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Paraná se consolida como segundo maior produtor de leite do país

Há alguns
anos a competência dos pecuaristas paranaenses é responsável por um salto na
produção leiteira do Estado. Hoje, o Paraná ocupa a segunda posição no ranking
nacional de produção de leite, atrás apenas de Minas Gerais, líder na atividade
com tradição secular neste tipo de produção.

De acordo com
dados da Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE, o Paraná subiu uma posição no
ranking nacional do leite em 2015, quando ficou à frente do Rio Grande do Sul
em volume produzido. De lá para cá, o Estado vem se mantendo na vice-liderança
todos os anos.

Os dados mais
recentes, de 2018, consolidam o Paraná na segunda colocação com a produção de
4,37 bilhões de litros, atrás de Minas Gerais com 8,93 bilhões de litros, e à
frente do Rio Grande do Sul, que produziu 4,24 bilhões de litros.

Segundo o
Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e
Abastecimento (Seab), a atividade representou 7% do Valor Bruto da Produção
(VBP) Agropecuária do Estado em 2018, quarta colocação entre as atividades do
agronegócio, e respondendo por R$ 5,88 bilhões.

Em relação à
produtividade, o Paraná também se destaca. Em 2018 ficou na terceira colocação
nacional com uma média de 3.225 litros por vaca por ano. Santa Catarina é a
campeã neste quesito, com média de 3.799 litro/vaca/ano, e Rio Grande do Sul em
segundo com 3.441 litros/vaca/ano. Neste critério, Minas Gerais não se destaca
tanto, com produtividade de 2.839 litros/vaca/ano, ficando na quarta colocação.

Frente a
estes dados, a região Sul se destaca das demais, tanto em produção quanto em
produtividade. Nos últimos 20 anos de produção leiteira, os Estados do Sul
registraram um grande salto em produção e produtividade, consolidando a região
como a principal produtora, respondendo por 34,2% do total, desbancando a
tradicional liderança da região Sudeste. Para efeito de comparação, entre 1998
e 2018, a produção de leite aumentou 169% no Paraná, enquanto em Minas Gerais
foi de 57%.

Diferencial

Mas afinal,
qual o diferencial paranaense? Por que o Estado apresenta resultados tão
díspares em relação aos demais de outras regiões? De acordo com o técnico do
Departamento Técnico e Econômico (DTE) da FAEP Guilherme Souza Dias, o bom
desempenho dos pecuaristas paranaenses de leite está calcado em quatro pilares
fundamentais: nutrição, genética, sanidade e gestão.

“O roteiro de
uma produção bem-sucedida envolve investimentos em alimentação, rebanhos
melhorados geneticamente, implantação de tecnologias produtivas, políticas
públicas, consolidação do parque industrial e capacitação rural”, explica Dias.

Somam-se a
estas condições outros fatores de ordens cultural e regional que também ajudam
a produção paranaense a prosperar. “Nossa agropecuária é fundamentada na
pequena propriedade, alicerçada nos tradicionais valores de cooperação e na
intimidade com o ofício de produzir leite, herdada dos imigrantes europeus.
Também temos condições climáticas que permitem conforto às raças leiteiras
especializadas e produção de alimentos de qualidade no inverno e no verão”,
explica o técnico da FAEP.

Qualificação

Dentro desta
equação, cujo resultado é a produtividade, o SENAR-PR é peça-chave. Desde 1996,
quando a entidade passou a ofertar cursos nesta área, já foram realizados 9.680
eventos (cursos, treinamentos, etc.) nas seguintes formações: “Avaliação da
conformação ideal de vacas leiteiras”, “Boas práticas na propriedade leiteira”,
“Casqueamento de bovinos de leite”, “Inseminação artificial de bovinos”,
“Manejo e Ordenha”, “Operação e manutenção de ordenhadeira mecânica”,
“Qualidade do leite – laticínios” e “Seminário sobre qualidade do leite”, que
somados tiveram 130.374 concluintes.

Essa conta
não considera outros cursos do SENAR-PR que não são da área específica da
pecuária leiteira, mas se aplicam diretamente a esta atividade, como “Reforma
de Pastagens”, “Manejo de Pastagens”, entre outros.

