O Paraná é referência na produção agrícola no País muito devido à atuação de trabalhadores quase anônimos na zona urbana, mas que são conhecidos pelo primeiro nome, por vezes como amigos, pelas famílias que tiram o sustento do campo. Motivo pelo qual o Dia do Extensionista Rural é comemorado nesta terça-feira, 6 de dezembro, data que serve para lembrar daquele que chega a ser o único elo do agricultor com o acesso ao crédito, a políticas públicas, à geração de renda e ao bom uso dos recursos naturais.
A primeira associação de crédito e assistência rural no País foi criada em 1948, em Minas Gerais. No Paraná, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) tem origem nos primeiros 11 escritórios do Escritório Técnico da Agricultura (ETA), em 1956, que começou o trabalho de extensão com métodos e propósitos no modelo norte-americano. No entanto, a atuação hoje não é exclusiva do órgão, já que cooperativas, ONGs e outras instituições públicas e privadas também aderiram à atuação próxima ao agricultor.
Desde então, é possível dizer que a produção de alimentos e a sobrevivência do homem no campo não ocorreriam de maneira tão bem sucedida no Estado. Somente na Emater, são 1,2 mil funcionários tidos como extensionistas. Da força na produção de café dos anos 50 à geada negra nos anos 70, que levou à conversão da atuação dos produtores para grãos, leite, gado e à olericultura, tudo passou pelo trabalho deles. “Toda essa transformação teve o acompanhamento da Emater, que era a única representante do governo em muitos municípios”, diz o diretor presidente da Emater, Rubens Niederheitmann. “Quando começou a oferta de crédito rural, na década de 70, era a única que tinha capilaridade para chegar no agricultor familiar”, completa.
Nos dez anos seguintes, foi a vez do manejo do solo virar o foco do trabalho dos extensionistas. Niederheitmann afirma que eles tiveram destaque da adequação de estradas à realidade rural de cada região, passando pelo saneamento básico, pela implantação de inovações no campo, até a sustentabilidade ambiental e produtiva. “Uma inovação tecnológica só é considerada como parte da produção rural quando tem adequação e aplicação, e quem faz isso chegar ao agricultor é o extensionista”, cita.
Para o subsecretário da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), Everton Ferreira, o extensionista rural é um dos mais importantes na aplicação de políticas públicas ao campo. “Ele atua para dinamizar a economia no setor, para que o agricultor tenha acesso à pesquisa, ao crédito, e é fundamental para o desenvolvimento econômico e social”, diz o executivo, da pasta ligada à Casa Civil.
Niederheitmann afirma que o trabalho do extensionista é pouco conhecido. “Ninguém vê, porque é aquele que está lá em uma propriedade, longe de todos, que conversa e estabelece a relação do produtor com todos os avanços do setor. E ninguém enxerga o resultado, porque é aos poucos, por um longo prazo, então é quase anônimo.”
DESAFIOS
O subsecretário federal considera que o maior desafio da extensão rural nos próximos anos é ampliar a abrangência, o número de técnicos e o investimento na atuação no campo. “Precisamos aumentar o atendimento e chegar a todo agricultor rural do País, além de investir em treinamento que prepare esse extensionista para lidar cada vez mais com os avanços tecnológicos”, diz Ferreira.
São 1,3 mil entidades de extensão credenciadas no País, com 6 mil escritórios regionais e 22,9 mil profissionais que atuam no campo, conforme o Sead. No Paraná, a Emater tem 1,2 mil extensionistas divididos em 379 escritórios, número que também precisa aumentar aos olhos de Niederheitmann. “Fizemos um planejamento estratégico na Emater com um novo papel definido, que é de articulação da assistência técnica e extensão rural com entidades que atuem em uma mesma região, como cooperativas, sindicatos, ONGs, para agregar todos, ampliar o número de beneficiados e viabilizar o desenvolvimento”, cita.
O presidente do órgão estadual conta que metade da população rural paranaense atua em área menos do que 10 hectares e quase a metade tem renda inferior a dois salários mínimos. “Nosso desafio é fazer com que esses produtores tenham renda maior, o que gera um reflexo para as cidades”, diz, ao projetar como meta elevar em 30% os ganhos ao ano.
Fonte: Folha de Londrina
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Fonte: Sistema FAEP