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Censo Agro aponta trajetória de crescimento do Paraná na última década

O agronegócio do Paraná segue firme nos trilhos do desenvolvimento. O Censo Agropecuário 2017, recém-divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o movimento de crescimento das riquezas que vêm do campo segue em uma trajetória ascendente. E isso não como um fenômeno isolado, de melhoria apenas em indicadores econômicos. O dinamismo e a adaptação dos produtores rurais às inovações tecnológicas e aos novos desafios de um mercado cada dia mais competitivo ficam evidentes nos números. Melhoraram aspectos como produção e produtividade, nível de formação, preservação ambiental, cuidado com o solo, acesso à internet e uma série de outros indicadores (veja as tabelas no Boletim Informativo).

Além de
simplesmente analisar os números, o Boletim Informativo fez, nesta edição, a
opção de dar voz a uma parte de quem materializa essas estatísticas: os
produtores rurais. Afinal, o campo não se faz apenas com a frieza dos números,
mas por pessoas que guiam o dia a dia da administração das propriedades rurais.
Por isso é que, a partir da análise do levantamento do IBGE, junto com esses
dados, compartilhamos algumas histórias de batalhadores, que precisam lutar
contra os desafios que o país impõe a quem ousa diariamente produzir e gerar empregos.

Soja e milho

O Oeste, por
exemplo, é a região que mais produz grãos no Paraná. Na soja, produto que gera
o maior Valor Bruto de Produção (VBP) do Estado, os municípios locais são
responsáveis por 19% do total, o que equivale a 3,6 milhões de toneladas (de um
total de cerca de 18 milhões de toneladas). No milho, a regional responde por
27% da produção estadual, ou 2,6 milhões de toneladas (de um total de 17,3
milhões de toneladas). Reflexo do trabalho de pessoas como o produtor Eudes
Edimar Capelletto, 52 anos, morador de Cascavel. “Há 31 anos estou na lavoura.
Hoje cultivo uma área de 200 hectares. Além da agricultura, tenho também
pecuária de leite. Então, planto soja no verão e depois faço uma parte de milho
safrinha e outra parte uso para pastagens de inverno”, compartilha Capelleto.

O agricultor
aponta a tecnologia como uma das principais aliadas para a conquista do aumento
da produtividade constatado no Paraná nos últimos anos. A soja teve um
incremento de 50% no número de sacas por hectare na média estadual entre 2006 e
2017. Ou seja, de cerca de 40 sacas por hectare para quase 60 em sua melhor
temporada, segundo o IBGE. “Hoje, contamos com todo o maquinário com
ar-condicionado, tratores e pulverizadores. Melhorou muito. Por outro lado, o
custo aumentou bastante e isso interfere diretamente na rentabilidade. Mas nós
não temos escolha, afinal temos que andar conforme a coisa vai evoluindo. As
gerações anteriores também passaram por esses processos”, lembra.

Leite, aves e suínos

O leite, que
integra parte do sistema produtivo de Capelletto, tem sido um destaque para o
Paraná. Nos últimos anos, o Estado se consolidou como segundo maior produtor do
Brasil, atrás apenas de Minas Gerais. A maior bacia leiteira em volume de
produção, hoje, fica na região Sudoeste (26% do total produzido).

Francisco
Romano Gaievski, produtor de leite em Francisco Beltrão, tem uma propriedade
com cerca de 30 animais e uma média de 27 litros por vaca holandesa e de 17
litros cada uma da raça Jersey. Segundo ele, houve uma grande evolução na
região na última década. E, a perspectiva é que as mudanças sigam em ritmo
acelerado nos próximos anos. “O volume de leite vem crescendo ano por ano, mas
o número de propriedades vem diminuindo. A tendência é a manutenção deste quadro”,
avalia.

Na
avicultura, setor no qual o Paraná lidera a produção com impressionantes 333,3
milhões de cabeças em seu rebanho, a continuidade da escala para o sucesso na
atividade é compartilhada pela produtora Juliana Afonso Branco  dos Santos, 41 anos. Com três aviários na
propriedade em Cafezal do Sul, a 65 quilômetros de Palotina (região que mais
produz aves no Estado), ela comenta que os investimentos para entrar e se
manter na atividade são um desafio para fechar as contas. “A avicultura não é
simples. Se eu tenho intenção de continuar na atividade, o que dá lucro na
avicultura, hoje, é a escala, para diminuir os custos e aproveitar ao máximo
toda a infraestrutura montada”, alerta.

