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PRÊMIO GENTE DO CAMPO

Vencedores do prêmio Gente do Campo, realizado por Zero Hora e Federação da Agricultura do Estado (Farsul), uma cooperativa e três produtores gaúchos serão agraciados com a distinção no próximo sábado, no primeiro dia da Expointer.

A cerimônia de premiação ocorrerá às 18h, na Casa da Farsul no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. O Gente do Campo busca reconhecer homens e mulheres que são referências em suas áreas de atuação no agronegócio.

As distinções são feitas em quatro diferentes categorias: empreendedorismo, jovem, produtor do ano e tecnologia. A escolha dos vencedores é feita por uma comissão formada por dirigentes da Farsul e jornalistas de Zero Hora especializados na cobertura do setor.

Presidente da Farsul, Carlos Sperotto diz que o prêmio é mais uma maneira que a entidade encontrou para valorizar bons exemplos na agricultura e pecuária:

– O prêmio Gente do Campo é uma janela para fazer conhecidas pessoas que, na singeleza do trabalho diário no campo, não são reconhecidas.

Vice-presidente de Jornais e Mídias Digitais do Grupo RBS, Andiara Petterle destaca a premiação como um reconhecimento àqueles que se dedicam a fazer o agronegócio crescer e ajudar no desenvolvimento do Estado.

– Temos a missão de colaborar com o desenvolvimento do RS.O agronegócio é um pilar extremamente importante para isso, e o prêmio reflete sua relevância.

Com idades e atividades distintas e de diferentes regiões do Estado, os vencedores em 2015 se destacaram por desenvolver a produção agropecuária com uma visão de futuro. A seguir, conheça a história dessas pessoas que ajudam a cultivar o futuro do agronegócio.

Extraídos de cascas de bergamota, laranja e lima, essências de frutas cultivadas no Rio Grande do Sul são exportados para a França, onde servirão de matéria-prima para fabricar produtos de beleza. Esta é só uma das iniciativas que torna a Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus) referência em empreendedorismo no Estado.

Fundada há 20 anos, a cooperativa com sede em Montenegro teve origem a partir da associação de 14 produtores da região preocupados em reduzir o uso de produtos químicos e tornar a produção mais sustentável. Foram eles os primeiros no RS a receber, na época, a certificação oficial de produtos orgânicos.

Hoje, no lugar de frutas in natura, como eram vendidas em 1995, praticamente toda a produção é destinada à fabricação de suco orgânico, que dá mais rentabilidade aos associados – cerca de cem famílias.

– O incentivo à agricultura familiar e à permanência no campo são fundamentos da cooperativa. O associado deve ter toda a cadeia produtiva sob a sua gestão. Não queremos ser uma cooperativa gigantesca. Prezamos pela participação de todos – diz Ernesto Kasper, vice-presidente e um dos fundadores.

Com a inauguração da planta industrial, há dois anos, os agricultores passaram a ter o domínio e a gestão de toda a produção. Kasper conta que o trabalho é desenvolvido em conjunto com os sócios-produtores:

– A distribuição de informação permite o empoderamento de cada um dos associados. Mais importante que o aspecto financeiro do negócio, é a unidade formada por todos integrantes.

O sorriso da médica veterinária Carolina Heller Pereira chama atenção à primeira vista, mas é o domínio e a desenvoltura sobre o mercado de bovinos de corte que impressionam.

A gaúcha, que administra com os pais uma propriedade em Rio Pardo, onde atua no manejo de pastagens e nas áreas nutricional, reprodutiva e sanitária da produção de bovinos de corte das raças angus, brangus, hereford, braford e suas cruzas, é uma das lideranças reconhecidas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Neste ano, ela recebeu o prêmio Liderança Jovem do Setor Agro do Brasil, por meio de projeto na área da avaliação da sustentabilidade econômica e ambiental de sistemas de produção de bovinos de corte.

O conhecimento no assunto não vem apenas da vivência no campo. A jovem tem mestrado e doutorado no tema e já trabalhou durante um ano como pesquisadora na Universidade de Dakota do Norte, nos Estados Unidos.

