"Se embarcássemos para o exterior todo o milho e a soja usada na produção do frango que exportamos em 2014, teríamos um saldo de US$ 1,9 bilhão – ou US$ 6,1 bilhões a menos que o saldo dos embarques de carne de frango no mesmo ano."

O VALOR QUE GERA RENDA

O mercado consumidor internacional é uma arena na qual o setor avícola brasileiro tem orgulho de ostentar a faixa de “campeão”.  Líder mundial nas exportações, o setor embarcou, só no último ano, mais de 4 milhões de toneladas de carne de frango.  Mais de US$ 8 bilhões foram gerados com as vendas, para mais de 150 países.

Engana-se, no entanto, quem vê nisto um cenário confortável para o Brasil.  Competimos diretamente com nações reconhecidamente inovadoras, como é o caso dos Estados Unidos.  A batalha pelo primeiro lugar é um duelo diário que disputamos em um negócio no qual o preço não é mais o grande diferencial competitivo, distinto do mercados de commodities.

Não, caro leitor, a carne de frango não é commodity.  Diferente de algumas interpretações equivocadas, é um produto cuja qualidade, sanidade e origem é valor percebido pelo consumidor – do Brasil e de outros países.  É um produto com valor agregado, com marca reconhecida e de percepção diferenciada, especialmente em mercados como o Oriente Médio e o Japão.

E qual o valor disto?  Vamos explicar a partir dos insumos do frango: o milho e a soja. Para ser produzido, cada kg de frango precisa de 1,133 kg de milho e 0,567 kg de soja.  Se embarcássemos para o exterior todo o milho e a soja usada na produção do frango que exportamos em 2014, teríamos um saldo de US$ 1,9 bilhão – ou US$ 6,1 bilhões a menos que o saldo dos embarques de carne de frango no mesmo ano.

Há, ainda, um grande horizonte para se explorar.  Apenas 11% de nossas exportações é de produtos industrializados, cujo preço médio das exportações, de quase US$ 3 mil dólares, representa uma agregação de valor próxima de 80%.  De outro lado, 89% das exportações são cortes e frango inteiro, cujo valor agregado é inferior a 70%. Imagine os efeitos econômicos e sociais se a parcela de participação de industrializados e a de cortes e inteiros fossem invertidas!

Dentre os efeitos diretos, podemos destacar a expansão dos postos de trabalho, aquisição de maquinários, fortes investimentos em pesquisa e tecnologia, entre outros.  Quanto mais processos empregados, maior a presença destes fatores.

Produto com valor agregado gera emprego e renda.  No caso da avicultura, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos.  Este deve ser um objetivo da iniciativa privada, mas também do poder público, como uma política de estado.  Frente aos desafios econômicos que enfrentará nos próximos anos, o país tem duas escolhas: ou promove a agregação de valor em nosso território, ou exporta oportunidades e empregos.



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