promissores.

“Quando fiz o
curso do PER, estava começando na atividade agrícola e pude aproveitar para
aplicar o projeto na prática. Tenho uma área pequena e mesmo assim consigo
produzir e abastecer vários mercados na região. O projeto foi baseado nisso e,
posteriormente, fui estudando, com parceiros, para investir em hidroponia para
ter uma verdura de qualidade. Optei por começar devagar, uma estufa de cada
vez, com financiamento nas primeiras e, depois com o lucro, fazendo novos
investimentos”, relata o produtor.

Diogo Belin também viu uma oportunidade de aplicar o projeto que desenvolveu no PER na propriedade dos pais, que são produtores de tabaco

No Centro-Sul
do Paraná, Diogo Belin também viu uma oportunidade de aplicar o projeto que
desenvolveu no PER na propriedade dos pais. Como produtores de tabaco, volta e
meia a seca levava embora parte da produção. Com apoio da família, Diogo
desenvolveu uma proposta de sistema de irrigação por meio do PER. “Vimos que
era viável implantar e fizemos. Na safra anterior a irrigação, em 2017, a
produção em 120 mil pés de tabaco foi de 14 mil quilos. No ano passado, com os
mesmos 120 mil pés, chegamos a 22 mil quilos”, conta.

O efeito, no caso desse projeto específico, também abrangeu o sistema produtivo da propriedade como um todo da propriedade. Antes, sem irrigação, era preciso perder a janela ideal de plantio. “Para nós, o fumo de melhor qualidade é o plantado no fim de julho e começo de agosto, período de pouca chuva por aqui. Agora conseguimos antecipar o plantio de tabaco. Assim, podemos usar a mesma área para fazer uma safrinha de feijão. Melhorou em vários aspectos”, compartilha Diogo.

Leia mais notícias sobre o agronegócio no Boletim Informativo.

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Fonte: Sistema FAEP



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