O governo do presidente Michel Temer prepara um pacote de medidas econômicas para tentar dar ânimo à economia num momento em que as delações da Odebrecht turvam o horizonte político e lançam ainda mais incertezas sobre a recuperação da atividade, mas a injeção de recursos em subsídios e subvenções está descartada em meio à continuidade do desequilíbrio nas contas públicas.
O foco está na melhoria do ambiente de negócios, com medidas para diminuir a burocracia ligada à atividade empresarial.
No domingo, Temer reuniu aliados para avaliar o cenário e coordenar ações para esta semana, num esforço para ditar uma agenda positiva diante da enxurrada de notícias envolvendo suposto repasse ilegal a peemedebistas, como o próprio presidente, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o secretário do Programa de Parcerias de Investimento, Moreira Franco, o líder no Senado, Eunício Oliveira (CE), o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL) e o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR). [nL1N1E60JH] [nL1N1E420I]
Ao longo dos últimos dias, integrantes da equipe econômica vêm repetindo que não há dinheiro em caixa para estímulo direto à economia via desonerações ou subsídios. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, chegou a pontuar em coletiva que o governo prepara medidas que aumentem ganhos de produtividade.
O governo também estuda a possibilidade de dar aval para o uso de recursos do FGTS para diminuição do endividamento, após ter avaliado que o elevado nível de comprometimento com dívidas está no cerne da dificuldade para a retomada econômica, afirmou o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que faz parte de um grupo de trabalho que vem se encontrando com a equipe econômica.
- Há uma constatação de que os brasileiros estão do ponto de vista das pessoas físicas muito endividados – disse Ferraço, acrescentando que a ideia com o mecanismo é que as pessoas possam sair de modalidades de crédito com juros muitos altos, como cartão de crédito e cheque especial.
Ele também citou outras medidas que o grupo levou ao governo, como a diminuição do tempo que as empresas de cartão de crédito repassam recursos aos lojistas por vendas que efetuaram. O senador ressaltou, por outro lado, que as investidas não devem mudar fundamentalmente os rumos da economia.
- Não existe uma bala de prata para destravar economia brasileira”, afirmou. “Essas medidas todas no seu conjunto podem melhorar o ambiente de negócios, podem tornar o ambiente menos burocrático, mais simplificado. Mas não é medida dessas que vai resolver o problema – completou.
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, também disse que a autoridade monetária anunciaria esta semana medidas envolvendo pilares importantes de sua agenda. Entre eles, fomento à cidadania financeira, com aperfeiçoamento de mecanismos de solução de conflitos entre cidadãos e o sistema financeiro nacional por meio de sistema digital.
Fonte: Reuters