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PESQUISAS GERAM 19 PATENTES EM DOZE MESES

Sensor que interpreta a umidade do solo para ativar sistemas de irrigação. Detector portátil que usa luz para identificar a doença mais severa dos citros, a HLB. Equipamento eletrônico capaz de registrar nuances de sabor como uma língua artificial. Essas foram algumas das tecnologias que geraram 19 patentes concedidas à Embrapa no intervalo de 12 meses.
Trata-se de resultados de pesquisas realizadas em dez centros de pesquisa da Embrapa e a maioria das concessões de propriedade intelectual, 9 patentes e dois registros de softwares, refere-se a soluções desenvolvidas na Embrapa Instrumentação (SP) em diversas áreas do conhecimento: nanotecnologia, ciência do solo, óptica, fotônica, pecuária e sistemas computacionais. Algumas das tecnologias já foram transferidas e estão disponíveis no mercado, outras se encontram em processo de licenciamento para a iniciativa privada.
As concessões se referem ao período de março de 2015 a março de 2016. No ano passado foram contabilizadas concessões de patentes em cinco países – Brasil, China, Austrália, México e Estados Unidos. De acordo com a Secretaria de Negócios da Embrapa (SNE), além da Unidade de Instrumentação, foram registradas patentes desenvolvidas por outros nove centros de pesquisa da Empresa: Recursos Genéticos e Biotecnologia, Clima Temperado, Caprinos e Ovinos, Pantanal, Amazônia Oriental, Milho e Sorgo, Agroindústria de Alimentos, Hortaliças e Trigo.
Para o chefe da SNE, Vitor Hugo de Oliveira, a proteção das tecnologias por meio de patentes tende a fortalecer a atuação da Empresa no cenário da inovação nacional e internacional. "As patentes obtidas representam mais do que atestados de invenções, são oportunidades concretas que podem abrir portas no Brasil e nos demais países em que foram depositadas", afirma. Segundo ele, a proteção pode gerar tanto dividendos por meio da exploração comercial, como pode aproximar a Empresa de importantes parceiros e investimentos.
Sensor para irrigação de pequenas hortas
Entre os deferimentos estão tecnologias já licenciadas para comercialização por empresas brasileiras e norte-americanas, como o sensor Diédrico – destinado à irrigação, o qual avisa quando o solo está precisando de água. O dispositivo teve patente concedida na Austrália e na China, cinco anos após o pedido. No Brasil, a solicitação foi feita em 2008 e ainda se encontra em fase de avaliação.
O produto está disponível no País em duas versões, fixa e portátil, fabricado pela Tecnicer Tecnologia Cerâmica Ltda, com sede em São Carlos (SP). A empresa já está produzindo os sensores em escala industrial e comercializando para todo o território brasileiro. Nos Estados Unidos, o Sensor Diédrico foi licenciado para a Irrometer.
De acordo com o diretor-proprietário da Tecnicer, o engenheiro mecânico Luis Fernando Porto, a parceria com a Embrapa Instrumentação tem sido muito importante, principalmente pelo fato de a empresa estar explorando o licenciamento da patente dos Sensores Diédricos e por serem coautores no desenvolvimento da tecnologia dos Sensores IGstat.
"A proteção dos sensores é essencial por se tratar de tecnologias abertas, dessa forma, as empresas licenciadas deverão sempre seguir e respeitar o que está descrito nas patentes", afirma.
À frente da equipe responsável pelo desenvolvimento, o pesquisador da Embrapa Adonai Gimenez Calbo diz que o sensor pode até operar sem uso de energia elétrica. A tecnologia vai ajudar produtores rurais e donas de casas que cultivam plantas em vasos e em mini-hortas. O instrumento serve para qualquer tipo de cultura e pode ser adaptado a todas as regiões do País.
O pesquisador explica que o sensor Diédrico é formado por duas placas, uma de vidro e outra de cerâmica; ambas de vidro ou ambas de cerâmica. O equipamento pode ser de leitura visual, pneumática ou elétrica e funciona como um termômetro que, em vez de temperatura, mede a força com que a água é retida no solo e nos substratos.
Detecção rápida do HLB dos citros
Com patentes deferidas no México, Estados Unidos e China, o método, equipamento e sistema para diagnóstico de estresses e doenças em plantas superiores, conhecido como Photon Citrus, está em processo de licenciamento para fabricação e comercialização por uma empresa brasileira.
A tecnologia representa um avanço nas pesquisas com HLB, conhecido também como Greening, a pior doença dos citros, por não levar à erradicação da planta, ter alta disseminação e afetar todas as variedades de laranjeiras. Atualmente, o diagnóstico é realizado por meio de inspeção visual, o que além de apresentar grande margem de erro, só permite o diagnóstico após a expressão dos sintomas, o que leva cerca de oito meses.
Durante essa fase assintomática, a árvore infectada é um foco de disseminação da doença, segundo explica a pesquisadora da Embrapa Débora Marcondes Bastos Pereira que coordenou os estudos que levaram ao Photon Citrus. "A invenção consegue fazer o diagnóstico assintomático de Greening direto na folha com porcentagem de acerto acima de 80%", afirma.
Língua eletrônica
O "Sensor à base de plásticos condutores e lipídios para avaliação de paladar de bebidas", conhecido como Língua Eletrônica, foi desenvolvido em parceria com a Escola Politécnica da Engenharia Elétrica da Universidade de São Paulo (USP) e com o professor Alan G. MacDiarmid (Nobel de Química de 2000), da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, falecido em 2007. O depósito no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) solicitando a patente foi realizado no início de fevereiro de 2001.
