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SUBVENÇÃO PARA ARROZ E TRIGO

O Ministério da Agricultura espera para até 15 dias a publicação da portaria que autoriza a liberação de R$ 100 milhões para medidas de apoio à comercialização de trigo e arroz. Foi o que afirmou o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, em entrevista a Globo Rural, nesta quarta-feira (20/9).

- A portaria já saiu do Ministério da Agricultura, está alinhada com o Ministério da Fazenda e queremos ver se em 15 dias está na mão”, disse Geller, destacando que o caráter da medida é preventivo. “No momento certo, se cair o preço, vamos fazer a intervenção – acrescentou.

A decisão do governo atende reivindicações do setor produtivo. De acordo com associações de produtores, os rizicultores reclamam de dificuldades de comercialização do produto in natura e beneficiado e também do aumento das importações.

Na semana passada, depois de reuniões, em Brasília (DF), a Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), informou, em nota, ter recebido do governo o compromisso da realização de leilões de prêmio de escoamento para a cultura.

- As respostas dadas pelo governo foram de apoio e que haverá intervenção para melhorar a situação. Enquanto as portarias tramitam pelo governo, o setor estará formatando calendário e parâmetro para os mecanismos – dizia a nota da Federarroz, publicada no último dia 15.

A tendência tem sido de queda nos preços neste mês. O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com base no Rio Grande do Sul, aponta uma desvalorização de 2,34% até a terça-feira (19/9), quando fechou a R$ 37,53 a saca de 50 quilos.

- Boa parte das indústrias esteve retraída para novas compras no mercado doméstico, dando preferência ao arroz em seus armazéns ou ao importado. Do lado vendedor, a oferta aumentou, já que os orizicultores, apreensivos com as desvalorizações, disponibilizaram lotes para fazer caixa e cumprir com compromissos – analisam os pesquisadores, em nota, nesta quarta-feira (20/9).

Os preços mínimos do arroz fino em casca tipo 1 para safra 2017/2018 são de R$ 36,01 a saca de 50 quilos nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Paraná e demais regiões do Brasil, o valor passou para R$ 43,21 a saca, de acordo com o publicado pelo governo federal em julho deste ano.

Os novos valores vigoram de fevereiro de 2018 a janeiro de 2019. Atualmente, os preços mínimos são de R$ 34,97 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e de R$ 41,97 no Paraná e demais regiões do país.

Trigo

Os preços do trigo vêm registrando forte queda em setembro, também apontam os indicadores do Cepea. No Paraná, a desvalorização é de 6,9% até a terça-feira (19/9), com a tonelada valendo R$ 593,43. No Rio Grande do Sul, a referência tem queda de 7,17%, valendo R$ 591,86 a tonelada. Um movimento que tem se mantido mesmo com maior volume de negócios nos últimos dias.

- No Rio Grande do Sul, alguns moinhos têm estoques reduzidos, e precisam se abastecer a curto prazo. No Paraná, os preços do cereal recém-colhido estão relativamente baixos, despertando o interesse de compradores – moinhos paranaenses têm armazenado o trigo da safra 2017/2018 para a produção de farinha. Além disso, o remanescente da safra 2016/2017 ainda tem suprido a necessidade regional – diz o Cepea, em nota, nesta semana.

A concorrência com o cereal importado tem sido motivo de preocupação para os produtores brasileiros. A queda do dólar em relação ao real tem deixado o produto de fora mais vantajoso para os moinhos, reconhecem representantes da indústria. Especialmente o da Argentina, principal fornecedor externo do Brasil e que vem recuperando sua produção.

As importações do cereal pela indústria brasileira totalizaram 4,247 milhões de toneladas. O quadro de oferta e demanda considerado pelo governo federal para este ano é de 7 mil toneladas do cereal adquirido de fornecedores externos. A moagem industrial em 2017 deve ser de 11,5 milhões de toneladas, nas estimativas dos moinhos nacionais.

Ao mesmo tempo, o Brasil deve colher menos trigo neste ano. Nas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as lavouras devem render 5,185 milhões de toneladas, queda de 22,9%. A área plantada foi 9,5% inferior à do ano passado, totalizando 1,91 milhão de hectares.

Neri Geller minimiza eventuais efeitos negativos das importações sobre uma eventual intervenção do governo e vê a possibilidade dos moinhos adquirirem o produto nacional com subvenção federal. Quem “manda” no mercado e na decisão do comprador são o preço e a qualidade, lembra o secretário de Política Agrícola.

- Preço é pelo que eles se interessam. Se tiver subvenção do governo federal, entre comprar o nacional ou importado, se a qualidade for a mesma, eles vão comprar daqui ou de fora. As coisas vão se ajustando e vamos ter competência para administrar isso – diz ele.

Na Região Sul, onde mais se produz trigo no Brasil, o preço mínimo do trigo pão tipo 1 para o ciclo 2017/2018 é de R$ 621 a tonelada (R$ 37,26 a saca de 60 quilos), valor que vigora de julho deste ano a junho do ano que vem e é menor que o anterior. No ciclo encerrado em junho deste ano, a referência era de R$ 644,16 a tonelada (R$ 38,65 a saca).

Na safra 2016/2017, o Ministério da Agricultura (Mapa) contabilizou leilões de prêmio de escoamento para 943,3 mil toneladas do cereal, o equivalente a 14% da produção estimada pela Conab, de 6,726 milhões de toneladas. O valor das operações foi de R$ 174,63 milhões.

Fonte: Globo Rural



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