soja zero hora

USO DE SEMENTES CERTIFICADAS DE SOJA AINDA É BAIXO NO RS

Na teoria, o reconhecimento é unânime: semente certificada tem alta tecnologia, é mais segura e ajuda a aumentar a produtividade. Na prática, entretanto, a adesão é baixa: na soja, que ocupou 60% da área plantada na safra de verão gaúcha, a taxa de uso foi de 42% — a menor entre os Estados produtores, apesar da maior quantidade vendida de sementes nos últimos 15 anos.

Mas por quê? Os principais fatores são clima e preço. As temperaturas amenas do Estado ajudam a manter a capacidade de germinação e vigor dos grãos para que o produtor os guarde para a próxima safra. E muitos fazem isso para economizar nos custos de produção, diz Décio Teixeira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-RS).

— A qualidade da semente certificada é indiscutível, mas a questão financeira pesa. O produtor reserva o grão como garantia – afirma ele.

Presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Mudas e Sementes (Abrasem), Narciso Barison Neto pondera que, no caso da soja, a entrada dos transgênicos fez cair a taxa de certificação e estimulou a produção independente, criando um hábito que se enraizou e pode trazer muitos riscos para o agricultor:

— O RS é ideal para produzir sementes no país, mas, por mais vantajoso que pareça, é um tiro no pé – garante Neto.

O engenheiro agrônomo da Fundação Pró-Sementes Alexandre Levien aponta as diferenças:

— A certificada tem garantia de origem, maior qualidade, em função das pesquisas, e genética apurada, com foco em elevar a produtividade e a resistência a doenças. Estudos apontam que o uso de semente certificada é capaz de trazer ganhos de até 30% em rendimento – salienta Levien.

Apesar de reconhecer que o preço da semente certificada subiu, Barison argumenta que o produtor paga por tecnologia e pondera que a falta de uso reduz as pesquisas para melhoramento:

— O mercado se move pelo retorno. Quando adquire semente certificada, compra-se segurança – afirma Barison.

A semente, diz o engenheiro agrônomo da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Estado (Apassul) Jean Cirino, representa de 5% a 7% do custo de produção da soja.

— Se calcular, o produtor optará pela certificada, cujo uso trará melhores resultados – aponta ele.

Para o diretor da corretora Brasoja, Antônio Sartori, o produtor deve ver o uso de sementes certificadas como um investimento e não como uma despesa:

— É mais imediatismo do que longo prazo. Semente guardada não tem a mesma tecnologia e controle de qualidade do que a certificada. E o produtor de soja deve visar pelo menos 60 sacas por hectare para ser competitivo – afirma Sartori.

Cirino explica que o caso da soja é diferente do de milho e trigo, por exemplo, devido ao lançamento mais frequente de novas cultivares, da menor perda em produtividade no uso de sementes não certificadas e das condições climáticas mais favoráveis durante a entressafra.

Cirino destaca que a venda de sementes certificadas de soja atingiu nesta safra 110 mil toneladas no Estado, o maior resultado em 15 anos.

— Historicamente, a taxa máxima de uso foi 70%. É um desafio, mas o setor está investindo bastante para garantir novas e boas cultivares para fazer a taxa crescer no futuro – lembra ele.

Barison avalia, no entanto, que é preciso mostrar ainda mais ao produtor a vantagem da certificada.

— A semente é crucial para a produção. O manejo, a agricultura de precisão e os insumos têm apenas um objetivo: fazer a semente expressar o seu máximo potencial. A semente é crucial, é o motor do carro. Ela que dirá até onde o agricultor pode ir – conclui Barison.

Fonte: Zero Hora

Foto: Marianna Rebelatto / Fundação Pró-Sementes,Divulgação



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.