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Dia da Mulher: lideranças femininas fazem a diferença no campo do Paraná

Não é de hoje que as mulheres vêm conquistando espaço no
agronegócio paranaense. Elas marcam presença maciça em todas as frentes, da
gestão das propriedades à lida no campo, a ponto de serem mais do que
indispensáveis para o setor rural. Essa participação, em boa medida, está
diretamente relacionada à atuação do SENAR-PR. Só no ano passado, mais de 43,2
mil mulheres frequentaram cursos da entidade, oferecidos em todos os municípios
do Paraná. Além disso, há programas voltados para o público feminino, como o Mulher
Atual.

O papel decisivo das mulheres, cada vez mais, tem se
expandido para além da porteira. Hoje, o público feminino vem exercendo papel
de liderança no setor agropecuário, seja na direção de sindicatos, seja
trabalhando diretamente nas entidades que representam o setor produtivo. Um bom
exemplo desta representatividade são as seis mulheres que ocupam o posto de presidente
em seus respectivos sindicatos rurais. É por meio delas que o Boletim Informativo
do Sistema FAEP/SENAR-PR celebra o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8
de março, e dá os parabéns à força feminina que move o campo.

Helvetia Rother (Renascença)

Diferentemente de outras mulheres que ingressaram no meio
rural ao longo da vida, a produtora Helvetia Maria Rother sempre esteve
envolvida com a agropecuária. Filha de agricultores gaúchos, Helvetia
desembarcou no município de Renascença, na região Sul do Paraná, ao lado do
marido, em 1974, em busca de terra para plantar.

“Na época não havia mais área para comprar no Rio Grande do
Sul. Decidimos vir para o Paraná e aqui começamos plantando soja em 12
hectares”, relembra. “Sempre ajudei nas atividades. Já dirigi muita
plantadeira”, complementa. Após alguns negócios em busca de mais área para o
cultivo, atualmente, Helvetia e o marido dedicam 62 hectares ao plantio de
grãos.

A relação com o sindicato rural local começou tempos depois.
Diante da necessidade de se aprimorar, Helvetia passou a fazer alguns cursos do
SENAR-PR. Reconhecendo o importante trabalho da entidade na região, acabou por
se associar em 2006. Desde então, sempre foi ativa no dia a dia do sindicato.
Até que em 2011 passou a fazer parte da diretoria e, em 2014, assumiu o cargo
de presidente.

“O número de mulheres ainda não é tão expressivo como dos
homens. Mas, cada vez mais, as mulheres estão interessadas em participar,
tomando a frente da liderança”, aponta Helvetia.

Alzira Kiyoe Hayashi (Uraí)

Alzira Kiyoe Hayashi se reaproximou do campo em 1995.
Nascida e criada em meio rural, no município de Uraí, no Norte do Paraná, ela
havia se mudado para Curitiba, onde trabalhava como técnica em segurança do
trabalho e se formou em marketing e propaganda. Mas o pai de Alzira adoeceu, o que
fez com que ela retornasse a Uraí para gerenciar a propriedade rural da família.

“Eu voltei por necessidade. Como meu pai adoeceu, eu
precisava ajudar”, disse a produtora rural. “Na tradição dos japoneses, quem
assume [a propriedade] é sempre o filho mais velho. Aqui foi o contrário: eu
sou a caçula de quatro filhos e eu que vim gerenciar o negócio”, acrescentou.

Na ocasião, Alzira já pôs a mão na massa e passou a conduzir
a propriedade de 43 hectares, onde plantam soja, trigo e milho. Paralelamente,
ela encarou jornada dupla, trabalhando como gerente de uma agência bancária no município.
E sua atuação no banco – ao longo de 12 anos – a aproximou de líderes rurais e
da direção do Sindicato Rural de Uraí. Como ela também era produtora, passou a
exercer atuação também como uma líder agropecuária. Há um ano e meio, foi
eleita presidente da entidade.

“Eu fui me envolvendo cada vez mais com o Sindicato Rural.
Hoje, faz mais de 15 anos em que eu participo ativamente da diretoria. Ser
presidente é uma consequência de todo esse trabalho que fiz ao longo desses
anos”, disse. “Hoje, temos três mulheres na diretoria do sindicato. O restante
são homens. É um trabalho difícil, tem que assumir responsabilidades e requer
muita dedicação”, apontou Alzira, que tem 59 anos.

Cheia de energia, a presidente planeja continuar exercendo
atuação em defesa dos produtores rurais. Ela espera que, cada vez mais, outras
mulheres também se sintam estimuladas a participar do processo de liderança. “A
dificuldade é a própria mulher descobrir que é capaz de estar em um posto de direção.
Hoje, ela ainda tem medo por causa do preconceito.

Tem muito homem que ainda não aceita muito. É uma luta. Eu não
nasci líder, eu me tornei líder ao longo da vida, pelo meu caminho e pela
necessidade”, disse. 

