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CAMBUCI – SÍMBOLO DE PRESERVAÇÃO

Ácido, de polpa carnuda e com formato que lembra o de um disco voador, o cambuci caiu nas graças de pequenos agricultores da Serra do Mar, em São Paulo, e se tornou um símbolo da preservação da Mata Atlântica.

Desde que 18 municípios se uniram para criar a Rota do Cambuci e realizar festivais gastronômicos em torno da fruta, há cerca de 10 anos, ao menos 100 produtores passaram a se envolver com ela de maneira comercial, plantando e colhendo sistematicamente.

De lá para cá, a produção saltou de 4 para 65 toneladas por ano.

“Hoje o nosso maior desafio é conseguir canalizar que essa produção, esse interesse das pessoas na produção do cambuci se abra também para a produção das outras espécies consorciadas”, diz Gabriel Menezes, presidente do Instituto Auá. “E mostrar para as pessoas que, daqui 10 anos, não vai ganhar mais quem plantou só cambuci, mas quem plantou Mata Atlântica”.

A ideia é que a produção, que tem apelo comercial, traga junto outras espécies nativas da Mata Atlântica e desconhecidas da população, como a uvaia, a grumixama, o araçá, a gabiroba e o jerivá.

Aprendendo o cultivo

Só nos últimos 4 anos, mais de 30 mil mudas de cambuci foram plantadas na região da Serra do Mar, segundo estimativa do técnico agropecuário Hamilton Trajano.

“É uma planta que a gente costuma dizer que ela não está domesticada. Os produtores vêm trazendo conhecimento técnico das práticas que eles vão tendo”, explica. “A gente está aprendendo tudo junto e construindo a ciência da cultura do cambuci.”

Roberto Morais é um dos agricultores mais antigos e mais atuantes na Rota do Cambuci. Ele já fez várias adaptações no pomar com 250 pés, a maior parte deles ainda jovens.

“A gente vem meio que seguindo algumas técnicas de poda de outras culturas, que a gente não sabe muito do cambuci”.

De tempos em tempos, ele roça a braquiária e usa a palhada como cobertura morta, para formar matéria orgânica para a planta. “E água, que é fundamental para o cambuci.”

De antepasto a cachaça

Na cidade de Salesópolis, Roberto de Souza mantém uma pequena loja com mais de 20 produtos que levam cambuci na receita. Tem geleia, compota, antepasto e até cachaça com a fruta.

Lúcia Helena dos Santos recebe a produção dos vizinhos, além da própria. Ela tem 60 pés de cambuci e faz a colheita 3 vezes por dia, uma vez que a fruta cai ao chão quando está madura. Cada quilo lavado e congelado, com a ajuda da filha e do genro, é vendido por R$ 6.

Fonte: G1 Globo Rural



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