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TECNOLOGIAS NO CAMPO

boom das startups e a aposta de gigantes do agronegócio nessas ideias – geralmente voltadas à tecnologia de precisão, levantamento de dados e conectividade nas lavouras – são um indício de que a agricultura digital vem deixando de ser promessa no Brasil.

Que ela traz economia e ganhos de produtividade, o mercado é quase unânime em dizer que sim. Mas quanto custa exatamente ter uma fazenda digital? Simples: menos que uma saca de soja por hectare, garantem as empresas.

- Nosso custo fica em torno de R$ 50 por hectare/ano. O que ele gasta, a gente entrega de duas a três vezes de volta – garante o CEO da AgrusData, Herlon Oliveira. – Temos um algoritmo para calcular a produção, com sensores no campo e imagens. Com isso, eu também monitoro os silos e dou uma previsão de quando vai ter soja colhida. Assim, ele planeja o maquinário, a utilização de recursos, o que vai fazer em logística com relação a volumes – explica. – E estamos desenvolvendo outro que monitora o bushel de soja em Chicago e faz projeção para dois anos. Essas informações operacionais fazem com que o produtor consiga se programar. -

Luís Tangari, CEO da Strider, AgTech de Belo Horizonte (MG) que já chegou aos Estados Unidos, esclarece que os resultados podem variar de cultura para cultura. Ele cita o Strider Protector, sistema que custa R$ 15 por hectare e consegue identificar infestações de pragas em mapas de calor, por meio de georreferenciamento.

- E ele entrega muito mais, cerca de R$ 100 por hectare – afirma.

Na ponta do lápis, é um retorno de seis vezes em relação ao investimento inicial.

- Na soja, por exemplo, conseguimos eliminar a aplicação a mais que é feita contra o percevejo no fim de safra – salienta Tangari. – No caso da cana-de-açúcar, a tecnologia diminui a porcentagem de broca. Cada por cento de broca a menos significa uma tonelada a mais por hectare. E o Strider consegue reduzir esse percentual em até 2% – acrescenta.

Além do custo, uma dúvida que geralmente paira do lado de dentro da porteira é o tempo de retorno.

- Isto varia de acordo com a cultura e região – diz Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart, empresa focada em processos de irrigação com plataformas de R$ 40 e R$ 300 por hectare, dependendo do tamanho da propriedade e da característica do plano escolhido.

- Recentemente, tivemos um cliente com retorno de 3,5 vezes o valor investido, logo na primeira safra. O principal fator é a redução do custo de energia elétrica, já que o sistema recomenda a quantidade e momento de irrigação ideal. Além disso, vemos bons resultados como aumento do vigor da planta, redução de doenças e lixiviamento de nutrientes. Isto tudo implica em aumento de produtividade – complementa Vasconcelos.

Luís Tangari e Herlon Oliveira também frisam que o retorno geralmente vem logo no primeiro ano de aplicação das tecnologias.

- No caso dos pequenos produtores, eles podem contratar em grupo a infraestrutura de digitalização. Isso é perfeitamente factível – ressalta Herlon.

Tecnologia promete, mas a quem?

Embora a base de clientes das empresas de agricultura digital esteja em franca expansão, a adoção ainda é proporcionalmente baixa entre os produtores.

- A agricultura de precisão já é realidade, mas a digital é pouco usada ainda. Existe uma difusão grande de empresas e a própria necessidade de entrar no mercado vai fazer com que ‘barateie’ o custo – prevê Paulo Cézar Vallini, diretor-secretário do Sindicato Rural de Cascavel, um dos principais polos produtores de soja do Paraná. – Mas não temos informação de pessoas que já aderiram, se estão gostando ou não.-  Vallini cita o caso dos drones como um avanço que tende a ganhar mais espaço. – Não é barato, mas em função do que pode dar de informação, o produtor tem muito a ganhar – complementa.

Os drones, aliás, são tema de um curso especializado do Senar de Mato Grosso. Porém, o superintendente da entidade, Otávio Celidonio, explica que, mais do que profissionais em busca de especialização, o perfil dos participantes é composto basicamente pelos curiosos.

- O produtor quer ter o equipamento, saber o potencial de uso da ferramenta – diz.

Em países como os Estados Unidos, Celidionio esclarece que a adoção de tecnologia é mais rápida por fatores como o idioma e o perfil do agricultor, que quase sempre administra a fazenda e faz o trabalho de campo.

- Ele quer diminuir o trabalho dele. Existe um caminho grande a ser percorrido, mas já existe esse movimento de usar as ferramentas, principalmente entre os mais jovens – salienta.

Do posto de vista do retorno, o superintende do Senar deixa claro que o benefício existe, mas depende muito do tamanho e da condição da propriedade.

- Há muita coisa que pode aumentar a produtividade e reduzir custo. A mágica da tecnologia é distribuir melhor os recursos e os esforços, no tempo e na intensidade – destaca. – O desafio é trazer a tecnologia certa para a pessoa certa. Não é fácil, mas é como a gente tem que pensar. -

Fonte: Gazeta do Povo

 



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