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OPÇÕES MAIS BARATAS

A redução do poder aquisitivo levou o consumidor a procurar vinhos mais baratos. É o que afirmam representantes do setor que participam da Expovinis, feira do setor realizada nesta semana, em São Paulo (SP). O evento reuniu vinícolas nacionais, além de importadores de marcas de diversos países e representações de países como Chile, Portugal, França e Itália.

– Houve uma procura por preços menores e as vinícolas ofereceram produtos de entrada. O consumidor está buscando vinhos de complexidade menor – diz o gerente de promoção do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Diego Bertolini. O que ele chama de “vinho de entrada”, é aquele cuja garrafa custa até R$ 30 no varejo.

O ano passado foi de queda na produção e redução de estoques de vinho nacional, em função da quebra da produção de uvas. Foram 205,13 milhões de litros, 17,56% a menos que em 2015, quando as vinícolas brasileiras produziram 248,83 milhões.

Neste ano, explica o gerente do Ibravin, a safra foi recorde e com melhora na qualidade da matéria-prima de produção da bebida nacional. No entanto, o ritmo de vendas ainda está abaixo do ano passado. Nos acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, a redução foi de 14% em comparação com o intervalo de janeiro a abril de 2016.

A expectativa para 2017 é pelo menos de estabilidade, diz Diego Bertolini.

- Muitos têm apostado nos vinhos de entrada porque o consumidor está buscando alternativas que cabem no bolso – diz ele.

- O consumidor está procurando vinho bom, mas com custo benefício – afirma Vinicius Cercato, da vinícola Dunamis, no município gaúcho de Dom Pedrito. Nas linhas de produtos da empresa, os rótulos têm preços que variam de R$ 40 a R$ 110 a garrafa.

Ele avalia o início de 2017 como “complicado” para as vinícolas brasileiras. Entre os motivos, a concorrência com os produtos importados. A expectativa da empresa para este ano é pelo menos manter o nível registrado em 2016.

- Estamos reforçando a promoção dos tintos para o inverno e já prospectando mercado para os espumantes para o final do ano – diz ele.

Entre os consumidores de vinhos importados, os rótulos com valor em torno de R$ 50 representavam 72% da procura até cinco anos atrás, afirma Adilson Carvalhal Junior, da importadora Casa Flora. Atualmente, a proporção está em 81%.

- O mercado tem sofrido com a crise, mas não caiu tanto porque o consumidor encontrou vinhos mais acessíveis. Como o consumidor perdeu poder de compra, adaptou para o bolso – analisa Junior.

Para o executivo da Casa Flora, o mais importante é que, de qualquer forma, o consumidor não deixou de comprar. É um indicativo, na avaliação dele, de que a procura por rótulos de maior valor deve voltar se houver recuperação da renda.

- A gente só não contava com o efeito JBS – diz ele, em referência à instabilidade provocada pelas delações dos donos do frigorífico à Justiça.

O cenário político afeta a confiança do consumidor e o humor do mercado financeiro, refletindo, por exemplo, em volatilidade da taxa de câmbio, variável importante do custo de importação.

Nas contas da Casa Flora, a cotação do dólar em torno de R$ 3,30 ainda pode ser considerado “sustentável” para os negócios. Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana teve um dia de queda (-0,21%), cotado a R$ 3,26.

Fonte: Revista Globo Rural



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