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Safra do Paraná começa com preços bons e clima seco

A última quinta-feira, 10 de setembro, marcou o fim do vazio sanitário da soja no Paraná, sinalizando a largada da safra de grãos 2020/21. Neste novo ciclo, sob os auspícios de bons preços pagos pelas commodities agrícolas, a área ocupada por grãos no Estado deve aumentar 1%, totalizando 6 milhões de hectares.

Mais uma vez, a soja é a
preferência nas lavouras paranaenses de verão, com uma área estimada em 5,53
milhões de hectares, 65 mil a mais em relação à safra anterior. Esse aumento,
mesmo que modesto, reflete a disposição do produtor paranaense em continuar
investindo na oleaginosa, cujos preços vêm batendo recordes históricos.

“O preço [da saca] está por volta
de R$ 116, sendo que há um ano estava em R$ 74. Isso tem animado os produtores
em aumentar essa área acreditando que esse bom momento deve continuar”, observa
Marcelo Garrido, analista de soja do Departamento de Economia Rural (Deral) da
Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab).

Na safra passada, uma estiagem
severa atrasou o plantio em boa parte das regiões produtoras, trazendo
apreensão aos agricultores que, naquele início de ciclo, acreditavam que
haveria quebra. Felizmente, essa previsão não se concretizou. Apesar da seca que
continua castigando as lavouras do Estado, os paranaenses obtiveram excelente
produtividade, próxima de 3,8 toneladas de soja por hectare. Este resultado
animador e os bons preços explicam a expansão na área destinada à soja.

“Já temos uma área agricultável
bem delimitada, praticamente sem áreas novas para plantio. O avanço da soja
ocorreu em áreas de pastagem e de feijão”, observa Garrido. Com isso a
oleaginosa deve ocupar 90% da área da safra de verão, com previsão de uma
produção da ordem de 20,5 milhões de toneladas.

“O interessante seria plantar
ainda em setembro para viabilizar uma safrinha boa de milho mais para frente”,
afirma o presidente da Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas da
FAEP, Nelson Paludo. “Se plantar [a soja] em outubro, já saímos perdendo a
safrinha”, completa, referindo-se ao calendário agrícola que pode ficar
apertado para realizar as duas safras se houver atrasos na semeadura da
oleaginosa.

Isso ocorreu na última safra
quando a falta de chuvas para o plantio obrigou a semeadura da soja a ser
postergada, inviabilizando uma segunda safra de milho em algumas regiões do
Estado.

Segundo Paludo, na sua região,
diversos produtores já comercializaram antecipadamente a soja que vai ser
plantada, para aproveitar os bons preços. A prática é comum. “Já tem gente com
a safra vendida. Foram feitos contratos com a safra que vai ser colhida agora
na época da compra dos insumos. O pessoal travou em 84, 85 reais. Agora já está
bem mais que isso. Mas, na época era uma garantia”, afirma. “Agora estão
travando em 108, 110 reais [para a safra 2021/22]. O problema é o perigo com
perdas, pois estamos em área de risco. Então, não tem como fazer muito contrato
antecipado. Tem que plantar, acompanhar o desenvolvimento e fazer o contrato de
segurança”, sugere o presidente da CT de Grãos da FAEP.

Atualmente, a estimativa é que
32% da soja que vai ser plantada já estejam vendidas.

Milho

Outro grão que vem obtendo bons
preços no mercado é o milho, que, mesmo diante da expansão da soja, deve manter
a mesma área da temporada passado, na casa dos 359 mil hectares. Vale lembrar
que a primeira safra do cereal é menor do que a segunda, que há muitos anos é
chamada de “safrona”.

Para este primeiro ciclo, a
estimativa do Deral é de 3,44 milhões de toneladas. A produtividade é estimada
em 9,6 toneladas por hectare, pouco abaixo da alcançada no ciclo 2019/20, de 10
toneladas por hectare.

O preço do milho também está
bastante remunerador. De acordo com o analista do Deral, Edmar Gervásio, o
cereal tem um custo variável de produção em torno de R$ 25 por saca, custo
total em R$ 40 a saca e está sendo comercializado a R$ 50. “Essa é uma condição
excepcional. Não recordo de um momento em que o milho foi comercializado acima
do custo total”, afirma.

