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DEFENSIVOS: PROIBIÇÃO DICAMBA

Autoridades do setor agrícola de Arkansas, nos Estados Unidos, decidiram levar adiante seus planos de proibir a aplicação do herbicida dicamba no Estado durante o período de desenvolvimento das lavouras no ano que vem. A decisão foi tomada após uma audiência nesta quarta-feira, 8, para discutir controles mais rigorosos para o herbicida, desenvolvido pela Monsanto. A proposta agora será enviada a uma subcomissão de legisladores estaduais para aprovação final.

O Conselho de Defesa Vegetal de Arkansas quer proibir o uso de dicamba de meados de abril até o fim de outubro do ano que vem para proteger as plantas. Autoridades também se recusaram a aprovar o produto específico da Monsanto para uso no Estado, alegando que serão necessárias análises mais aprofundadas de pesquisadores da Universidade de Arkansas. Isso pode reduzir as vendas do dicamba, fabricado pela Monsanto e pela Basf, e das sementes de soja geneticamente modificadas para resistir ao herbicida. O analista Jonas Oxgaard, do banco Bernstein, estima que o herbicida e as sementes podem gerar até US$ 350 milhões em lucro anual para a companhia. O diretor de estratégia da Monsanto, Scott Partridge, disse que este é mais um exemplo da “abordagem arbitrária” do Estado de Arkansas à regulamentação do dicamba, e que a companhia vai continuar lutando contra a proibição. Em outubro, a empresa entrou com uma ação contra o Estado de Arkansas para tentar impedir a proibição. Ao longo do último ano, a Monsanto começou a vender uma nova versão do dicamba para ser usada em conjunto com a nova soja geneticamente modificada da companhia. No entanto, produtores e pesquisadores dizem que o dicamba tende a se espalhar para campos vizinhos e é difícil de controlar. Somente em Arkansas, houve relatos de danos em mais de 360 mil hectares de lavouras de soja convencionais.

A Monsanto vem criticando algumas autoridades de Arkansas e acadêmicos envolvidos na pesquisa e na regulamentação do dicamba, acusando-os de serem parciais e de excederem sua autoridade.

- O processo que eles usaram em Arkansas é falho – disse Partridge. – Produtores precisam ter acesso a essa ferramenta. -

Agricultores em 25 Estados norte-americanos registraram mais de 2.700 queixas em agências agrícolas estaduais alegando que o dicamba causou danos em quase 1,5 milhão de hectares de soja convencional e em outras plantações, como de cantaloupe e de abóbora, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). Produtores agora estão tentando encontrar uma forma de evitar danos parecidos no próximo verão (do Hemisfério Norte), já que Monsanto prevê que a área semeada com a nova soja deve dobrar no ano que vem.

Além de Arkansas, Estados como Minnesota, Dakota do Sul, Dakota do Norte, Tennessee e Indiana estão discutindo restrições adicionais e a exigência de treinamento para aplicadores do herbicida. Em outubro, a EPA aprovou propostas da Monsanto e da Basf para tornar o dicamba um “pesticida de uso restrito”. Produtos de uso restrito podem ser usados somente por um aplicador certificado ou por alguém sob supervisão direta de um aplicador certificado. As companhias tinham sugerido a mudança por causa do “alto número de incidentes envolvendo danos em plantações relatados à EPA desde junho de 2017″, disse a EPA.

Apesar dos vários relatos de danos, produtores e pesquisadores disseram que muitos dos campos afetados se recuperaram, graças ao clima favorável durante a segunda metade do período de desenvolvimento. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projeta uma safra recorde de soja para este ano. O resultado poderia ter sido muito pior com clima mais seco, disseram pesquisadores.

Alguns agricultores estão se juntando a ações coletivas contra a Monsanto e a Basf, buscando compensação pelos prejuízos. As companhias estão contestando essas ações.

Fonte: Dow Jones Newswires



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