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RETRAÇÃO DE PREÇOS AFETA PECUÁRIA LEITEIRA

Os preços baixos pagos pelo leite e o aumento dos custos de produção estão desestimulando a atividade na Zona da Mata. Ainda não foi feito levantamento de dados, mas representantes dos pecuaristas de leite afirmam que muitos já estão abandonando a atividade e estão direcionando os animais para o abate, estímulo que vem dos preços elevados pagos pelo boi gordo. Além dos preços insuficientes para manter a produção, o aumento da violência nas fazendas também está interferindo na atividade.
Com todos os problemas, a tendência é que a produção na região, que representa 8,3% do volume estadual com a captação de 778,3 milhões de litros ao ano, caia significativamente em 2016. A região também concentra 17,9% dos 771 laticínios instalados em Minas Gerais. O litro de leite na Zona da Mata é negociado próximo a R$ 1,00, sendo o valor ideal para cobrir os custos de, no mínimo, R$ 1,50 por litro.
De acordo com o vice-presidente da FAEMG e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Leopoldina, Salviano Junqueira Ferraz Júnior, a situação da pecuária de leite é crítica.
“Os preços pagos pelo litro de leite estão muito abaixo dos custos de produção e vem desestimulando a manutenção da atividade. Muitos pecuaristas estão preferindo enviar o rebanho para o abate e, se a situação não mudar, nos próximos anos teremos problemas sérios em relação à oferta do produto”, observa Ferraz Júnior. 
Descarte
O descarte do rebanho tem sido a opção mais adotada pelos pecuaristas. Em função da demanda aquecida pela carne bovina e a oferta restrita, os preços do boi gordo estão gerando maior rentabilidade que a produção de leite. Em um ano, o preço pago pelo boi gordo passou de R$ 130 por arroba para R$ 145, valorização de 11,53%.
Também pesam na decisão do pecuarista de leite o encarecimento dos custos de produção, que foram alavancados pela desvalorização do real frente ao dólar. Além dos preços mais elevados dos medicamentos e outros insumos que são balizados pelo dólar, a moeda norte-americana mais valorizada estimula a exportação de grãos como a soja e o milho, produtos essenciais para a nutrição animal e que ficaram mais caros no mercado interno.
Em um ano, a valorização do milho chegou a 40% na região, com a saca de 60 quilos passando de R$ 32 para R$ 45. No caso da soja, a alta ficou em 20%, com a saca negociada a R$ 73.
“O custo de produção supera o preço recebido e o produtor não consegue dar continuidade à atividade. Já percebemos na região uma maior saída das pessoas do campo, o aumento do desemprego e a queda na renda. O que também prejudica o comércio na região”.
Ainda segundo Ferraz Júnior, o aumento dos roubos nas fazendas também vem interferindo no desenvolvimento da atividade leiteira. “São muitos os registros de roubos de animais e de máquinas agrícolas. Além do medo, o prejuízo causado desestimula os produtores”. 
Produtores da região amargam prejuízos
Em Muriaé, Zona da Mata, os pecuaristas de leite também amargam prejuízos. Enquanto o litro do produto é negociado em torno de R$ 1,00, o custo de produção do mesmo está próximo a R$ 1,50 por litro.
“A pecuária leiteira vem sofrendo perdas há anos e, hoje, a produção está caindo em ritmo acelerado em decorrência dos baixos preços. Tem 10 anos que os preços pagos pelo litro de leite estão estagnados próximos a R$ 1 por litro, enquanto todos os custos de produção estão em alta. A tendência para os próximos anos é de oferta reduzida pelo abandono da atividade, o que poderá elevar os valores do litro de leite”, diz o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Muriaé, Henrique Schueler de Aquino.
Ainda segundo Schueler, além da necessidade de investir na gestão e em tecnologias que reduzam os custos, outra saída para o problema seria a criação de campanhas para incentivar o consumo de leite e derivados no País.
Hoje, a média nacional é de 130 litros de leite por habitante ao ano, mas o ideal era que o consumo atingisse pelo menos 200 litros per capita.
“No município estamos iniciando os trabalhos para estimular o consumo e uma das iniciativas é patrocinar uma das atletas profissionais de MMA, a Poliana Botelho, que vai participar da nossa campanha”, ressalta. 
Seapa
Todos os problemas enfrentados pelos pecuaristas da Zona da Mata foram apresentados ao secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz Reis Filho, que prometeu empenho em busca de medidas para solucionar os gargalos.
“A pecuária de leite tem uma importância econômica e social muito grande e estamos extremamente empenhados em fornecer condições para manter na atividade em desenvolvimento. As ações previstas no programa Minas Pecuária serão fundamentais para isso”, explicou.
Lançado na última semana, o Minas Pecuária tem o objetivo de fortalecimento do setor no Estado até 2018. Além da ampliação da competitividade, o projeto visa promover a geração e ampliação de renda do produtor rural, estabelecendo sistemas de produção sustentáveis e proporcionando aos produtores rurais meios e condições para apropriarem-se de tecnologias e de estratégias de gestão do sistema de produção.
O programa será balizado por nove diretrizes: assistência técnica e extensão rural, pesquisa e inovação tecnológica, gestão da atividade, boas práticas de produção, qualidade dos produtos, sanidade animal, melhoramento genético, infraestrutura e logística, políticas setoriais e marcos regulatórios.
Fonte: Diário do Comércio

Fonte: Canal do Produtor



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