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MUDANÇAS NO SEGURO RURAL

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) quer pressionar o governo federal a acelerar a mudança na subvenção do seguro rural brasileiro para um modelo com proteção contra intempéries mas também com garantia de renda, capaz de atender às necessidades de produtores do Matopiba, nova fronteira agrícola que vem sofrendo perdas climáticas desde 2011/2012 e que teve prejuízos estimados em R$ 1 bilhão no atual ciclo por causa do clima desfavorável.

Segundo o presidente da Abrapa, João Carlos Jacobsen, a associação tem apresentado nos últimos anos ao governo exemplos internacionais de seguro de renda, como o do México ou até o dos Estados Unidos, tão contestado pelos cotonicultores brasileiros.

- Lá quem paga 90% do prêmio é o governo federal, e a nossa grande briga com o subsídio norte-americano era em cima disso. Nós queríamos algo em que o produtor tivesse uma participação maior no prêmio – ressaltou.

Atualmente produtores que precisam tomar recurso em tradings ou bancos privados, como é o caso de muitos agricultores no Matopiba, não têm acesso a um seguro que atenda às suas necessidades, segundo Jacobsen. A tentativa até o momento tem sido de mostrar ao governo que a receita que produtores brasileiros perdem todo ano supera o montante que poderia ser investido. Contudo, depois de um ciclo marcado por prejuízos em várias culturas e Estados, o tom das reclamações pode subir.

- O produtor tem sido muito condescendente com essa solicitação. Nós precisamos talvez recrudescer com o governo, seja ele quem for, para que seja feito o que realmente tem de ser feito – apontou o presidente da Abrapa.

Por ora, com a mudança de governo, a negociação está em compasso de espera.

- Temos de dar tempo para o governo se assentar e tentar entender os números. Nós tínhamos uma ministra extremamente comprometida e que trabalhou muito para conseguir adotar isso, que foi a Kátia Abreu, e não conseguiu – destacou Jacobsen. – Hoje nós temos o Blairo (Maggi), que dispensa comentários e entende da agricultura tanto quanto qualquer produtor do Cerrado. Nós temos uma acessibilidade muito grande com ele e acredito que ele vá fazer um esforço por nós para conseguir pelo menos evoluir, começar a implantação, mesmo que seja por regiões. Ele salientou, entretanto, que um novo modelo de seguro precisa funcionar no Brasil inteiro. É preciso formar um montante para que se garanta cada região quando tiver um problema. Se fizer só regiões mais críticas, não existe seguradora que consiga suportar isso, nem o próprio governo – afirmou.

Jacobsen ressaltou que, considerando apenas o algodão nos três Estados mais afetados por intempéries no Matopiba,Tocantins, Piauí e Bahia, as perdas oscilam entre 30% e 33% da safra esperada. Os prejuízos foram causados pelo excesso de chuva no começo de janeiro e uma seca severa a partir do fim do mesmo mês. Ele projetou, contudo, que a média de produtividade na nova fronteira não deve cair abaixo de 200 arrobas por hectare. Para o Brasil, a expectativa da Abrapa é de rendimento médio em torno de 250 arrobas por hectare, já que em Mato Grosso, que representa a maior parte da produção brasileira, a safra transcorre normalmente, segundo o presidente da associação. Para a safra 2016/2017, que já começa a ser planejada no país, Jacobsen vê uma redução nos custos de produção, especialmente com relação aos fertilizantes.

- Vamos poder fazer uma safra com um pouco mais de tranquilidade e ter margens de lucro um pouco melhores, embora o preço internacional esteja muito ruim ainda – afirmou.

Para Jacobsen, com a decisão da China de se desfazer do algodão armazenado no país, o mercado precisará de mais tempo para que esse estoque seja consumido e a cotação em Nova York volte ao equilíbrio. Quanto ao petróleo, a avaliação de Jacobsen é de que a indústria já absorveu a queda nos preços do insumo. Para combater a concorrência dos sintéticos, a Abrapa iniciou um programa de estímulo ao consumo da fibra natural no mercado interno com foco na qualidade do algodão brasileiro.

Fonte: Revista Globo Rural

 



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