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LEITE PODRE

O Ministério Público (MP) descobriu nos Campos de Cima da Serra um esquema comandado por uma transportadora que recolhia leite vencido e azedo. A 9ª etapa da Operação Leite Compensado ocorreu esta manhã (17/09) em Esmeralda, no nordeste gaúcho – município distante 65 quilômetros de Vacaria. Foram realizadas cinco buscas com apreensão de quatro caminhões da transportadora Márcio Fachinello ME. O dono da empresa, Márcio Fachinello, e três motoristas foram presas. O empresário negou qualquer tipo de adulteração. Já os profissionais admitiram que eram orientados a adicionar um “óleo” ao leite vencido que era recolhido. Conforme o MP, esse “óleo” na verdade era bicarbonato de sódio. A suspeita é de que eles coletavam leite até sete dias após a ordenha feita pelos produtores rurais, enquanto o normal seria no máximo dois dias. Para mascarar o produto vencido que acaba deteriorando, ficando mais ácido e perdendo os nutrientes, os envolvidos na fraude colocam bicarbonato de sódio na hora da análise físico-química. O resultado positivo de adulteração foi constatado na análise e em quatro coletas.

- O leite vencido ou azedo, que é mascarado para passar na análise, é o mesmo leite que a dona de casa vai ferver e, apesar de estar dentro da validade, começa a talhar – revelou na coletiva à imprensa o promotor de Defesa do Consumidor, Alcindo Bastos.

O MP também suspeita da adição de água para aumentar o volume do leite. A transportadora, investigada há quatro meses, recolhia diariamente entre 40 mil e 50 mil litros de leite em diversos municípios dos Campos de Cima da Serra.

Os envolvidos serão denunciados por crime organizado, prática comercial abusiva e adulteração de produto alimentício.

A operação também vistoriou o laticínio Unibom, no município de Água Santa. Apesar de não ter sido encontrado indícios de participação da indústria e de não ter mandado de busca no local, os agentes foram até a empresa porque ela recebe leite de uma distribuidora de Esmeralda.

 Consumidores perceberam o leite adulterado

As reclamações de consumidores aumentaram e sempre com o mesmo problema: produtos com validade de quatro meses começaram a estufar as embalagens com pouco mais de dois meses após a data de fabricação. Segundo o promotor Alcindo Bastos, esse é um sinal de grande quantidade de acidez, que leva o leite a azedar.

O promotor ainda destaca que é obrigação dos transportadores verificarem temperatura e acidez do produto antes mesmo de levar a um posto de resfriamento, que é o ponto intermediário entre produtor e indústrias. No entanto, para obter lucro maior ao buscar leite de mais produtores do que conseguem atender normalmente, alguns produtos passam do período normal da coleta e acabam deteriorando.

Agora os promotores vão rastrear as empresas que industrializaram esse leite adulterado e divulgar as marcas. Já se sabe que esse leite foi distribuído em São Paulo, Espírito Santo e no Rio Grande do Sul.

Foto: Jornal Pioneiro



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