O analista do Deral lembra que
essa condição de preço não foi algo pontual. O preço médio da saca do cereal
ficou em R$ 40 entre janeiro e setembro. “Comparado à média do ano passado
inteiro temos preços 40% superiores. Ou seja, não é uma situação isolada nesse
segundo semestre. São preços bons e consistentes o ano todo”, afirma Gervásio.
Para efeito de comparação, em setembro de 2019 a saca de milho era
comercializada por R$ 28.

Feijão

O plantio da safra atual de
feijão (feijão das águas) já começou. Este ano, o Paraná destinará 150 mil
hectares a cultura, redução de 2% em relação à temporada anterior. “Nos últimos
anos, a tendência é que, quando ocorre uma redução de área, essa vai para
soja”, afirma o analista do Deral Carlos Alberto Salvador, que acompanha a cadeia
do feijão.

A expectativa é de uma produção
de 302 mil toneladas, volume 4% inferior ao colhido na safra das águas
anterior. A produtividade deve ficar por volta de 33 sacas por hectare, índice
também pouco inferior à média da safra anterior, de 34 sacas/ha, o melhor
resultado dos últimos anos.

O preço também é remunerador ao
produtor de feijão. Com custo variável estimado em R$ 61,36/saca e custo total
de R$ 118/saca, o feijão chegou a ser comercializado por mais de R$ 300/saca.
“Tivemos dois fatores [que explicam essa alta]. Em março e abril, a Covid-19
levou muitas pessoas a estocarem o produto. E, depois, a estiagem que estava se
configurando”, analisa Salvador, referindo-se à seca que prejudicou a segunda
safra de feijão no Paraná, ocasionando quebra de 40%.

Trigo

O trigo que está em campo deve
proporcionar bons resultados aos produtores paranaenses. Nesta safra, o cereal
experimentou aumento de área de 10%, passando a ocupar 1,1 milhão de hectares.
Em muitos casos, o cereal do pão passou a ser a única opção para os produtores,
por conta da estiagem no início da safra 2019/20, que empurrou o plantio da
soja, inviabilizando a semeadura do milho safrinha.

Segundo o analista do Deral para
a cultura do trigo, Carlos Hugo Godinho, “a expectativa é de safra boa. Até
agosto, esta va tudo perfeito. Na segunda quinzena de agosto teve geadas que
podem ter afetado as produções”, afirma. Mesmo com esses percalços climáticos,
a produção estimada é de 3,5 milhões de toneladas, resultado bastante
expressivo.

Os preços pagos pelo do cereal do
pão também estão bons. Atualmente, o produto é negociado por R$ 58/saca, valor
28% superior ao pago na mesma época do ano passado. “Os preços estão muito
bons, o que motiva os produtores a plantarem trigo e terem uma boa
rentabilidade, o que na cultura do trigo não é algo tão corriqueiro”, analisa
Godinho. “Nesse momento, com o milho caro, o preço do farelo de trigo também
sobe no mercado”, observa.

Além disso, com a seca
prejudicando a produção argentina de trigo, a produção paranaense – mais próxima
aos moinhos do Estado – também deve ser beneficiada.

Tempo deve continua seco

As projeções climáticas não são
as melhores para a próxima safra de verão, conforme alerta o agrometeorologista
Luiz Renato Lazinski. Segundo o especialista, a condição atual é de
neutralidade climática. Mas, até o final do ano existe a tendência de um
retorno do fenômeno climático La Niña, que provoca o aquecimento das águas do
Oceano Pacífico.

“Então, a situação padrão do
clima não muda muito do que estamos observando agora. Vamos continuar com
chuvas abaixo da média e muito irregulares”, afirma Lazinski.

Desta forma, a expectativa dos
produtores que dependem da chuva para iniciar a semeadura da próxima safra pode
ser frustrada. “A chuva pode demorar um pouco. Nesses próximos dias não deve
cair uma chuva que seja suficiente para a agricultura”, analisa Lazinski.

O agrometeorologista alerta
também que, até o final de setembro, pode ocorrer quedas acentuadas na
temperatura. “O ideal seria o El Niño, mas infelizmente não é o que temos”,
sentencia.

A notícia Safra do Paraná começa com preços bons e clima seco apareceu pela primeira vez em Sistema FAEP.

Fonte: Sistema FAEP



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