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ESCUTAS DA FRAUDE

Após deflagrada a operação Leite Compen$sado 12, na manhã desta ter-ca-feira (14/03) no norte do Estado e no Vale do Taquari, o Ministério Público divulgou escutas telefônicas feitas durante a investigação, que comprovam a adulteração de produtos. Responsáveis pelo transporte e industrialização são flagrados em áudio falando sobre a adição de soda cáustica e água, além da utilização de leite vencido (até mesmo podre).

- Eles disseram tá tudo “embolatado.” Ela disse: é o creme de ontem. Eu disse: não. Ela disse: Não, vocês não enganam nós. Não é a primeira vez, quase certo que é o creme de ontem. Mas vamos ver, vamos fazer a análise. Não sei se ia resolver, até acho que não, mas de repente ter feito assim: ter deixado uns 2.000 litros do bom em casa pra não dá tanta, mas daí tu não misturava o bom, tu não ajeitava o ruim – fala um dos fraudadores investigados, que na sequência da gravação ouvi o seguinte do comparsa.

- E outra, nem sei se tinha bom também – acrescenta o outro fraudador admitindo a fraude e a falta de leite sem batismo.

Na outra escuta divulgada pelo MP, uma conversa entre um homem e uma mulher sobre um queijo estragado.

- E pegaram aquele queijo podre, lá? Pergunta o homem ao telefone. Não sei se pegaram, não estou sabendo. Será que é este então que interditaram? Questiona a mulher. Vai fechar então, pode ter certeza que vai fechar, se pegaram aquele queijo que voltou ontem – acrescenta o homem.

Na outra escuta dois homem brincam com a indústria investigada no Vale do Taquari, que, segundo eles, recebe qualquer tipo de produto.

- Mandaram pra onde aqueles cremes podres lá? Pergunta ao telefone o primeiro investigado. Pra Rancho Belo – responde o outro homem. E aceitam lá daquele jeito (risos). Lá recebem de qualquer jeito, até creme pegando fogo – revela as escutas.

Um dos principais alvos foi o Laticínios Rancho Belo Ltda, de Travesseiro, no Vale do Taquari. Além da própria marca, ela fabrica e envaza leite para a rede de supermercados Dia%. As outras marcas impróprias para consumo são o queijo e creme de leite Bonilé, fabricado pelo Laticínios Modena, de Nova Araçá,  e o queijo Princesul, do Laticínios C&P, de Casca.

O MP tem dez dias para oferecer denúncia. Quarenta pessoas serão ouvidas. O Ministério da Agricultura inicia nesta semana a rastreabilidade do leite para conferir se o produto comercializado da marca Dia% apresentava problemas. Quatro pessoas foram presas e uma está foragida.



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