LEITE COMPENSADO 12

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deflagrou na manhã desta terça-feira (14/03) a 12ª fase da Operação Leite Compensado. Um dos principais alvos é a Laticínios Rancho Belo Ltda, de Travesseiro, no Vale do Taquari. A indústria é apontada por produzir leite, creme de leite e queijo com água e produtos vencidos, que eram adicionados a soda cáustica e bicarbonato de sódio. Além da própria marca, ela fabrica e envaza leite para a rede de supermercados Dia%. Amostras confirmaram produto impróprio para o consumo.

As outras marcas que também tiveram produtos impróprios para o consumo, conforme exame laboratorial, são Bonilé (queijo e creme de leite) e Princesul (queijo). A ação ocorre em cinco cidades gaúchas: além de Travesseiro, Estrela, no Vale do Taquari, e Nova Araçá, Casca e Marau, no norte gaúcho. Foram cumpridos cinco mandados de prisão e quatro de busca e apreensão.

Apreensões

Além do Laticínios Rancho Belo, as buscas e apreensões ocorrem no Laticínios Modena, de Nova Araçá, que produz creme de leite e queijo da marca Bonilé; no Laticínios C&P, de Casca, que produz queijo Princesul; na transportadora AC Tressoldi, de Estrela, e na empresa M&M Assessoria, de Marau, vinculada ao Laticínios Modena.

Organização criminosa

A investigação confirma crime organizado e de comercialização de produto lácteo impróprio para consumo humano. Isso porque o leite é nocivo e tem redução de valor nutricional. Além disso, dois dos alvos do MP já haviam sido denunciados em outras operações por sonegação fiscal milionária.

Na prática, os três laticínios recebem e repassam entre si leite cru, creme de leite e soro de creme fora dos padrões previstos pela legislação brasileira. De acordo com o MP, muitas das cargas que não são aceitas por empresas do ramo acabam sendo comercializadas para essas indústrias.

- Alguns elementos da investigação apontam que carregamentos de leite que só poderiam ter como destino a alimentação de animais foram usados para a industrialização de produtos de consumo humano – ressalta um dos responsáveis pela investigação, promotor Mauro Rockenbach.

Fraude

Em mais de dez análises emitidas pelo Ministério da Agricultura foram detectados que leite cru, leite UHT e nata estavam fora dos padrões.

- Os sócios-proprietários das empresas autorizavam a adição desses produtos para corrigir a acidez e eliminar microorganismos, no intuito de rejuvenescer o produto já vencido, impróprio para o consumo – destaca o promotor Alcindo Bastos Filho, também responsável pela investigação.

No caso da água, o líquido era adicionado aos produtos para que o creme de leite duro, já amanteigado, fosse novamente amolecido e misturado a outras cargas em condições melhores. Os laudos realizados pelas próprias empresas eram mascarados, para que fiscalização e compradores não visualizassem os problemas.

A Leite Compensado 12 é realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – Gaeco Segurança Alimentar do MP, com participação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Receita Estadual e Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).

O Ministério Público vai entrar em contato com a rede %Dia para informar sobre os produtos com problemas fornecidos pela Rancho Belo. Até o momento, a promotoria não encontrou nenhum lote da marca própria nos nos supermercados com problema.

Fonte e fotos: Cid Martins/Rádio Gaúcha



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