Adriana Kuhnem Warmling de Melo (Alto Paraná)

A produtora rural Adriana Kuhnen Warmling de Melo, de 38
anos, carrega o campo em seu DNA. Filha de produtores rurais, ela nasceu em uma
família que já se dedicou a diversas atividades, da agricultura à pecuária de
leite e de corte, em Alto Paraná, Noroeste do Estado. Apesar de toda essa
ligação com o campo, ela já sonhou em tocar sua vida na cidade. Chegou a se
formar em turismo e hotelaria e a fazer planos de ir embora. Mas seis anos
atrás, o falecimento do pai, Dionísio Warling, acabou provocando uma mudança de
planos.

“Eu sempre acompanhei meu pai. E isso me trouxe de volta.
Com meus irmãos, fomos assumindo a cabeça das coisas”, disse. “Não foi uma
dificuldade para mim. Eu sempre gostei do meio rural, sempre ajudei. E o que
aprendi na faculdade, principalmente na área administrativa, uso aqui”, apontou
Adriana, que é casada com produtor rural e mãe de dois filhos.

Hoje, Adriana é uma das gestoras da propriedade, em que produzem
laranja (em 60 hectares) e seringueira (25 hectares). Apesar das
responsabilidades, aos poucos, foi se tornando uma líder rural. E a aproximação
dela com o Sindicato Rural de Alto Paraná ocorreu a partir das dezenas de
cursos do SENAR-PR, que ela frequentava desde adolescente.

“Desde pequena eu faço cursos do SENAR-PR e sempre participei.
O serviço de escritório da nossa propriedade sempre foi feito no sindicato.
Sempre tivemos essa relação profissional. Eles foram me chamando para
participar. Aí, cheguei à presidência”, contou.

Segundo Adriana, só dentro do sindicato é que ela pôde perceber
a importância do sistema sindical e a infinidade de conquistas que FAEP, CNA e
sindicatos vêm auferindo nos últimos anos, em benefício do produtor. Para ela,
o maior desafio é fazer o produtor entender esta dinâmica. “Sozinho, o produtor
rural não tem força nenhuma. Se não fossem as conquistas dos sindicatos, FAEP e
CNA, a atividade seria inviável para muitos agricultores”, resumiu.

Quanto à participação feminina, a presidente considera que
esteja estável em relação aos últimos anos, mas com um grande potencial de aumentar.
“As mulheres têm um olhar mais detalhista. Mas a gente ainda esbarra na questão
cultural. Ainda têm muito a visão de a mulher ficar cuidando da casa, enquanto
o homem vai para a roça. Tem muito espaço para crescer. Não é fácil mudar essa
cultura, mas temos programas ótimos, como o JAA [Jovem Agricultor Aprendiz] e o
Agrinho, que vêm mudando a cultura dos jovens”, disse.

Tereza Patek Roman (Juranda)

A produção agrícola sempre teve espaço significativo na vida
de Tereza Patek Roman. Filha de agricultores, em 1990 ela se casou com o
produtor rural Antônio Roman. Logo, passou a ajudar o marido na propriedade da
família, de cerca de 65 hectares, em Juranda, no Centro-Oeste do Paraná. “Eu
ajudava em tudo. Cuidava da casa, dava assistência no que meu marido
precisasse, mexia na horta e lidava com um pouco de gado, que a gente também
criava” contou Tereza.

Com o passar do tempo, a produtora rural passou a acompanhar
o marido em reuniões do Sindicato Rural de Juranda, do qual ele fazia parte.
Paralelamente, começou a frequentar cursos do SENAR-PR, oferecidos na região.
Com a morte do marido, Tereza continuou próxima do sindicato e seguiu o caminho
que lhe parecia natural: tornou-se uma líder do campo.

“Meu marido sempre foi muito ativo no sindicato, era da
diretoria. Eu acho que acabei pegando o gosto dele. Hoje, faz 12 anos que
participo da diretoria”, disse Tereza, que tem 61 anos.

A liderança chegou a tal ponto que, se tornou presidente do sindicato
rural. Ao mesmo tempo, não deixou de fazer cursos. O último foi o de Liderança
Rural, concluído no ano passado. E Tereza não quer parar por aí. Pretende
continuar trilhando o caminho da representatividade e, de quebra, incentivando
mais mulheres a participarem da direção.

Na avaliação da presidente, hoje, o público feminino é
indispensável ao agronegócio. Tanto que, segundo ela, os cursos ofertados pelo
SENAR-PR no município têm tido participação majoritária das mulheres. Além
disso, ela aponta que mulheres também têm feito a diferença no sindicato rural
e nas propriedades da região.

A participação das mulheres é excelente. Tanto que temos turmas
só de mulheres. Aumentou bastante e vejo que deve aumentar ainda mais”,
avaliou. “Hoje, se você for ver, tem mulher que administra a propriedade, que
opera colheitadeira, que comercializa, que faz plantio. Estamos em todas”,
disse.

