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RETROSPECTIVA: PREÇO DOS ALIMENTOS

O comportamento dos preços dos alimentos mais uma vez contribuiu para conter a inflação, que  está estimada em 2,88%, no fechamento do ano, segundo o Relatório Focus. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro ficou em 0,28%. O acumulado no ano está em 2,5%, representando o menor resultado para um mês de novembro desde 1998. Os grupos Alimentação e bebidas (A&B) (-0,38%) e Artigos de residência (-0,45%) foram os únicos com queda nos preços.

Pelo sétimo mês consecutivo o grupo A&B, que tem o maior peso no IPCA (cerca de 25%), apresentou queda de preços. Nos últimos 12 meses, a variação acumulada desse grupo é de -2,32% e, no ano, está em -2,40%, a menor desde a implantação do Plano Real, em 1994.

Abaixo do piso
A contribuição da produção agrícola para a redução do preço dos alimentos foi lembrada de forma bem humorada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, em solenidade no Palácio do Planalto nesta semana.

- Estamos falando do setor que mais contribui para política econômica do país. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, culpou a agricultura pelo fato de o Banco Central não ter acertado a meta de inflação. Os preços caíram tanto que a inflação caiu mais ainda. Quer dizer, é uma culpa muito gostosa que o setor agropecuário recebe. –

Isso porque se a inflação deste mês ficar abaixo de 0,48%, o ano fechará com índice inferior ao piso de 3% projetado pelo BC.

Os preços do item “alimentação no domicílio”, que representa efetivamente os gêneros alimentícios consumidos nas residências e cujo peso no índice geral é de aproximadamente 16%, recuaram, em média, 0,72% em novembro.

Nos últimos 12 meses, a variação acumulada desse item é ainda mais significativa, alcançando -5,3%, muito próxima da variação no ano, que é de -5,25%. Assim, dado o seu peso, o impacto da contribuição da queda do item alimentação no IPCA acumulado em 12 meses é de -0,84 ponto percentual.

Em novembro, as principais quedas em relação a outubro ocorreram  com o feijão carioca (-8,40%), ovos (-3,28%), farinha de mandioca (-4,78%), e tomate (-4,64%) e açúcar (- 4,93%).

No acumulado em doze meses, as variações de subitens mais significativas são: cereais, leguminosas e oleaginosas, que inclui arroz e diversos tipos de feijão, (-26,5%); frutas (-14,83%); açúcares e derivados (-13,64%); leites e derivados (-7,23%); e aves e ovos (-5,25%).

Economia de juros

- Esse comportamento não surpreende, na medida em que a agricultura já demonstrou que os investimentos e políticas públicas aplicados neste setor podem resultar em substanciais retornos econômicos à sociedade, principalmente por meio da crescente oferta de alimentos, energia e matérias-primas industriais, ajudando a conter a elevação de preços – analisa Marcelo Guimaraes, economista do Departamento de Crédito e Estudos Econômicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

 

Para o economista, a contribuição que a agricultura vem oferecendo à recuperação da economia vai muito além da queda dos índices de inflação. Ela também possibilita uma redução mais expressiva da taxa Selic, beneficiando todos os setores da economia brasileira.

 

- Se não tivesse havido uma queda de preços de alimentos tão acentuada, muito provavelmente a taxa básica de juros do Banco Central não poderia ter sido reduzida na magnitude em que ocorreu – pondera Marcelo Guimarães. Hoje a Selic está em 7% a.a., metade do que era há um ano.

A queda na Selic possibilita também a redução do custo anual da dívida pública diretamente a ela indexada. Segundo estimativas do BC, cada queda de 1 ponto percentual na taxa básica, mantida por 12 meses, reduz a dívida em cerca de R$ 22 bilhões. Além disso, reduz também o custo da dívida pública diretamente indexada ao IPCA.

Atividade Econômica
O desempenho do PIB da agropecuária também contribuiu para a retomada do crescimento da economia brasileira. Embora apresente uma participação relativamente pequena no PIB (em torno de 5%), o setor agropecuário se caracteriza por um alto nível de encadeamento com outros setores produtivos.

Puxado pela safra recorde colhida neste ano, de 238 milhões de toneladas de grãos, a agropecuária apresentou um crescimento acumulado de 15% no primeiro semestre de 2017, comparado ao mesmo período do ano anterior. Vale lembrar que no resultado do primeiro trimestre, quando cresceu 15,2% em relação ao mesmo período em 2016, o setor respondeu por 0,8 ponto percentual do 1,0% de crescimento do PIB de janeiro a março na comparação com o último trimestre de 2016.

- Por fim, os elevados superavits comerciais agrícolas apresentam efeitos sobre a taxa de câmbio, com impactos relevantes de contenção sobre os índices de inflação e consequentemente sobre as dívidas e instrumentos financeiros indexados ou sob a influência do dólar – conclui Marcelo Guimarães.

Fonte: Mapa

 



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