cana de açúcar

NEGÓCIO DA CHINA

Quando a maioria das notícias converge para o negativismo em relação à economia do Brasil, eis que aparece algo de bom no horizonte. É que a China tem reservas trilionárias de dólares, graças ao seu ímpeto exportador dos últimos 20 anos, e quer aplicar no Brasil. Claro, atualmente, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês tem previsão de crescer “apenas” 7% em 2015, quando ele aumentava em até 11% ano. Por isso, há que diversificar aplicações dessas reservas, e, para o Brasil, sobrou um novo olhar dos mandarins.

A partir desta segunda-feira, estará no Brasil o primeiro-ministro da China, Li Keqiang. Quer ampliar acordos em vários setores, incluindo na infraestrutura do País, e acertar a passagem de ferrovia ligando o Atlântico ao Pacífico. O interesse é por ferrovias, energia e agricultura. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, especialmente em razão do forte apetite do país asiático por commodities como soja e minério de ferro. Em abril passado, o Banco de Desenvolvimento da China abriu uma linha de crédito de US$ 3,5 bilhões para a Petrobras. Novas parcerias vêm em boa hora, pois as contas nacionais estão exauridas, e o PIB para 2015 deverá, segundo previsões, encolher 1%. Da mesma forma, o Fundo Monetário Internacional (FMI), em função disso, prevê que a nossa economia cairá do sétimo para o oitavo lugar no mundo, com a Índia, um dos integrantes do grupo Brics, passando à nossa frente.

Mesmo com os seus problemas internos, um dos quais parecido com o que ocorre no setor imobiliário brasileiro, os chineses planejam muito, com a sua cultura milenar de ouvir mais, falar pouco e pensar bastante, em como dar o próximo lance. Analistas dizem que as tentativas do governo chinês de recuperar o mercado imobiliário do país por meio de estímulos ofereceram certo alívio em abril, mas o fôlego é limitado e não deve durar. De acordo com eles, a solução para o setor não está na demanda, mas, sim, na oferta.

Para Mark Williams, economista-chefe para a Ásia da consultoria Capital Economics.

- O problema é que estão sendo construídos imóveis demais em comparação com o aumento da demanda dos consumidores. Medidas de estímulo podem ajudar um pouco, mas não resolvem o problema de excesso de oferta – disse.

A saída, aponta Williams, é desacelerar as construções para chegar a um alinhamento com a demanda.

Não é bastante parecido com o cenário brasileiro, no qual os preços das moradias subiram, e o mercado comprador, tudo indica, não tem mais capacidade financeira, embora muita vontade, de comprar imóveis? Em 2014, as vendas de apartamentos na China caíram 7,8% em relação a 2013.

No primeiro trimestre deste ano, o recuo foi mais acentuado, de 9,2% ante igual período do ano passado. Para promover uma recuperação, o governo adotou medidas para reduzir os custos de financiamento, como a diminuição do percentual mínimo exigido para dar de entrada na compra do segundo imóvel, de 60% para 40%.

Além disso, a taxa referencial de juros foi cortada em três oportunidades desde novembro, e hoje está em 5,1%. A preocupação do governo se justifica. O mercado imobiliário é considerado um dos motores da economia chinesa, que cresceu 7,4% em 2014, o ritmo mais lento em 24 anos.

As medidas do governo tiveram algum resultado, e as vendas de imóveis avançaram 16% em abril. Mas o que interessa diretamente para nós é a confirmação de investimentos chineses no Brasil. Com a presença do primeiro-ministro em Brasília, a esperança só aumenta.

Fonte: Jornal do Comércio



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