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Curso do SENAR-PR faz aluno se aprofundar no ferrageamento

O primeiro
contato de Wesley Menezes da Silva, o Tito, com o ferrageamento – aplicação de
ferraduras – em equinos ocorreu ainda aos 11 anos. Na ocasião, a família morava
em Sorocaba, cidade do interior de São Paulo, marcada pela influência do
tropeirismo, e onde o pai, Adir Moreira da Silva, tinha algumas cabeças de
cavalo. Percebendo que nunca faltava trabalho aos casqueadores e ferrageadores,
o pai ponderou que aquela poderia ser uma boa profissão para o filho.

“Ele [Adir
Silva] imaginou que era um serviço ensinado em uma universidade normal, em que
você fica três anos fazendo um curso. Aí ele me disse: ‘Quando você for maior
de idade, eu vou matricular você na universidade de cavalos, para você ser
ferrageador’. Eu sempre fiquei com aquilo na cabeça”, conta Tito, hoje com 32
anos.

Anos depois,
de volta a Jaboti, sua cidade natal no Norte Pioneiro do Paraná, Tito manteve
aproximação com o meio rural. Com as palavras do velho pai ecoando dentro de
si, em 2014, se deparou com o curso “Trabalhador na equideocultura:
casqueamento e ferrageamento”, do SENAR-PR, e que seria oferecido ali perto, em
Guapirama. Ao longo de quatro dias, ele aprendeu as noções básicas da profissão
pela qual acabou se apaixonando.

Universidade

Logo após o
curso, Tito passou a rodar pelas propriedades de conhecidos, se oferecendo para
ferragear cavalos de graça, para aprofundar os conhecimentos práticos. Eram
dois ou três animais por mês. No ano seguinte, investiu nas primeiras
ferramentas e já começou a atender profissionalmente. “Comprei bigorna,
marreta, fiz a primeira compra de ferraduras e aí começaram a aparecer animais
para ferrar”, relembra.

Desde então,
Tito tem adquirido cada vez mais conhecimento. Frequentou uma série de cursos,
inclusive com grandes expoentes da atividade, como Flávio Souza, graduado pela
American Farrier Association (AFB); Douglas Zangrande, da Associação dos
Ferradores do Brasil; e Luiz Gustavo Tenório, especialista que preparou os
cavalos brasileiros para provas de hipismo nas Olimpíadas. Com tanto
aprofundamento, quem diria que Tito não está, mesmo, cursando uma “faculdade de
cavalos”, como o pai dele previu?

“Eu acredito
que estou fazendo uma universidade, sim, porque o conhecimento a cada curso é
muito amplo e diverso. E o SENAR-PR foi o alicerce de tudo isso. Se você não
tiver um início bom, como o que o SENAR-PR dá, você não consegue subir. O
SENAR-PR foi a grande base”, diz.

Investimento

Hoje morando
em Pinhalão, Tito desenvolve suas atividades de ferrador de forma paralela a
sua profissão principal: soldado da Polícia Militar (PM). A intenção, no
entanto, é continuar se especializando, para que seu trabalho com os cavalos
seja sua principal ocupação, após a aposentadoria da corporação. Por isso, tudo
que ele ganha com o casqueamento e ferrageamento investe na própria atividade,
em novos cursos e ferramentas.

“Eu atendo de
20 a 30 animais por mês. Só não atendo mais porque não consigo dedicar mais
tempo à atividade. Mas minha meta é ficar só nisso”, ressalta Tito, que já
atende criadores de cerca de dez cidades do Norte Pioneiro. “Mas o
ferrageamento já é uma atividade, para mim, que se sustenta sozinha e que dá
dinheiro. Investi cerca de R$ 8 mil em ferramentas. Dinheiro que consegui neste
serviço mesmo. O Brasil tem seis milhões de cavalos. Ou seja, serviço tem
bastante. Só precisamos conscientizar o proprietário que cavalo precisa de
ferrageamento e manutenção”, acrescenta.

Casado, pai
de uma filha e com a esposa esperando mais um herdeiro, Tito só lamenta que seu
pai não tenha tido tempo de ver que o filho seguiu seu conselho e se dedicou ao
ferrageamento. Adir Silva faleceu em 2010, anos antes de Tito ter feito o
primeiro curso no SENAR-PR. O tempo e a disposição do rapaz, no entanto,
mostraram que o pai estava certo. “Eu sempre trouxe comigo o que ele disse.
Tanto que fui atrás e estou fazendo acontecer. Pena que ele não viu”, diz.

Atividade viabiliza uma boa renda extra

A capacitação
é ministrada ao longo de quatro dias, em turmas de até 15 pessoas. Ao longo da
capacitação, os alunos têm aulas sobre a anatomia do casco dos animais, as
ferramentas adequadas cada etapa a atividade e aprendem na prática a fazer o
casqueamento e o ferrageamento em equinos. Segundo o instrutor Éder Ribeiro da
Rosa, do SENAR-PR, as turmas são compostas tanto por criadores que querem
aplicar o conhecimento em sua propriedade, quanto por quem almeja exercer a
atividade como uma profissão.

“Alguns
querem aprender a ferragear os animais da própria fazenda. Outros querem fazer
carreira. Temos visto vários casos em que a pessoa passou pelo curso e hoje
está trabalhando só com isso, ferrando uma média de 80 cavalos por mês, a R$
180 por animal [incluindo o material]. Estão ganhando bem com esse trabalho”,
afirma o instrutor.

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Fonte: Sistema FAEP



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