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“O PR sai na frente e monta a maior rede para estudar os processos erosivos”

O Paraná é destaque no trabalho de conservação do solo e da água. Além de ser berço do Sistema de Plantio Direto (SPD) no Brasil, o Estado encampou diversas iniciativas de preservação dentro da porteira, como a criação da Rede Paranaense de AgroPesquisa e Formação Aplicada (Rede AgroPesquisa) que promove inovação e pesquisa no ambiente produtivo paranaense. Por meio dessa ação foram realizadas 35 pesquisas de campo, abrangendo todas as regiões do Estado, que mobilizaram 150 pesquisadores envolvendo a temática do manejo e conservação da água e do solo.

Recentemente, os resultados dos estudos foram reunidos no livro “Manejo e conservação de solo e água”, lançado dia 22 de agosto, que deve se tornar referência para acadêmicos, pesquisadores, professores, técnicos de campo e, claro, produtores rurais do Brasil.

Para Graziela Moraes de Cesare Barbosa, uma das editoras da publicação, o livro aproxima a academia do produtor rural, que vai poder conhecer as eventuais perdas na sua lavoura e aplicar o estudo na propriedade. Leia a entrevista que Graziela concedeu à revista Boletim Informativo:

Graziela Moraes de Cesare Barbosa, uma das editoras da publicação “Manejo e conservação de solo e água”, discursa durante lançamento do material na sede do Sistema FAEP/SENAR-PR

Qual o sentido de reunir as pesquisas sobre água e solo e seus resultados em um livro?

O livro mostra que é possível trabalhar em rede usando uma mesma metodologia. As metodologias, a forma da escolha de todos os parâmetros que usamos para esse monitoramento dos eventos de chuva e como correlacionamos as informações estão reunidos nesse livro para que qualquer outra entidade de ensino e pesquisa possa replicar essas metodologias, não só no Paraná como em outras regiões do Brasil.

A quem se destina essa publicação?

Principalmente a professores, estudantes e pesquisadores que querem replicar essa metodologia em outros locais. O livro não é diretamente voltado ao produtor rural, mas permite que outros estudos sejam feitos usando a mesma metodologia, possibilitando futuras comparações de dados.

Como foi estruturada essa rede de pesquisadores que desenvolveu os trabalhos?

Já em 2015, começaram as primeiras negociações. Na época, o Núcleo Paranaense de Ciência do Solo (Nepar), o Sistema FAEP/SENAR-PR e o IDR-Paraná começaram a verificar que diversos produtores estavam com problema de conservação de solo e muitos processos erosivos acontecendo no campo. Isso suscitou esse tema: como melhorar o manejo de conservação de solo e de água no Paraná? Fizemos várias reuniões que deram origem ao Prosolo [Programa Integrado de Conservação de Solo e Água], que trabalhou essa demanda dos produtores e da pesquisa científica, de como poderíamos resolver esse problema e dar um retorno à sociedade.

Por que a escolha do tema manejo e conservação de solo e de água?

A escolha do tema ocorreu por meio do Prosolo, que por sua vez deu origem à Rede AgroPesquisa. O tema refletia a situação em que o Paraná se encontrava na época, com muitos processos erosivos. As chuvas de 2014 e 2015 geraram muitos problemas de conservação de solo. Então, tivemos a demanda do setor produtivo para resolver esse problema.

De modo geral, o que essas pesquisas revelaram sobre a conservação de solo e água no Paraná?

Os resultados preliminares mostram que o problema está no manejo das lavouras. O Plantio Direto feito hoje pelos produtores não dá conta de segurar a água no sistema. Estamos com problema de compactação de solo na maioria das regiões, e como a água não infiltra, os produtores estão tendo perdas de solo e de água. O que temos visto nos resultados preliminares é que não basta fazer práticas mecânicas de conservação, que seriam os terraços. Precisamos melhorar o manejo desse solo, realizando um Plantio Direto com qualidade, obedecendo os três princípios: máxima cobertura do solo, mínima mobilização nas épocas de plantio e inserção de rotações de cultura. Se não melhorar esses três parâmetros, não adianta colocar terraço.

Muito se fala da distância existente entre a pesquisa acadêmica e a realidade do campo. De que modo o trabalho da Rede AgroPesquisa aproxima esses dois universos?

É exatamente isso que procuramos fazer. Estamos em áreas de produtores, ou seja, quem faz o manejo é o produtor. Ele que planta e colhe. Nós somente monitoramos os eventos de chuva e, a partir daí, quantificamos a vazão, a perda de solo, água e nutrientes. Quando se faz uma pesquisa dentro da universidade e/ou órgão de pesquisa, o produtor não se enxerga ali. Mas quando ele faz o trato cultural na área dele, é a realidade dele. Esse é um dos grandes resultados da rede: a aproximação com o homem do campo!

Que benefícios práticos os resultados dessas pesquisas vão trazer aos produtores rurais paranaenses?

O produtor vai verificar que o manejo na lavoura dele pode ser melhorado. O monitoramento dos eventos de chuva mostra a quantidade de sedimento, água e nutrientes que está sendo perdido nas lavoras. Com os valores dessas perdas, o produtor consegue avaliar e repensar.

Qual o legado que essas pesquisas deixam para o Paraná?

O Paraná sempre foi referência, tanto na origem do Sistema de Plantio Direto, como o primeiro Estado a ter uma lei de uso e conservação do solo no país. Novamente, o Paraná sai na frente e monta a maior rede de AgroPesquisa para estudar os processos erosivo em grandes escalas, coisa que comumente não ocorre dado a complexidade desses estudos. Desse modo, o Paraná traz à tona essa discussão e serve de exemplo para o resto do país.

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Fonte: Sistema FAEP



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