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Paraná restringe entrada de bovinos para se tornar área livre de aftosa sem vacinação

O Paraná está
de portas fechadas para a entrada de bovinos e bufalinos vindos de outros
Estados que vacinem seus rebanhos contra a febre aftosa (com exceção daqueles
que serão abatidos ou apenas cruzarão o território). A medida faz parte da série
de etapas que precisam ser cumpridas pelas autoridades sanitárias para a
conquista do reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem
vacinação, pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). A expectativa é que,
com os parâmetros técnicos dentro das exigências internacionais, a conquista do
novo status sanitário pelo Paraná deva ser oficializada na assembleia-geral da
instituição global em maio de 2021.

A partir do fim da vacinação, que ocorreu em outubro de 2019, e do fechamento da fronteira, o Paraná passou a ficar isolado sanitariamente do restante do país, no que diz respeito à febre aftosa. Com isso, em maio de 2020 – quando a última aplicação de vacinas contra a febre aftosa no Estado terá completado um ano –, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve fazer um inquérito sorológico no rebanho paranaense, a fim de constatar que não há circulação viral no território. Com essa confirmação laboratorial, então, o Mapa poderá pedir à OIE que reconheça o Paraná como área livre de aftosa sem vacinação.

Fluxo de produtos

O gerente de saúde animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, pondera que segue autorizada a entrada de derivados de bovinos e bufalinos e que também é possível o ingresso de cargas lacradas. Neste último caso, os animais vivos devem ser destinados, ou ao abate imediato, ou para cruzarem o território estadual .

“Nesse
momento de transição é importante destacar que não entra mais animais para
cria, engorda, reprodução ou eventos. O produtor tem papel fundamental nessa
etapa, atualizando sempre seus cadastros de rebanho duas vezes ao ano e
notificando a Adapar qualquer caso suspeito de febre aftosa. Na dúvida, comunique”,
aconselha o gerente da Adapar.

Para o
presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da FAEP, Rodolpho
Botelho, a função principal do produtor rural agora é trabalhar para garantir
ao máximo a segurança sanitária do Paraná. “Os processos burocráticos e
legislativos foram todos tomados. Agora, o próprio produtor precisa seguir
dando sua contribuição para garantir essa questão sanitária, principalmente
cumprindo as normas regulamentares e respeitando a legislação. Com isso, o
Paraná conseguirá um grande destaque, quer seja na produção, produtividade e na
conquista de novas oportunidades de mercado”, pontua.

A sanidade do Estado depende da união, não apenas dos produtores de bovinos, mas de todos os pecuaristas, destaca o técnico do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP Guilherme Souza Dias. “A atualização do cadastro duas vezes por ano por todos os criadores de animais com fins comerciais, desde abelhas e peixes até caprinos e bovinos, é uma ação crucial para um controle efetivo da sanidade no Estado. É importante lembrar que aliado a isso há toda uma retaguarda prevista para indenizar produtores que porventura possam ter problemas sanitários. Portanto, qualquer anomalia deve ser comunicada imediatamente às autoridades sanitárias”, reforça.

Papel decisivo na conquista

O Sistema
FAEP/ SENAR-PR teve um papel decisivo na construção do sistema sanitário do
Paraná nas últimas décadas. Desde os anos 1970, a entidade atua de forma
efetiva nas ações que levaram o Estado a chegar no reconhecimento
internacional.

Tudo começou
lá atrás, na luta junto ao poder público, para melhoria na infraestrutura de
estradas e energia elétrica. Isso possibilitou fazer vacinas e medicamentos
chegarem mais rápido aos locais de produção e, depois, poderem ser mantidos
refrigerados.

Já nos anos
1990, a FAEP e o SENAR-PR fomentaram a criação do Fundo de Desenvolvimento
Agropecuário do Estado do Paraná (Fundepec), que até hoje se mantém como um dos
pilares mais sólidos para garantir a indenização de produtores no caso de
animais precisarem ser sacrificados em ações de controle sanitário. Ainda na
década de 1990, houve apoio à criação do Conselho Estadual de Sanidade
Agropecuária, um exemplo de união de produtores e poder público.

Nos anos
2000, o Sistema FAEP/SENAR-PR auxiliou produtores e Estado a cumprirem todos os
trâmites para o Paraná obter então o status de Área Livre de Febre Aftosa Com
Vacinação. Desde então, auxiliou em ações de sanidade que exigiram seriedade e
mobilização, como no controle do caso de febre aftosa por vínculo
epidemiológico no Paraná.

De 2018 em
diante, começou um trabalho direto para avançar rumo ao reconhecimento do
Paraná pela OIE. Um exemplo que demonstra o quanto o Paraná avançou nessa
caminhada foi uma avaliação do Ministério da Agricultura que mostrou que o
sistema sanitário estadual é o mais robusto do Brasil, melhor inclusive do que
o de Santa Catarina, que já possui o reconhecimento de área livre de aftosa sem
vacinação.

Em 2019,
forneceu suporte para que fosse possível promover a última campanha de
vacinação no Estado. Também foi importante na viabilização da construção de
postos de fiscalização que faltavam para fechar o território estadual contra a
doença.

E o trabalho
continua, com uma série de ações junto aos produtores e órgãos públicos para
garantir que todos os trâmites, no poder público e nas propriedades rurais,
andem em sintonia para que seja possível coroar um trabalho de décadas na
construção de uma sanidade robusta no Estado do Paraná.

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Fonte: Sistema FAEP



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