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PRODUÇÃO URBANA

É embaixo da rede elétrica do Jardim Imperador, bairro localizado na zona leste de São Paulo, que a agricultora Florisbela Azevedo Silva, 75 anos, e o marido Valdomiro Gonçalves, 92 anos, viram a vida ser transformada. O que antes era um terreno abandonado, hoje é sinônimo de agricultura sustentável e produção de alimentos saudáveis para toda a comunidade.

- Eu nunca pensei que tiraria renda daqui, plantava só um cercadinho para a gente mesmo – conta Florisbela.

Há mais de um ano, o espaço pequeno que era cultivado para a família cresceu. Por lá, a vizinhança encontra desde verduras, como alface, até plantas medicinais bem conhecidas pelos brasileiros, como alecrim, capim cidreira e arruda.

Toda a produção, no entanto, tem um diferencial: os alimentos são orgânicos – sem a presença de adubos e insumos químicos. O divisor das águas para a família foi o projeto hortas comunitárias da Organização Cidades Sem Fome.

- A participação da organização mudou tudo. Eles nos ajudam muito e fez com que eu tivesse a oportunidade de fazer o que gosto. Eu adoro trabalhar com a terra, plantar – afirma a agricultora. 

No Distrito Federal, outra experiência aproxima a produção rural da cidade. Há um ano, a chácara Toca da Coruja, localizada no Núcleo Rural Lago Oeste, a 40 quilômetros do centro de Brasília, faz parte de um movimento internacional chamado Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA). A ideia é integrar os produtores com os consumidores finais, por meio da co-produção.

- Dividimos os custos totais com 27 famílias. As pessoas que participam se tornam parceiros, acompanhando todo o processo de produção. O movimento vai ao encontro da busca por uma melhor alimentação e de apoio por parte dos produtores, promovendo relações mais solidárias – explica a agricultora e coordenadora do projeto, Andrea Zimmermann, 37 anos. 

Qualidade 

Segundo o diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valor (Degrav/MDA), Marcelo Piccin, a agricultura urbana e periurbana, como são conhecidas, à produção de alimentos dentro e no entorno das cidades tem grandes vantagens: diminui os custos de produção, aumenta a oferta de alimentos saudáveis, gera renda e emprego e promove a sustentabilidade ambiental.

- O tema da agricultura urbana e periurbana é uma reflexão sobre a importância de se produzir alimentos próximos às cidades. Há grandes vantagens ao estimular esse tipo de produção, entre elas, a qualidade do produto que chega aos consumidores. Por estarem mais próximos, os alimentos não percorrem grandes distâncias, estando mais facilmente disponíveis ao consumo. Assim, possivelmente, o custo de produção será mais barato e, os alimentos, mais acessíveis à população – observa Piccin. 

Para ele, o MDA reconhece a importância da agricultura urbana e periurbana, ao identificar os agricultores familiares independentemente da localidade.

- Em 2014 fizemos uma alteração nos critérios da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), para que esses agricultores, localizados dentro das cidades ou no entorno delas, possam ter a documentação e, assim, o acesso às políticas públicas que fortalecem o campo – reforça. 

Comitê 

No último dia 4 de agosto, a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Sesan/MDS), publicou uma resolução que institui um Comitê Técnico na Câmara Interministerial de Segurança Alimentar (Caisan), para fomentar o debate de uma Política Nacional de Agricultura Urbana Periurbana. A coordenação do comitê será feita pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

O grupo terá encontros periódicos e encerrará as atividades ao final do período de validade do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2012/2015.

Caisan 

A Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN) é uma instância governamental responsável pela coordenação e pelo monitoramento intersetorial das políticas públicas, na esfera federal, relacionadas à segurança alimentar e nutricional, ao combate à fome, e à garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).

Fonte: Ascom/MDA



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