Além dos
cursos oferecidos em campo, também existem outros ofertados no Centro de
Treinamento Pecuário (CTP), localizado em Castro, na região dos Campos Gerais,
como um curso de “Manejo de gado de leite” voltado para produtores e outro para
funcionários, e o curso de “Inseminação artificial”, que além o CTP, são
ofertados em centros credenciados em Prudentópolis (Sudoeste), Assaí (Norte
Pioneiro) e Francisco Beltrão (Sudoeste).

A presença do
CTP em Castro não é gratuita. O município marcado por forte presença da
imigração holandesa é o maior produtor de leite do Brasil e consequentemente
também do Paraná, com produção de 292 milhões de litros em 2018, segundo o
IBGE. Sua vizinha Carambeí vem em segundo lugar no ranking estadual com 180,2
milhões de litros e Cascavel, no Oeste, em terceiro, com 83,3 milhões de
litros.

“Quando um
produtor quer melhorar sua produção, ele vai visitar Castro e Carambeí,
referência para o Estado. A genética desta região também se multiplica nos
outros municípios produtores”, observa o consultor da área de leite da B&M
Consultoria, José Manoel Mendonça.

Segundo
Mendonça, é possível notar uma especialização cada vez maior dos pecuaristas
paranaenses, que vêm buscando práticas de manejo mais modernas e investindo em
genética para aprimorar seus resultados. “O Paraná também é um excelente
produtor de alimentos, que é a chave para produção de leite. Além da produção
de milho, que é um insumo importantíssimo, o pecuarista de leite está se
tornando um especialista em fazer silagem, garantindo produção alta tanto no
inverno quanto no verão”, avalia.

Na opinião do
consultor, investimentos em equipamentos mais modernos são importantes, porém,
nada substitui o bom manejo dos animais. “Se o produtor tiver o manejo correto
e fizer tudo certinho, terá leite de qualidade. Aí não tem tamanho, vai ter
qualidade sendo pequeno médio ou grande [produtor]”, sentencia.

Conseleite colabora para o desenvolvimento
fora da porteira

Se dentro da
porteira o pecuarista de leite do Paraná tem encontrado boas condições de
produção, com oferta de cursos e uso de novas tecnologias, fora da porteira
também foi criado um bom ambiente para que a atividade prosperasse.

Uma das
ferramentas que contribuiu para esta harmonia é o Conselho Paritário
Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Paraná (Conseleite-PR), que reúne
representantes dos produtores de leite e das indústrias de laticínios do
Estado, com objetivo de encontrar soluções conjuntas para problemas comuns.

O Conseleite
utiliza uma metodologia criada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que
considera parâmetros de qualidade e volume do leite entregue ao laticínio, além
dos preços no atacado dos produtos lácteos, para estabelecer um preço de
referência para o leite produzido no Estado. Desde 2003 o preço de referência
do leite no Estado é publicado mensalmente.

“Nesses 16
anos de aplicação da metodologia do Conseleite, indústrias e produtores
paranaenses vêm cultivando um ambiente saudável de comercialização, com mais
clareza, transparência e confiança, focado na busca de crescimento harmônico
para o setor”, avalia o presidente do Conseleite e assessor da presidência da
FAEP, Ronei Volpi.

Outro fator
que possibilitou maior dinamismo e organização ao ambiente de produção foi a
criação da Aliança Láctea Sul Brasileira. Em 2014, os governadores do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul assinaram um ato para criação da entidade,
que tem por objetivo harmonizar as relações entre os entes que integram esta
cadeia produtiva nos três Estados do Sul, implementação de políticas e
iniciativas conjuntas, utilizando as estruturas organizacionais já existentes.

Dentre as ações encampadas pela Aliança Láctea estão a consolidação da região Sul como eixo produtor em relação ao mercado brasileiro, sua preparação para se tornar um player global e a harmonização das estratégias de defesa sanitária entre os três Estados do Sul. A entidade tem entre seus objetivos a transformação da região Sul na “meca” do Leite no Brasil, capaz de abastecer o mercado interno e gerar excedente para a exportação. Hoje, o país precisa importar leite para suprir a demanda interna, porém na região Sul existe autossuficiência, com excedente para venda do produto em outros Estados.

Leia mais notícias no Boletim Informativo.

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Fonte: Sistema FAEP



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