Pesquisador

ENZIMAS ‘POLIGLOTAS’ CRIADAS EM LABORATÓRIO APROVEITAM ATÉ 70% DA BIOMASSA DA CANA

O pesquisador Mario Tyago Murakami, do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), no CNPEM, explica que essas enzimas modificadas conseguem “falar todas os idiomas” presentes na biomassa, destravando ligações e transformando elementos da biomassa em açúcares fermentáveis, permitindo a produção de etanol de 2ª geração ou biomaterais.

“É como se as enzimas comuns falassem apenas um idioma e a enzima customizada fosse poliglota”, explica.

Murakami destaca que o CTBE trabalha com o foco de uso integral da biomassa.

“Dois terços da cana sobram do processo. Um terço é a palha, o outro é o bagaço. A gente quer fazer mais com isso. Tem compostos valiosos, como a lignina e outros tipos de açúcares, que podem não apenas virar combustível, mas bioquímicos e biomaterais”, destaca.

E o aproveitamento desses compostos depende da “participação conjunta” entre natureza e tecnologia de ponta. É a biologia sintética.

“Na natureza nem sempre a gente encontra o organismo totalmente adequado para aplicação industrial robusta. Aqui nós fizemos a reengenharia genética do fungo, para que ele possa produzir essas proteínas”, explica Murakami.

Em breve, os estudos serão realizados no Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração em construção no CNPEM, previsto para ser aberto a pesquisadores em 2019.

E o aparato tecnológico não apenas permitiu o desenvolvimento das enzimas, como o teste em uma escala semi-industrial na planta piloto do CTBE.

“Hoje, esse coquetel enzimático possui uma taxa de sacarificação da biomassa, em condições de processo industrial, de 55% a 70% de conversão da biomassa em açúcares simples”, afirma o pesquisador.

Fonte: G1



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