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DA FÁBRICA PARA A LAVOURA

Redaçãoout 30, 2015DESTAQUES, GENTE DO CAMPO1.070

Fernando Trennepohl trocou a direção comercial da Stara para assumir as propriedades da família

Aos 30 anos, o jovem Fernando Trennepohl carrega na bagagem uma longa experiência de quem começou muito cedo na lida: já aos 15 anos acompanhava o avô falecido, Francisco Stapelbroek, e o tio, Roberto Stapelbroek, na lavoura da família. A prática no campo ensinou Fernando a buscar a evolução na atividade e, aos 21 anos, resolveu abrir uma empresa de prestação de serviços em agricultura de precisão. Mas não demorou muito tempo para o pai dele, diretor presidente da Stara, Gilson Trennepohl, convocá-lo para vestir a camiseta da empresa – uma das mais completas indústrias de máquinas agrícolas do País que produz desde carretas até tratores. Dos 22 aos 28 anos conheceu muito da empresa que é referência do setor: começou na área comercial, um ano depois assumiu a gerência comercial da área de plantio e pulverização até chegar à direção comercial da Stara.

- Foi um período de muita aprendizagem: viajei para vários países, pois a Stara exporta para 35 países, e conheci praticamente todo o Brasil. Foi bom naquele momento, mas chegou a hora de aproveitar a família – admite.

Há pouco mais de um ano, o pai de Natália, de 1 ano, decidiu deixar a indústria de lado para ter um tempo maior ao lado da esposa Domitila Trennepohl e acompanhar o crescimento da filha.

- Eu sempre pensei na família e, como diretor comercial da Stara, precisava viajar muito – relata.

Mas além do lado familiar, outra questão pesou bastante na decisão de Fernando e está relacionada com a essência deste jovem que cresceu no campo.

- Me criei com meu avô e meu tio na lavoura. Meu avô sempre me transmitia a paixão pela terra e peguei gosto pela coisa – confessa.

“Eu me considero privilegiado por trabalhar na agricultura”

Mas não foi apenas o lado emocional que fez ele abandonar o cargo de executivo de uma gigante do agronegócio, como a Stara, pela administração das propriedades da família. O aprendizado no mundo dos negócios ensinou algumas lições.

- Não dá para colocar os “ovos” numa cesta só e então decidi cuidar de outra unidade de negócios: a lavoura – explica.

Com a vivência na terra somada ao conhecimento adquirido na Stara, Fernando sabe bem que o amor pela agricultura é importante na condução da lavoura, mas não é suficiente para garantir rentabilidade numa atividade que enfrenta desafios permanentes, como o clima, as oscilações do mercado, a falta de políticas adequadas dos governos e, por esses motivos, exige que o produtor brasileiro seja cada vez mais eficiente do lado de dentro da porteira.

- Investimos em tecnologia de sementes e aplicação de defensivos, agricultura de precisão e trabalhamos com parceiros para ter mais tecnologia genética. Além disso, temos a lavoura mapeada com amostragem de solo de um em um hectare e dispomos de um mapa de colheita para criar zonas de manejo para identificar possíveis problemas. Enfim, fizemos ajustes finos para melhorar a produtividade e observar a relação custo-benefício – revela.

Essa consciência profissional que trata a propriedade rural como uma empresa e aplica noções de gestão já comprovou na prática a evolução da agricultura nas terras da família. Entre 1972 e 2000, a produtividade mais alta alcançada na cultura de soja foi de 51 sacas por hectare. Hoje, esse número já atingiu 68 sacas/ha. O desafio agora é melhorar o desempenho da área de 1.030 hectares em Não-Me-Toque e Carazinho, que já alcançou índices de produção admiráveis: nos últimos anos o rendimento médio da soja é de 59 sacas/ha (produção total de 2.500 toneladas), do trigo 65 sacas/ha (produção total de 975 toneladas), do milho 152 sacas/ha (produção total de 2.400 toneladas) e do feijão 30 sacas/ha (produção total de 180 toneladas). Para subir essa produção que já passa de 6.000 toneladas de grãos, Fernando tem uma estratégia: investir na irrigação de 320 hectares para driblar os verões assolados pela seca no Rio Grande do Sul.

Algumas vezes por ano, Fernando sai do Sul e vai até o Norte do País – no Estado de Tocantins –, onde a família adquiriu recentemente 10.400 hectares de área, para cuidar da produção que já começa a dar resultados em espaços de pastagem degradada. Nos próximos anos, o plano é implantar em torno de 6.000 hectares para a integração lavoura-pecuária. Para alcançar esses resultados audaciosos, Fernando tem um aliado importante: o entusiasmo pela profissão.

- Eu me considero privilegiado por trabalhar na agricultura. Tu trabalhas com uma obra de Deus e, além de buscar resultado financeiro, o agricultor está colocando comida na mesa das pessoas. É uma profissão nobre – conclui.