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CONSUMO E OFERTA DE PEIXE AUMENTAM NO FERIADO RELIGIOSO

Brasília (23/03/2016) – O dia começa cedo para Cleiton Codebella. Ele administra uma piscicultura em Rio Verde, GO, e é responsável por uma série de atividades diárias: alimentação dos peixes, análise da temperatura da água, cuidados para evitar a contaminação dos tanque-redes, entre outras. Com seus 250 tanques, a propriedade rural Pôr do Sol, na qual ele trabalha, está na transição de média para grande. No entanto, começou pequena, com apenas 30. “A meta é chegar a mil no menor tempo possível. O sucesso de todo esse crescimento é uma boa gestão, muito empenho, profissionalismo e acreditar na rentabilidade do setor”, observa Codebella.

A produção mensal de tilápia, carro chefe da propriedade, é progressiva. Em 2014 foram produzidas 15 toneladas mensais; 50 toneladas mensais em 2015; com uma expectativa de 100 toneladas, por mês, neste ano. “Em dois anos quadruplicamos nosso negócio. Queremos aumentar cada vez mais nossa produção”, observa Cleiton Codebella. Apesar do crescimento anual, ele afirma que na época da Semana Santa, principalmente na Sexta-feira Santa, quando muita gente deixa de comer carne, sua produção acaba mais rápido. “Desde o dia 10 de março, não tenho mais peixe. O estoque está zerado. Agora só daqui a 15 dias”, comemora.

A Sexta-Feira da Paixão, no próximo dia 25 de março, é uma data religiosa, que relembra a crucificação de Jesus Cristo e sua morte no Calvário. O feriado antecede o Domingo de Páscoa, que celebra a ressurreição de Cristo. Para os fiéis, neste dia não se deve comer carne vermelha em sinal de purificação. O peixe, por outro lado, não tem restrição. Em razão desse feriado, o consumo de peixe aumenta em 50%, no país, movimentando ainda mais o setor, segundo dados da Associação Goiana de Piscicultura (AGP).

Economia - O crescimento da piscicultura pode ser visto em todo território brasileiro. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o setor saltou de 393 milhões de quilos produzidos em 2013 para 474 milhões em 2014.

Para o presidente da AGP, Paulo Roberto S. Filho, apesar do crescimento da piscicultura no Brasil, o país deveria monopolizar a atividade. Temos as melhores condições de produção “somos um país com 12% da água doce disponível no planeta, além de receber luz solar durante todo o ano, em cerca de 70% de seu território”. Além disso, continua Paulo Roberto, “contamos com uma altíssima produção de grãos que bateu o recorde na safra 2014/15, atingindo 209,5 milhões de toneladas, com destaque para a soja e o milho, principais componentes da ração da piscicultura. Contudo, a produção brasileira foi de 474 milhões de quilos, em 2014, ficando atrás das produções de países como Bangladesh e Filipinas”.

A oferta de pescados no país tem aumentado com o consumo cada vez maior, com uma média nacional em torno de 10 kg/habitante/ano, segundo a Secretaria de Monitoramento e Controle de Pesca e Aquicultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Porém, a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 12 kg/habitante/ano. O presidente da Associação acrescenta que “o Brasil tem hoje cerca de 204 milhões de habitantes, consumindo em média 10 kg/habitante/ano, concluímos que são necessários mais de 2 milhões de toneladas de peixes para atender toda a população”.

A Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vem trabalhando para aumentar a produção brasileira. Políticas para aumentar a competitividade do produto nacional em relação ao pescado importado, simplificação do licenciamento ambiental e a estrutura das indústrias são objetivos da Comissão. “Com todo o potencial brasileiro para a produção de pescado, não podemos deixar que a burocracia prevaleça. Precisamos simplificar os processos, gerar segurança para que o piscicultor invista mais em sua atividade, aumentando a produção e a oferta de pescado no mercado interno,” afirma Lilian Figueiredo, assessora técnica das comissões nacionais de Pesca e Aquicultura da CNA.

Para Paulo Roberto, a expectativa de crescimento do setor está na ordem de 10%, mesmo diante do atual contexto econômico. As importações ainda são maiores que as exportações. “Em 2014 foram mais de R$ 6 bilhões em importações, sendo que, R$ 400 milhões somente dos países asiáticos. Isso se deve principalmente ao fato de que os peixes que entram no Brasil não sofrem a mesma burocracia e nem tributos impostos aos que são produzidos por aqui. O resultado disso é uma concorrência desleal para os produtos nacionais”, lamenta.

Entraves – Para que ocorra aumento da produção e a oferta seja pelo menos igual à demanda, o setor precisa de algumas melhorias, entre elas: cadeia piscícola altamente estruturada e profissional, licenciamento ambiental, modernização de equipamentos, acesso a créditos financeiros e redução de carga tributária. “Somente com essas mudanças conseguiremos avançar”, opina Paulo Roberto.

Dados mundiais – No mundo, a aquicultura movimenta US$ 700 bilhões por ano e representa 16% da oferta de proteína animal. É um mercado duas vezes maior que o complexo soja, cinco vezes maior que o de carne bovina, 10 vezes maior que o de carne de frango e representa 8% do mercado do petróleo, conforme dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

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Fonte: Canal do Produtor



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