Ana Thereza da Costa Ribeiro (Porecatu)

A presidente do Sindicato Rural de Porecatu, Ana Thereza da
Costa Ribeiro, também teve a vida voltada para a atividade rural. Neta e filha
de produtores, sempre esteve envolvida com os “fazeres” na propriedade da
família. E, como não poderia ser diferente, acabou por optar em cursar a
faculdade de engenharia agronômica.

Há alguns anos, por conta de alguns golpes da vida, com o falecimento
do pai, assumiu a gestão da propriedade, ao lado das duas irmãs e da mãe. Numa
área de 911 hectares, os Ribeiros produzem grãos, cana-de-açúcar (entregue para
uma usina da região), pecuária de corte, por meio da integração com floresta.

“Uma das minhas irmãs é veterinária. Então, nós duas estamos
sempre na linha de frente, acompanhando de perto todo os serviços”, diz Ana
Thereza.

Para aprimorar o conhecimento e, consequentemente, a gestão
da propriedade, Ana Thereza realizou alguns cursos no sindicato rural local,
ainda quando era apenas uma associada. Porém, o seu dinamismo fez com que
surgisse um convite, em 2005, para se candidatar à presidência da entidade. “Eu
tinha contato com o sistema sindical por conta dos cursos e treinamentos.
Então, na véspera da eleição, me convidaram. Na época, eu e outros dois jovens
topamos o desafio”, relembra, hoje, presidente.

Nos primeiros anos de mandato, até preparar a equipe, a própria
presidente era quem fazia a mobilização dos cursos, a aula de abertura
acompanhava os instrutores do SENAR–PR. De forma paralela, Ana Thereza
articulava com entidades parceiras e representantes dos poderes municipais ações
e serviços de interesse dos produtores rurais do município e região.

“Sempre procurei ser bastante ativa. É importante esse papel
atuante para conseguir defender os interesses dos produtores. Tanto que o nosso
sindicato sempre teve uma boa relação com todos”, ressalta Ana Thereza.

Lisiane Rocha Czech (Teixeira Soares)

Neta de produtores rurais, a agrônoma Lisiane Rocha Czech
passou a maior a parte da infância e adolescência no campo, em Teixeira Soares,
região Centro-Sul do Paraná. Na época, morava e estudava em Curitiba, mas a
relação próxima fez com que criasse gosto pela vida rural e pelas atividades da
família. “Desde sempre eu falava que ia estudar Medicina Veterinária ou
Agronomia. Eu brinco que meu primeiro negócio foi ainda criança, quando troquei
uma bicicleta antiga que não me servia mais por uma leitoa”, conta.

Com 22 anos, após terminar a faculdade em Ponta Grossa,
recebeu um pedaço de terra do pai e mudou-se para Teixeira Soares. Ali, também,
deu início – oficialmente – ao seu próprio negócio, abrindo um escritório de
planejamento agrícola. “Na época, os agrônomos que atendiam o município eram
todos de fora. Quando abri o escritório, houve um estranhamento pela minha cara
de menina. Devagar, fui começando os projetos, o primeiro foi para os nossos
vizinhos de propriedade. Como eu era a única agrônoma da cidade atendendo,
cheguei a fazer 100% das áreas”, compartilha Lisiane, hoje com 50 anos.

Com o trabalho na propriedade e no escritório, Lisiane foi se
envolvendo com os produtores sindicalizados na região, o que resultou na sua
primeira atuação direta no Sindicato Rural de Teixeira Soares. Com 29 anos,
participou do conselho fiscal e, nos anos seguintes, foi vice-presidente por duas
gestões. “Eu representava bastante o então presidente nas viagens, assembleias
e outros eventos, foi quando comecei a participar mais ativamente. Quando teve
eleição [em 2008], decidi que não queria ser mais vice e, sim, presidente”,
afirma a produtora, recentemente reeleita para seu quarto mandato.

Fazer a diferença na comunidade é um dos princípios de Lisiane.
Enquanto líder rural no município, também passou a incentivar a participação de
outras representantes femininas. Atualmente, cinco mulheres fazem parte da
diretoria do sindicato – duas são fruto do Programa Mulher Atual e uma do
Programa Empreendedor Rural (PER).

“A mulher tem que fazer parte do setor rural, não é só um ambiente masculino. Aqui no nosso município temos parcerias com empresas que fazem um trabalho com as mulheres. Eu percebo que elas são meio tímidas ainda, talvez por estarem em minoria ou pelo receio de se manifestar, mas isso está mudando e a participação está crescendo. A mulher tem que estar junto para saber o que está acontecendo, tem que ser uma parceria”, destaca. “Eu sempre digo que a gente tem que mostrar mais serviço para ganhar espaço, por isso que me dediquei tanto. Tive que dar um jeito de dividir meu tempo entre casa, escritório e fazenda, mas deu certo, eu sou uma apaixonada pelo campo”, complementa.

Leia mais notícias sobre a agropecuária do Paraná no Boletim Informativo.

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Fonte: Sistema FAEP



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