Na Embrapa Instrumentação, a pesquisa é coordenada pelo engenheiro de materiais Luiz Henrique Capparelli Mattoso. De acordo com o pesquisador, a tecnologia representa um avanço no controle de qualidade de bebidas, oriundas do agronegócio, como o vinho, por exemplo, além de poder monitorar a qualidade da água.
O sensor que diferencia os padrões básicos de paladar, doce, salgado, azedo e amargo em concentrações abaixo do limite de detecção do ser humano foi transferido a uma empresa incubada, em 2005.
Congelamento de embriões e fotorreator para resíduos
O "Equipamento computadorizado para congelamento de embriões" e a "Câmara de fotocatálise para tratamento de solução contendo contaminantes", chamada de Fotorreator – destinada ao tratamento de resíduos químicos em água, gerados em laboratórios, institutos de pesquisa e pequenas empresas –  também receberam o deferimento de patentes em 2015.
Ambos foram licenciados para comercialização por empresas brasileiras. A primeira tecnologia, cujo pedido de patente data do início de 1997, foi transferida à iniciativa privada, enquanto a segunda, a uma empresa incubada, de base tecnológica. O depósito para solicitação da patente é de 2005.
De acordo com o coordenador da pesquisa sobre o "Equipamento computadorizado para congelamento de embriões", o pesquisador Paulo Cruvinel, a tecnologia apresenta diferencial em relação aos convencionais porque possibilita o estabelecimento de protocolos abertos de congelamento de embriões. Essa característica permite que cada usuário adapte seu próprio protocolo de congelamento, viabilizando, assim, o atendimento a diferentes espécies animais e, consequentemente, maior flexibilidade para os produtores rurais.
Os estudos sobre a "Câmara de fotocatálise para tratamento de solução contendo contaminantes" foram coordenados pelo pesquisador Ladislau Martin Neto, que atualmente é diretor de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Embrapa. Essa tecnologia também foi licenciada a uma empresa incubada em 2005.
A supervisora do Setor de Gestão da Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Embrapa Instrumentação, Sandra Protter Gouvêa, concorda que a patente ou registro concedido confere a exclusividade de exploração comercial, mesmo que por tempo definido, no território que a concedeu. "Para as instituições de C&T, o objetivo é o estabelecimento de transferência, de forma vantajosa ao parceiro, que fará a exploração comercial, com possibilidade de retorno econômico à instituição", declara a supervisora.
Novas concessões
O ano de 2016 começou com a concessão de mais uma patente e registro de mais dois programas de computadores. Em janeiro, dez anos depois do depósito, o INPI concedeu patente ao "Processo para síntese de fertilizante organomineral agrícola".
A pesquisa combina técnicas de compostagem e maturação de lodo de esgoto, associado a outros resíduos vegetais, para produzir adubo orgânico, sem impactos negativos para o meio ambiente. Em 2005, o fertilizante foi licenciado a uma empresa incubada.
Os dois programas de computador, Somiporo e Ver-Risco, cujo desenvolvimento foi coordenado pelo pesquisador Paulo Cruvinel, estão em processo de definição do modelo de negócio mais adequado a ser adotado para que seja realizada a transferência à iniciativa privada. Os pedidos de registro junto ao INPI ocorreram em 2012.
De acordo com o pesquisador, o software Somiporo é destinado à análise da micro e macroporosidade de solos agrícolas, ensaiados em avaliações obtidas com uso da técnica de tomografia computadorizada.
"As informações obtidas com a ferramenta auxiliam nos processos de fertilização dos solos e no uso adequado de máquinas agrícolas quando do preparo para os processos culturais", esclarece.
Já o programa computacional Ver-Risco viabiliza a análise de riscos e seus fatores para obtenção de melhores sistemas para a lavoura, tanto em termos de produtividade quanto para a sustentabilidade do sistema produtivo agrícola.
Embrapa Instrumentação
Em 31 anos de existência, a Embrapa Instrumentação contabiliza 102 depósitos no INPI, sendo 52 patentes de invenção, 21 programas de computador, 19 modelos de utilidade, nove marcas e um desenho industrial.
Dos 52 pedidos de patentes de invenção depositados, 30 já foram concedidos a 21 tecnologias, sendo 16 nacionais, um no Japão, três nos Estados Unidos, três na China, um na Espanha, um na Argentina, um na Europa – com efeito na França, Reino Unido e Alemanha -, um na Coreia do Sul, um no Chile, um na Austrália e um no México). Dos 21 programas de computador depositados, nove já foram concedidos.
Para o chefe-geral João de Mendonça Naime, a obtenção dessas cartas patente nacionais e internacionais viabiliza a inovação e permite que o conhecimento gerado na Embrapa Instrumentação seja revertido em benefício da sociedade brasileira, na forma de novos produtos e serviços.
Outra vantagem apontada por Naime com a proteção é que com a esperada regulamentação da legislação específica, os recursos obtidos com o recebimento de royalties poderão ser de fato utilizados pelas C&Ts públicas para reinvestir em pesquisar e motivar equipes. 
Fonte: Embrapa

Fonte: Canal do Produtor



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