Outro pilar
da produção pecuária no Estado é a suinocultura, já que o Paraná é o vice-líder
no ranking nacional do reba nho, com 6,9 milhões de cabeças. A região com maior
concentração é o Oeste do Paraná, com 61% dos animais.

Agostinho
Celato, produtor rural há 50 anos em Toledo, ratifica que a tecnologia melhorou
o trabalho no campo, além de trazer novos desafios. Hoje, com capacidade para
alojar 4,2 mil animais, Celato avalia que uma das principais preocupações é a
sustentabilidade da atividade a médio e longo prazos. “Tudo o que for agregar
de tecnologia na propriedade traz resultados efetivos. O problema é viabilizar
esses investimentos. Me preocupo com a próxima geração, porque os negócios no
campo são uma raiz, uma continuidade da família e se quisermos ter coisa boa
para o futuro, em relação à sucessão, temos que preparar isso agora”, reflete.

Centro-Sul e a pecuária

A região
Centro-Sul paranaense é um dos destaques da produção de bovinos de corte no
Paraná. Com um território e um rebanho muito menor que o de outros Estados, os
pecuaristas apostam na qualidade e conseguem números impressionantes. João
Arthur Barbosa Lima, 64 anos, na atividade desde 2001, mantém em torno de 600
animais em uma área de 35 hectares (17 animais por hectare, enquanto a média
nacional é próxima de 1 boi por hectare).

Além disso,
com muita tecnologia embutida, consegue entregar bois para o abate com cerca de
um ano de vida (a média nacional é de quatro anos). “Tem gente que não
acredita, mas é possível. O primeiro desafio é pensar em comida, em pastagem.
Outro detalhe muito importante é o manejo. Sempre falo para os meus
colaboradores: não faça nada para o animal que você não gostaria que fizesse
para vocês. Ninguém gosta de levar cutucão, de grito, estresse”, ensina.

Outro
destaque da região de Guarapuava está no perfil de pessoas que comandam as
propriedades. É o local em que há mais mulheres no comando, um total de 13,42%.
Uma dessas mulheres à frente dos negócios é Ana Paula Ferreira Ransolin, 41
anos. Desde 2006, junto com a mãe Ana Circe, produz leite. Hoje, tem cerca de
32 animais e entrega cerca de 13 mil litros por mês. “Nesse tempo que estou na
atividade, muita coisa mudou. Passamos a trabalhar apenas com inseminação
artificial. Antes tirávamos o leite na mão, hoje temos ordenhadeira e novos
resfriadores, um sistema para gerenciar os índices zootécnicos e agora estamos
apostando em uma consultoria para acompanhar melhor a parte financeira”,
relata.

Feijão e trigo

O Paraná é o
maior produtor nacional de feijão, colheu 691,8 mil toneladas em 2017. E a
região de Irati, além de reunir a maior população rural do Estado (mais de 40%
da população vive no campo), também concentra a maior parte das lavouras do
alimento no Paraná (29% do total).

Willian Paulo
Kasperzak, 59 anos, planta feijão há quase 40 anos. Anualmente, uma área de 450
hectares é dedicada ao cultivo. “Nessas décadas de dedicação à agricultura, em
termos de tecnologia e produtividade, posso dizer que melhorou bastante. Mas a
rentabilidade tem caído muito, o que obriga a buscar o máximo de produtividade
para poder sair um pouco de renda”, analisa. “No caso do feijão, tem que haver
um incentivo para que se consuma mais, melhorar um pouco as variedades, pois
ainda é um cultivo suscetível a algumas doenças. E tem o custo de produção. As
máquinas têm muito mais tecnologia embarcada, mas também estão muito mais caras
do que antigamente”, completa.

Os produtores
paranaenses são ainda os que mais produzem trigo no Brasil, em 2017 foram 2,3
milhões de toneladas. A região de Londrina, segundo o Censo Agropecuário, foi a
que concentrou o maior volume colhido dois anos atrás, com 28% do total.