Além do trabalho na fazenda e das pesquisas científicas desenvolvidas em Porto Alegre, Carolina participa da comissão de jovens da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) desde 2011. O contato com os produtores é realizado em eventos, feiras e até mesmo por grupos de WhatsApp.

– É importante que os produtores com mais idade vejam o potencial dos filhos como administradores. O contato entre os mais experientes e os mais jovens é saudável –  ressalta.

Preconceito por ser mulher em um ambiente predominantemente masculino, Carolina jamais sofreu:

– O respeito é natural quando se demonstra conhecimento técnico e se está atualizada sobre o mercado.

Proprietário da Fazenda Dois Angicos, em Alegrete, o pecuarista Nerlei dos Anjos sabe como poucos a importância do planejamento e da qualificação do produtor para aumentar a produtividade e os ganhos da propriedade rural.

A partir de um processo iniciado há seis anos, conseguiu organizar as finanças do negócio essencialmente familiar. Hoje, são 258 hectares, sendo 150 próprios, onde o campo nativo melhorado dá sustento à criação de equinos, ovinos e bovinos das raças hereford e braford.

Com ajuda da Fundação Maronna e de parceiros, como o Programa Juntos Para Competir, desenvolvido em conjunto por Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) e Sebrae-RS, o produtor teve o acesso ao conhecimento e à assistência técnica para tornar a propriedade herdada do pai mais eficiente e sustentável.

– Agora, é hora de enxugar os gastos e economizar o que é possível. Um cordeiro que se perde já é prejuízo. Quando se é organizado, fica muito mais fácil identificar o que não é tão importante; Trabalhando direito e de forma planejada, o campo pode render bons ganhos. Mas é preciso estar aberto para estar sempre aprendendo coisas novas – diz Anjos, 57 anos.

A paixão pelo campo também foi herança da família. Dos seis filhos, só ele e mais um irmão optaram por viver em propriedade rural. O desafio agora é transmitir o legado ao casal de filhos e garantir a sucessão.

– Luto por isso. Gostaria que pelo menos um deles assumisse a administração no futuro, assim como eu fiz. Mas esse é um caminho que eles precisam escolher. Fico torcendo – afirma o agricultor.

Quarta geração de uma família de criadores de gado de Boa Vista do Cadeado, no Noroeste, o produtor Sérgio Ferreira viu na agricultura uma oportunidade para ampliar os ganhos. As terras tinham um teor de argila bom, propício para o plantio, mas a escassez hídrica na região era uma questão que preocupava a possível mudança de foco nos negócios.

A opção foi apostar no uso de tecnologia e irrigação. Gradativamente, o campo foi dando espaço para uma grande lavoura. A determinação deu resultado e, hoje, são 3,2 mil hectares cultivados, sendo 2,75 mil próprios e 180 irrigados, onde planta soja, milho e trigo.

– A tecnologia é uma maravilha. É só frequentar as feiras para ficar impressionado. Todo ano tem novidade em máquinas e genética. Sem tecnologia e inovação não se avança. É preciso planejar antes de comprar, pois é importante garantir a sobrevivência do negócio para as próximas gerações – destaca Ferreira.

Antes de comprar novos equipamentos, o produtor afirma consultar as planilhas de custos da propriedade. Se considera o valor muito salgado, costuma esperar um pouco para fazer investimentos. Quando isso acontece, além da própria ansiedade, Ferreira precisa encarar a inquietação dos dois filhos, Conrado e Rômulo, que são engenheiros agrônomos e administram a propriedade rural com o pai e a mãe.

– É importante adequar a tecnologia à realidade do bolso. Às vezes, em um primeiro momento, não é viável. Por isso, recomendo planejar bem qualquer aquisição. Se for bem pensada, a tecnologia só impulsiona a rentabilidade. Os guris se apaixonam, e eu preciso lembrar a eles que é importante ter paciência – conta.

Fonte: Zero Hora



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