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BOA OPORTUNIDADE

A visita oficial da presidente Dilma Rousseff a seu colega americano Barack Obama foi um passo na direção certa. Originalmente programado para 2013, o encontro foi cancelado devido ao mal-estar causado pela denúncia, feita à época em reportagem do GLOBO, de espionagem da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) sobre o Brasil, que incluiu escutas telefônicas da presidente. Na ocasião, Obama prometeu à Dilma que o fato não se repetiria, gesto que permitiu reconstruir uma ponte entre os dois países.

No encontro desta semana, os compromissos em relação ao meio ambiente ganharam destaque. Brasil e EUA, dois grandes emissores de CO2, anunciaram metas de redução do lançamento de gases do efeito estufa na atmosfera. No documento, prevê-se a substituição paulatina do uso de combustível fóssil por fontes de energia alternativa (eólica, solar e biocombustíveis), que deverão representar 20% do total até 2030. O Brasil se comprometeu, ainda, a zerar o desmatamento na Amazônia no mesmo o período – promessa recebida com algum ceticismo por especialistas.

O comprometimento, anunciado conjuntamente por Dilma e Obama na Casa Branca, é um aceno positivo. Ele se soma a promessas de redução de emissões feitas por outras nações, como a China, e sugere que a reunião de cúpula da ONU sobre o clima, marcada para dezembro em Paris, poderá avançar efetivamente quanto à meta de conter o aumento da temperatura média do planeta a 2ºC até o fim do século.

No campo comercial, embora a visita à Casa Branca tenha terminado sem grandes anúncios, os pequenos detalhes tiveram importância. O ministro de Comércio Exterior, Armando Monteiro, e a secretária de Comércio dos EUA, Penny Pritzker, assinaram um memorando de intenções sobre normas técnicas. O objetivo do acordo é reduzir burocracia e exigências sobre as exportações, visando a cortar custos e agilizar prazos. Também houve avanços para facilitar a concessão de vistos a executivos e representantes comerciais. Além desses protocolos, foram realizadas as reuniões de praxe com investidores, ajudando a fortalecer a confiança, num momento de crise econômica e de credibilidade abalada por escândalos sucessivos.

Uma reaproximação comercial com os EUA volta ao horizonte num momento em que a balança brasileira inverteu sua posição bilateral, de um superávit de US$ 7,1 bilhões em 2003 para um déficit de US$ 7,9 bilhões no ano passado. A aproximação com Washington põe o Brasil mais próximo do Nafta, abrindo espaço para nossa carne, por exemplo, no México. Além de sofrer com a queda de preços das commodities, o Brasil também paga o alto preço de uma estratégia comercial amarrada ideologicamente ao Mercosul, no qual parceiros combalidos, como Argentina e Venezuela, impõem prejuízos aos exportadores brasileiros. Espera-se que a visita à Casa Branca seja um sinal da necessária mudança de rumo.

Fonte: O Globo



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