O londrinense
Maurício Okimura, 54 anos, dedica parte de suas terras ao cultivo. Para ele,
não se pode avaliar a cultura isoladamente, mas de forma complexa o papel do
cereal nos sistemas de cultivo. “No último ano mesmo, foi fraca a produção de
trigo aqui, pois tivemos problemas climáticos sérios. Mas se colocar na ponta
do lápis, a soja plantada em cima do trigo, é uma área limpa, sem erva-daninha.
É muito diferente do que plantar em uma área que tinha milho, por exemplo, que
exige muito mais controle e gastos”, compartilha.

Metodologia e datas de referência

O Censo
Agropecuário 2017 visitou mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários
em todo o Brasil. Foram mais de 20 mil recenseadores envolvidos, que foram
responsáveis por visitar cada propriedade, registrar coordenadas, aplicar
questionários e armazenar informações em seus dispositivos móveis de coleta.
Todos os trajetos dos recenseadores estão disponíveis para consulta no site do
IBGE e podem ser baixados e vistos por meio do Google Earth.

Além disso, o
instituto também disponibiliza em seu site informações como logradouros, CEP,
pontos de referência, latitude e longitude de propriedades rurais cadastradas
pelos recenseadores.

A data de
referência do Censo Agropecuário 2017 foi o dia 30 de setembro de 2017,
relacionada às informações sobre pessoal ocupado, estoques, efetivos da
pecuária, da lavoura permanente e da silvicultura, entre outros dados
estruturais. Para o período de referência, ao qual foram relacionados todos os
dados sobre a propriedade, a produção, área, volume de trabalho durante o ano,
etc., adotou-se o intervalo de 1º de outubro de 2016 a 30 de setembro de 2017.
No Censo Agropecuário 2006, o período de referência foi o ano de 2006: de 1º de
janeiro a 31 de dezembro daquele ano, e a data de referência, o dia 31 de
dezembro de 2006.

Informações ajudam a calibrar políticas
públicas

As histórias
dos produtores mostram que o agronegócio do Paraná é destaque em diversas
cadeias, como soja, milho, trigo, feijão, leite, frango, suínos, bovinos e
tantas outras. E muito desse sucesso só pôde ser alcançado porque produtores,
líderes rurais, políticos, empresários e tantos outros tiveram em suas mãos
informação de qualidade para embasar suas decisões.

“O Censo
Agropecuário é uma ferramenta para situarmos cada cadeia, compreender as
mudanças que ocorrem e obter informações sobre suas estruturas, dinâmicas e
produção. Essas informações possibilitam planejamento, monitoramento e
avaliação de políticas públicas e são uma base sólida para nosso
desenvolvimento e tomada de decisões no mercado agropecuário”, sinaliza o
presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.

Essa
trajetória de sucesso alcançada pelo agro do Estado elevou o Paraná à uma
potência agrícola com um dos sistemas de produção mais dinâmicos do mundo.
“Para quem faz gestão pública, ou para quem pretende fazer investimentos
privados de qualquer tamanho, sempre é bom ter ótimas informações. A informação
é boa para calibrar políticas, planejar ações públicas e privadas. Sem elas, é
chute”, reconhece o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara.

Divulgação no Paraná

O fato de o
Paraná ter um dos sistemas produtivos mais diversificados do Brasil fez o IBGE
escolher o Palácio Iguaçu, em Curitiba, como local para a divulgação nacional
do Censo Agropecuário, no dia 25 de outubro. “O Censo dedica todo um esforço
para retratar a realidade, que mudou de forma dinâmica nesses últimos anos. E o
próprio Censo também foi dinâmico. Tivemos coleta de dados digitalizada, uma
sofisticação tecnológica para acompanhar os trajetos dos servidores ao longo
dessa operação. Foi muito interessante para mapear esse setor e o seu
funcionamento”, destacou Suzana Cordeiro Vera, presidente do IBGE, no evento de
divulgação dos números.

Na ocasião, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior, também alertou para a relevância de se disponibilizar dados para a tomada de decisões. Júnior lembrou que o Estado é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mesmo com pouco mais de 2% do território nacional, e chegou a esse patamar porque houve pessoas na história que não aceitaram pegar qualquer caminho. “Somos o maior produtor de proteína animal do país, um dos maiores de grãos, e não só em volume, mas também em diversidade. Nossa vocação é produzir alimento ao planeta, com uma diferença: nós fazemos uma agricultura verde e sustentável”, apontou.

Leia a matéria completa no Boletim Informativo.

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Fonte: Sistema FAEP



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