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MONOPÓLIO?

Sexto e sétimo maiores produtores de grãos do país, Minas Gerais e São Paulo estão “de bem com o clima” neste início de ano. Diferente dos estados do Sul, que tiveram que driblar problemas climáticos, especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo garantem que as chuvas favoreceram a produção em ambos os estados.

São Paulo

No final de 2017, a falta de chuvas vinha prejudicando as lavouras de São Paulo. A situação foi contornada em janeiro.

“Em 15 dias deveremos começar as primeiras colheitas”, afirma José Dias, gestor de comercialização da Coopermota, cooperativa do sudoeste paulista, principal região produtora de soja do estado.

“Na segunda quinzena de novembro fez muito frio e as lavouras não se desenvolveram bem, mas a partir de dezembro começou a chover bem e agora estão muito boas”, complementa o produtor Valdir Biz, cooperado de Cândido Mota.

Minas Gerais

Em Minas Gerais, o Noroeste e o Triangulo Mineiro também estão “em paz com São Pedro”.

“Em algumas regiões e na Zona da Mata tivemos algumas precipitações, mas não são regiões com produtividade tão expressiva. Tudo tem ocorrido dentro da normalidade, não tivemos incidência de veranico”, explica João Ricardo Albanez, superintendente de abastecimento e economia agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), de Minas Gerais.

Diretor do Sindicato Rural de Uberlândia, João Carlos Semanzi conta um pouco sobre a situação das lavouras no Triângulo Mineiro:

“Até o momento está desenvolvendo bem. Temos algumas plantações de soja precoces e outras tardias. Essas precoces tem gente que já deve colher em uma semana”.

Na propriedade de Semanzi, de 850 hectares, a estratégia foi plantar uma área de soja precoce e outra tardia.

“Como poderia haver veranico em janeiro, a tardia traz mais segurança”, explica o produtor, que deve iniciar as primeiras colheitas em 15 dias.

Com a cabeça na China

A Secretaria da Agricultura de Minas Gerais indica que a China é a responsável por 90% das importações da safra de soja mineira, que atingiu volume de 5 milhões de toneladas na safra 2016/2017.

“É uma concentração preocupante porque ficamos dependentes, mas é um comprador favorável. Seria importante diversificar”, admite Albanez.

Apesar dessa ‘garantia’ de mercado, o superintendente comenta que a cultura conservadora do produtor de grãos mineiro faz com que a comercialização antecipada não passe de 30% a 40%. Carlos Semanzi diz ainda que os produtores estão fazendo menos contratos antecipados que em outros períodos:

“Aqui no Triângulo fazemos isso, mas o produtor está receoso porque o preço para fechamento antecipado não está convidativo”.

O volume de vendas antecipadas em Minas ainda é maior do que no sudeste paulista, onde menos de 20% dos produtores da Coopermota fizeram vendas desse tipo nesta safra, segundo José Dias.

“Aqui [em São Paulo] também não temos muito essa tradição, apenas se o preço for muito bom. Quando falamos em R$ 70 [a saca] os cooperados fecharam, mas hoje com R$ 67 o produtor não está manifestando interesse de venda”, avalia o gestor de comercialização.

Valdir Biz é um desses produtores que evitaram a venda antecipada.

“Fiquei com receio e o preço ainda não está muito bom. Mas temos a esperança de que irá reagir”, finaliza o agricultor, que está realizando semeou 192 hectares de soja na Safra 2017/18.

Fonte: Gazeta do Povo



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