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RECUPERAÇÃO DE FLORESTAS TAMBÉM PODE SER UM BOM NEGÓCIO

Reconstruir uma floresta é um trabalho delicado, mas a pesquisa está apontando caminhos para tornar o processo mais simples e barato. A recuperação pode até se transformar num bom negócio.

Esta é a próxima etapa depois do cadastramento das propriedades rurais, que vai até o fim de dezembro, segundo as regras do Novo Código Florestal.

Mais de 5,3 milhões de imóveis foram mapeados em 5 anos

A nova fase é o Programa de Regularização Ambiental (PRA) e 19 estados já têm o módulo, segundo o Serviço Florestal Brasileiro (veja a lista aqui).

Exemplos em São Paulo

O estado de São Paulo tem algo como 1 milhão de hectares de terras ruins para a agricultura, com morros e pedras, mas sem vegetação nativa porque foram tomados pelo fogo.

É uma área quase do tamanho do Rio de Janeiro e do Espírito Santo juntos. São terrenos pobres para a agropecuária, mas ótimos para florestas.

Veja o exemplo do Acre

O laboratório de ecologia e restauração da Escola de Agricultura da Universidade de São Paulo (Esalq) testou com sucesso técnicas para reconstruir a Mata Atlântica na fazenda Capoava, em Itu, que se encaixava nessas condições.

A primeira medida foi cercar áreas de baixa produtividade. Nos morros de pedra, a vegetação voltou sozinha. Em outras áreas, foi preciso plantar.

Novas técnicas

Até então, para reflorestar uma área usava-se o conceito de espécies pioneiras – árvores que crescem mais rápido, e não pioneiras, as mais lentas, que chegam depois. Mas a Esalq ampliou esse conceito e criou mais etapas.

Além das árvores altas, as pioneiras, o solo na fazenda Capoava também está coberto por uma “adubação verde”, no caso, feijão guandu, gergelim, crotalária. São espécies que enriquecem o solo e são ainda mais rápidas que as nativas pioneiras.

As pioneiras e as de adubação verde são plantadas ao mesmo tempo, e só depois vêm as espécies mais lentas, que enriquecem a mata.

Num plantio com técnica moderna, em 2 anos a floresta começa a ganhar corpo e, em 5, já é um bosque forte.

Plantio direto

A restauração florestal também se vale de técnicas consagradas na agricultura. Um exemplo é o plantio direto. Já tem plantadeira que serve para soja, milho e também para espécies nativas. Em uma linha, planta sementes arbóreas nativas e, em outra, a adubação verde.

No sistema antigo de plantio de floresta, o custo médio era de R$ 20 mil por hectare. Nesse modelo da Esalq, cai para R$ 8 mil e a manutenção é bem menor.

Na fazenda Capoava, hoje, 60% da propriedade é ocupada por reflorestamento – muito além dos 20% de reserva legal exigidos pelo Código Florestal para a Mata Atlântica.

Depois de passar por ciclos da cana de açúcar, do café e da pecuária, ela agora é uma pousada rural que, pela lei, pode arrendar a mata extra para outros proprietários. É uma espécie de crédito de floresta.

“Essa região pode servir de compensação de reserva legal das propriedades que estão aqui no entorno e que são de alta produção agrícola, como por exemplo a cultura canavieira aqui do lado”, diz Ricardo Rodrigues, da Esalq.

Servidão florestal

Na chamada servidão florestal, o proprietário não perde o direito de uso da área e pode investir também no aproveitamento econômico da mata nativa, com espécies frutíferas, como a aroeira-pimenteira, que dá a pimenta rosa, ou madeira nobre. Tudo em sistema de rodízio.

É o que acontece em 300 hectares da fazenda Guariroba, em Campinas. Lá, tem plantados Araribá, que em 10 anos chega no ponto de corte, e o Jequitibá e Pau-Rosa, que demoram cerca de 20 anos.

Tem também Canafístula e Tamboril, duas espécies de madeira boa, aproveitadas para movelaria e infraestrutura da casa – e que estarão no ponto de corte em 3 anos.

A madeira é uma renda extra, já que está na reserva legal, área que não pode ter outra atividade.

A recuperação é obrigatória e, segundo os cálculos da Esalq, pode gerar um bom lucro: a cada R$ 10 mil investidos no plantio, o ganho seria de R$ 1,5 mil por ano.

Mas a exploração demora, para madeiras médias, 10 anos, e, para as madeiras finais, 18 anos. Por isso a importância de se ter uma política pública, uma linha de financiamento que permita que o agricultor faça isso.

Desmatamento

Desde 1985, o Brasil abriu 74 milhões de hectares em diferentes regiões. A maioria de forma ilegal e pelo menos 10% disso após o Novo Código Florestal, segundo o projeto de monitoramento do solo MapBiomas.

“Os números mostram que o desmatamento não caiu. Aliás, no caso da Amazônia, ele subiu. 2012 foi o ano com menor desmatamento: 4 mil quilômetros quadrados. E os últimos números falam em 8 mil quilômetros quadrados, então, dobrou”, afirma Tasso Azevedo, engenheiro florestal do MapBiomas.

Fonte: Globo Rural



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