Um herbicida usado em lavouras de soja para controlar plantas daninhas, chamado 2,4D, tem prejudicado as plantações de uva no Rio Grande do Sul. Resultados de 29 de 30 laudos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi) confirmam a contaminação das parreiras, que ficam com folhas retorcidas, têm crescimento descontrolado e apresentam problemas para amadurecer.
O agrotóxico, que é transportado pelo vento depois da pulverização nos campos de soja, afeta uma área de mais de 1500 hectares espalhados pelo estado. Como o veneno é volátil, podendo ir 50 quilômetros ou mais de distância de onde foi usado, é difícil identificar qual vizinho é responsável pela aplicação.
Em uma propriedade da cidade de Candiota, 80 mil quilos deixaram de ser colhidos na última safra, o que representa um prejuízo de mais de R$ 500 mil reais. Por causa da contaminação, produtores esperam uma redução de 30% na próxima safra.
Além de afetar as plantações de uva, o agrotóxico também está prejudicando os campos de oliveiras, onde as áreas de mato e campo nativo estão secando.
O Ministério Público abriu um inquérito civil e técnicos, produtores e órgãos do meio ambiente foram ouvidos. Uma recomendação foi enviada à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para que fosse demilitada uma zona proibida para a aplicação do herbicida.
Segundo a promotora Anelise Grehs, coordenadora do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais do MP, “a Fepam respondeu ao MP dizendo que teria muitas dificuldades em acolher essa recomendação, em razão do grande número de propriedades atingidas, e sugeriu, então, uma atuação conciliatória com os demais entes envolvidos. Só que, como consta nos autos, esses produtores rurais não podem mais esperar. Eles estão sofrendo prejuízos econômicos seríssimos. Vamos avaliar”.
Fonte: Globo Rural