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Rede pesquisa erosão em todas as regiões do Paraná

O Paraná está blindado em relação à pesquisa sobre água e solo. A Rede Paranaense de Agropesquisa forma um verdadeiro cinturão em seis mesorregiões com o objetivo de coletar dados sobre a ocorrência de erosão no Estado. As estações estão em locais chamados de megaparcelas, com cerca de dois hectares cada uma, instaladas em áreas rurais de sete municípios e divididas em metade com terraços e a outra sem. Assim é possível medir como as boas práticas no manejo do solo proporcionam ganhos financeiros, ambientais e sociais não só aos produtores, mas a toda a sociedade.

Segundo André Pellegrini, da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), em Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná, que
coordena a Rede Paranaense de Agropesquisa, esse processo em si começou em
2015. Vencidas as etapas de licitações, que ocorreram a partir de 2017, coleta
de documentos e assinaturas de contrato para firmar as parcerias entre as
instituições envolvidas nas pesquisas da Rede, em 2021 todas as “estações”
passaram a operar a todo vapor.

São 19 instituições, universidades e/ou fundações privadas e
institutos contempladas no projeto, que reúne 150 pesquisadores trabalhando
diretamente em 35 estudos derivados, com o objeto de analisar os dados das megaparcelas.
O projeto conta com 55 bolsas de pesquisas e R$ 12 milhões em recursos – metade
bancada pelo Sistema FAEP/SENAR-PR e metade pela Fundação Araucária e a
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), do
governo do Paraná.

Pellegrini explica que em cada megaparcela sempre há uma universidade envolvida nos trabalhos. Em Dois Vizinhos, por exemplo, a UTFPR faz o estudo dentro do próprio campo experimental da entidade. Em outros locais, os estudos ocorrem também em áreas de produtores rurais, que separaram talhões. Dentro ou fora dos campus, sempre há participação direta de representantes do meio científico acadêmico.

Rotina de pesquisa

Tanto em áreas dentro de instituições de pesquisa quanto nas
de produtores, os manejos feitos nas plantações são os mesmos praticados em
cada região. Há plantações variadas, como soja, milho, trigo, feijão,
cana-de-açúcar, entre outros, a depender das características de clima e solo de
cada localidade. A ideia, com essa estratégia, é demonstrar a eficácia dos
terraços para ajudar na contenção das chuvas e evitar a erosão em diferentes
cultivos.

“Nas megaparcelas fazemos rotinas que incluem estudos de
caracterização do solo, para entender a questão hidrológica. Esta envolve ainda
fatores como porosidade e capacidade de infiltração. Também fazemos o
monitoramento durante eventos de chuva. Temos bolsistas pagos pelo projeto que
vão a campo para fazer coleta dessa erosão a cada precipitação significativa”,
detalha Pellegrini.

Para coletar informações sobre a infiltração de água nas
propriedades estudadas foram construídos dois tipos de calhas (estruturas que
direcionam o escoamento para que possa ser medido). As calhas do tipo H foram
construídas abaixo das plantações e medem como a água escorre na plantação após
uma chuva. Já as calhas Parshal estão instaladas em pequenos rios, abaixo da
plantação, para medir a vazão e a turbidez (índice que indica a qualidade da
água) e, assim, ter a real noção de como ocorre a dinâmica da infiltração e
erosão naquela área.

Resultados
preliminares

As pesquisas de solo exigem um período longo para ter
resultados eficazes, ao menos 10 anos. Porém, mesmo com dados preliminares já é
possível observar algumas das diferenças entre áreas com e sem terraços. Por
exemplo, em uma chuva ocorrida no dia 30 de maio de 2019, em Dois Vizinhos, de
68 milímetros, na área sem terraço houve escoamento de 40 litros por segundo.
Já onde os terraços estão implantados, escorreram apenas seis litros por
segundo. Isso significa, segundo cálculos feitos com base em uma série de
fatores metodológicos, uma perda total de solo de 305 quilos na área sem
terraço e de 27 quilos na com terraço.

De acordo com o professor da UTFPR, a compilação de
informações como essas, ao longo de um período significativo, vai ajudar a
definir critérios técnicos mais adequados para determinar elementos como
espaçamento e dimensionamento de terraços para diferentes intensidades de
chuvas.

“Além disso, outros estudos que caracterizam as propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo permitirão adequar o manejo de solo das
áreas agrícolas para atingir patamares melhores de sustentabilidade, com
redução da compactação, maior infiltração de água no solo, menor perda de
nutrientes e maior atividade biológica levando a maior produtividade”, aponta
Pellegrini.

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Fonte: Sistema FAEP



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