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PREÇOS DERRUBADOS

O enfraquecimento da moeda brasileira faz com que seja necessária uma quantidade menor de dólares para adquirir café do País. Essa foi a explicação dada pela Organização Internacional do Café (OIC) para a forte queda no preço internacional da commodity. No entanto, analistas apostam que não há espaço para patamares menores. Dados do último levantamento da OIC, divulgado nesta segunda-feira (10.08), mostra uma baixa de 4,2% contra o mês anterior, para a média de 119,77 centavos de dólar por libra-peso. É o menor nível desde janeiro de 2014.

O mercado do café registrou recuo adicional em julho com os preços reagindo à desvalorização da taxa de câmbio do Brasil, que atingiu o menor valor em 12 anos na comparação com o dólar , diz o documento.

A OIC também destaca que a diminuição mais expressiva foi verificada nos grãos naturais brasileiros, os brazilian naturals, que passaram a valer 123,64 centavos de dólar por libra-peso após a queda mensal de 5,3%. Outros tipos da commodity recuaram apenas 3,3%.

O analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, Jefferson Carvalho, lembra que a desvalorização do real favorece a receita dos exportadores brasileiros. Isso justifica o salto para 36,4 milhões de sacas embarcadas em 2014, ante as 31,6 milhões de 2013, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé). Porém, esse café agora está nas mãos dos compradores, que formaram estoques enquanto os nossos ficaram baixos , avalia.

Momentaneamente, é possível identificar uma pressão nos valores internacionais por conta de um volume maior nos importadores. À medida que este estoque for sendo consumido, surge uma tendência de estabilidade para os preços.

Projeções

Para o especialista, o movimento de preço em queda não tem espaço para patamares menores. O tamanho da safra brasileira que está sendo colhida deve afetar os indicadores.

A estimativa mínima para a safra é do Procafé, com 40,3 milhões de sacas, e a máxima é do USDA , com 52,4 milhões de sacas. Considerando que no ano passado a demanda para o Brasil foi de quase 57 milhões de sacas, entre mercado interno e externo, projetamos estabilidade para os preços , explica Carvalho.

O USDA considera quedas tanto para os estoques brasileiros quanto globais, para 4,3 milhões de sacas e 31,5 milhões, respectivamente. Um cenário de poucas reservas e diminuição na oferta do principal país produtor dá margem para fortalecimento do preço.

A colheita de 2016 já entrou no radar dos especuladores, que projetam uma safra muito maior que esta. Entretanto, o especialista do Rabobank diz que é difícil saber se isto realmente vai se consolidar pois as lavouras ainda estão suscetíveis a intempéries climáticas, além do aumento considerável nos custos de produção, com insumos e energia elétrica, por exemplo, mais caros.

Riscos

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta), fez um levantamento apontando que, historicamente, há um risco considerável no cultivo de café no estado.
Por isso, os pesquisadores do IEA indicam o uso do Projeto Financiamento do Custeio Agropecuário Atrelado a Contrato de Opção, oferecido pelo governo estadual, quando os produtores optarem pelo travamento de preços por meio de hedge, na Bolsa de Valores.

A subvenção oferecida pelo projeto é de 50% do valor do prêmio do contrato de opções, com recursos do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap/Banagro).

Fonte: DCI Diário do Comércio & Industria



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