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A SAFRA DOS AGROHACKERS

Não é de hoje que a agricultura anda de mãos dadas com a tecnologia. É cada vez maior a oferta de ferramentas digitais que facilitam a vida do homem do campo, poupando tempo e trabalho. Basta olhar o interior da cabine de qualquer máquina agrícola para constatar que ela está totalmente conectada, equipada com GPS, computadores de bordo e outros dispositivos que tornam mais produtivo, confortável e seguro o trabalho na lavoura.

Foi pensando nisso que os organizadores da Agro ExpoLondrina 2016 (realizada em abril deste ano), decidiram incluir na programa- ção do evento uma competição diferente. Pela primeira vez foi realizada o Hackathon Smart Agro, uma maratona tecnológica na qual 80 equipes tiveram 40 horas para desenvolver aplicativos eletrônicos voltados à atividade rural.

A equipe vencedora dessa empreitada foi a SafeSeed, formada por alunos dos cursos de Agronomia e Sistemas de Informação da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Eles desenvolveram um aplicativo para celular que monitora dados de umidade e temperatura do solo, informando ao produtor a hora e o local exatos para semear a terra.

Eles levaram R$ 5 mil pelo primeiro lugar, além de uma viagem ao Vale do Silício, região dos Estados Unidos onde estão localizadas as principais empresas de tecnologia do mundo, como o Google e o Facebook. Também faz parte da premiação uma consultoria ofertada pelo Sebrae Londrina e uma bolsa integral de MBA na unidade do Senai, em Londrina.

Os projetos premiados no Hackathon com o segundo e terceiro lugares foram os das equipes Campo Limpo e Zero Waste. A primeira, formada por jovens de Porto Alegre, desenvolveu uma solução para o compartilhamento colaborativo de incidências de doenças, pragas e plantas daninhas, e a segunda, com integrantes de Curitiba, apresentou um projeto para otimização de logística no transporte e recolhimento de ração para animais.

Durante a competição um grupo de 18 mentores de áreas relacionadas ao agronegócio (engenheiros-agrônomos, médicos-veterinários, zootecnistas e economistas da área rural) auxiliavam as equipes com possíveis dúvidas relacionadas à agricultura e pecuá- ria. As equipes eram formadas por cinco integrantes, divididos entre alunos da área de tecnologia e de design. “Poderia ter um agrônomo na equipe, mas a maioria não tinha”, explica o engenheiro-agrônomo e instrutor do SENAR-PR, Gumercindo Fernandes, que atuou como mentor na competição.

Segundo ele, muitos competidores não estavam familiarizados com alguns aspectos fundamentais do mundo do agronegócio, como ciclo de produção, zoneamento agrícola, entre outros temas, por isso se fazia necessário a presença desses mentores para tirar dúvidas.

Esse não foi o caso do time que venceu a competição. O engenheiro-agrônomo Luiz Guilherme de Lira Arruda, da equipe SafeSeed, conta que cresceu numa propriedade rural no interior de São Paulo. “Tenho intimidade com a vida no campo”, revela. Além dessa vivência pessoal, na universidade a relação com o meio rural se acentuou. Foi nessa fase que ele notou a necessidade de uma ferramenta como o aplicativo a que foi desenvolvido no Hackathon da ExpoLondrina, que visa evitar a perda de sementes na lavoura que ocorre por falta de água.

Segundo ele, até o final do ano, o protó- tipo criado na competição deve estar pronto para o mercado. Nesse momento a equipe busca aperfeiçoar alguns componentes, como o sensor que é instalado na lavoura para coletar os dados e enviar ao celular do usuário. A equipe estima que seja necessário um sensor para monitorar cada 20 hectares.

Contrato sem papel

Um dos projetos que não ficou entre os três primeiros colocados, mas que foi bastante comentado pelos produtores que acompanhavam o evento foi o Bart, uma plataforma eletrônica cuja finalidade é facilitar as opera- ções de “barter”, que são aquelas nas quais há troca de insumos agrícolas por grãos da safra futura, bastante comuns no meio rural.

Segundo Mariana Bonora, uma das integrantes da equipe, a plataforma poderá reduzir a burocracia, uma vez que uma operação de barter tem uma infinidade de contratos, muitas vezes com diversas partes envolvidas. Com a nova ferramenta, esses contratos poderão ser substituídos por operações eletrônicas. “É um vai-e- -vem enorme de papel que as partes poderão fazer tudo por via on- -line”, explica.

Por enquanto o Bart ainda está no plano conceitual. “Agora temos que sujar as botas, ir para o campo e ver como o produtor reage a essa possibilidade”, explica Bonora, que é advogada em uma empresa de agroquímicos e constatou na prática a necessidade de uma ferramenta para facilitar estas operações. “Nesse momento estamos definindo em qual parte dessa cadeia produtiva vamos começar. As variáveis são muito grandes, por isso a dificuldade de mapear essa cadeia”, explica.

Uma das etapas para a concretização desse processo é assinatura digital, que irá validar essas relações contratuais eletrônicas. Para isso é necessária uma certificação da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil), conjunto de entidades governamentais ou de iniciativa privada, padrões técnicos e regulamentos, elaborados para suportar um sistema criptográfico com base em certificados digitais. Esse órgão visa assegurar as transações entre titulares de certificados digitais e detentores de chaves públicas.

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Fonte: Sistema FAEP



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