Peste Suína na China

PESTE SUÍNA SE ALASTRA NA CHINA

Uma das maiores preocupações da demanda mundial por soja, a peste suína africana continua se espalhando pela China e causando ainda mais temores entre os suinocultores. O governo da nação asiática confirmou no final da semana passada que dois locais da província de Hainan, uma ilha na costa sul, confirmaram novos casos da doença e este era um local que autoridades acreditavam estar livre do contágio.

Com essas confirmações, nas cidades de Danzhou e Wanning, já é possível dizer, como noticiou a agência internacional Reuters, que todas as províncias do país já contabilizam casos da peste, desde a primeira notificação, em agosto de 2018.

Ainda à Reuters, o analista do mercado de animais Yao Guiling, da Guantong Futures, disse que a situação está fora de controle.

Nos primeiros três meses de 2019, a produção de carne de porco já apresenta uma redução de 5,2% em relação ao mesmo período de 2018, de acordo com números do Escritório Nacional de Estatíticas da nação asiática, e a projeção é de que continue caindo de forma significativa nos próximos meses.

Neste domingo, 21 de abril, o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China informou que 146 porcos já foram mortos pela peste suína africana em seis fazendas da província de Hainan. E para o Rabobank, o número de animais mortos ou abatidos em todo o país durante a epidemia e ainda de acordo com seus especialistas, “não há oferta no mundo que possa suprir todo esse déficit”.

Os impactos nos preços da carne suína, a mais consumida pelos chineses, já disparou em março e poderia subir até 70% no segundo semestre deste ano, conforme declarou um representante do ministério. A pasta informa ainda que a alta no mês passado em relação ao anterior foi de 6,3% e de 7,6% se comparado há um ano. Esta movimentação poderá ser, portando, o maior responsável pela inflação do país neste ano.

China suínos carne suína

“Os preços da carne suína têm grandes impactos para a inflação nos mercados chinês e demais economias emergentes”, explica Nick Shiels, estrategista de commodities do Scotiabank à CNN.

Afinal, o número de porcos nas fazendas já é menor e em março já se pôde observar uma baixa de 18,8% em relação ao mesmo mês de 2018. O total de porcas reprodutoras caiu, por sua vez, 21% no mesmo período e esta é a maior baixa em 10 anos.

Segundo noticia a agência internacional Bloomberg, há um verdadeiro “pânico instalado” entre os produtores chineses neste momento e, diante deste quadro, cerca de 80% das fazendas criadoras de suínos estão optando por não reabastecer e recompor seus animais até este momento, conforme informações do Ministério da Agricultura.

Especialistas afirmam que alguns pequenos produtores que tentaram recompor seus rebanhos foram novamente acometidos pela doença em alguns de seus animais. Outros têm evitado trazer novos porcos com medo de contgio de propriedades vizinhas ou temendo até mesmo que o vírus ainda esteja presente nas fazendas.

Peste Suína x Soja

Toda essa crise na suinocultura chinesa tem promovido uma menor demanda da China por soja. Além da disputa comercial travada com os EUA hpa mais de um ano e de buscar alternativas para a oleagniosa, a nação asiática, com uma menor demanda interna por farelo para a produção de ração, tem reduzido suas compras de soja.

E estes são os três principais fatores que, ao menos neste momento, ajudam a desaquecer o ritmo da demanda pela commodity, como explica o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.

No primeiro trimestre deste ano, as importações de soja da China recuaram 14%, em uma combinação, justamente, destes fatores.

Para o vice chairman da Associação das Indústrias de Óleos Vegetais da China, Chen Gang, em entrevista à Bloomberg as importações de soja da nação asiática neste ano comercial deverão cair para algo entre 85 e 86 milhões de toneladas. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) ainda estima 88 milhões.

Ainda segundo Gang, a demanda por farelo de soja deverá apresentar uma redução pela primeira vez em anos na China.

Além disso, se espera que o país asiático leve alguns anos para se livrar da doença, se reestruturar e recompor seu plantel. Para Arlan Suderman, economista chefe de commodities da INTL FCStone, toda ess recuperação poderia levar algo entre cinco e sete anos. Dessa forma, acredita também que pelos próximos dois anos, ao menos, as compras chinesas da oleaginosa também poderão ser um pouco menores.

Se os chineses comprarão menos soja, por outro lado, deverão continuar comprando mais carne suína e o Brasil deverá ser seu principal fornecedor, segundo acreditam analistas e consultores de mercado.

Como explicou o presidente da ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), Valdecir Folador, se a demanda chinesa pelo produto brasileiro, a produção gaúcha deverá crescer de forma considerável para atender a este consumo maior.

“Nós sabemos que grande parte da carne suína importada de Hong Kong acaba sendo destinada para a China, e somando os dois mercados representam cerca de 31% do volume exportado pelo Rio Grande do Sul”, destaca Folador em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (22). “O fator China é positivo, vem trazendo esse aumento de volume com o efeito de notícias sobre o potencial de importação, e é nesse sentido que o mercado reagiu”, completa.

Fonte: Notícias Agrícolas



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