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SAFRA COM INVESTIMENTO PRÓPRIO

O produtor mato-grossense nunca investiu tanto para produzir soja como fez na safra 2015/16. E o sentido do ‘mais’, vale tanto pelo volume global de recursos aplicados, como também, para os percentuais que saíram do próprio bolso. Neste ciclo, a sojicultura custou 10% a mais que em 2014/15, somando cerca de R$ 16,16 bilhões e desse total, 40% foram financiados por capital dos sojicultores, ou seja, recursos próprios, um percentual inédito nas últimas oito safras, conforme levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Na série de 2008 a 2015, o chamado funding (financiamento) da soja, em Mato Grosso, apresentou na safra 2015/16 uma configuração bem diferente do que o Imea vinha registrando nos ciclos passados, especialmente, em relação às participações dos recursos próprios e das multinacionais no custeio da sojicultura. Ambos ampliaram, e muito, a performance dentro da composição do funding. De uma safra para outra, por exemplo, a parcela de recursos próprios passou de 35% em 2014/15 para atuais 40%. As multinacionais passaram de 5% para 17% de participação, sendo os maiores agentes financiadores desta nova safra estadual. Juntos, eles foram responsáveis pela injeção de 57% dos recursos, ou pouco mais de R$ 9,21 bilhões dos R$ 16,16 bilhões aplicados. O funding da sojicultura estadual é composto por cinco agentes: multinacionais, sistema financeiro, recursos próprios, revendas e bancos com recursos federais (a juros controlados).

Como explicam os técnicos do Imea, essa mudança na composição do financiamento se deu em razão da expectativa de área inédita, aliada a custos de produção jamais vistos no Estado, custos que chegaram à casa dos R$ 3 mil por hectare.

- Essa realidade culminou para uma maior necessidade de capital para custear a safra 2015/16 da soja em Mato Grosso. O valor do financiamento do custeio cresceu 10% em relação ao ciclo anterior e isso demandou maior participação das multinacionais e do uso do capital próprio – afirmou.

Outro ponto destacado ainda pelos analistas está atrelado à conjuntura econômica fragilizada em 2015, que acabou refletindo sobre a oferta de crédito das revendas, que acabaram reduzindo em quase 50% a sua participação no fomento do custeio da produção.

- Com isso, as tradings (as multinacionais) voltaram a protagonizar o financiamento da safra, comportamento que víamos na primeira década dos anos 2.000 – falou.

Na safra 2008/09, por exemplo, as multinacionais participavam com 50% do financiamento e o capital próprio com 22%.

Além da questão macroeconômica, o segmento sofreu com a falta de recursos de pré-custeio no primeiro trimestre do ano passado. O dinheiro que não foi liberado pelo governo federal represou as compras, pressionou ainda mais os preços dos insumos e fez com que os produtores fossem obrigados a lançar mão de recursos próprios para tentar driblar a alta dos custos de produção, bem como da valorização do câmbio.

- Percebe-se o aumento da competitividade das multinacionais no funding da soja, podendo virar uma tendência nas próximas safras no Estado – disse ele.

Fonte: Diário de Cuiabá



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