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MATO GROSSO TEM A MAIOR ÁREA DE DESMATAMENTO

A organização não-governamental Instituto Centro de Vida (ICV) estima que Mato Grosso “perdeu quase uma Cuiabá inteira” para o desmatamento em 2018. O levantamento mostra que 85% dos desmates foram realizados de forma ilegal, isto é, sem autorização dos órgãos ambientais.

Entre agosto de 2017 e julho de 2018, 1.749 km² de floresta foram derrubados – ou 174 mil hectares.

“O estado {Mato Grosso} é novamente vice-campeão de desmatamento da Amazônia, com 22% do acumulado no período”, diz o ICV.

A análise foi realizada levanto em conta os dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

“Os dados indicam que as ações feitas pelo Estado para conciliar produção com conservação não estão sendo suficientes para virar o desenvolvimento de Mato Grosso na direção da sustentabilidade”, observam os técnicos do ICV.

Eles observam que, apesar dos diversos esforços feitos para conter o desmatamento, a taxa cresceu desde que o Governo do Estado se comprometeu a eliminar o desmatamento ilegal, durante a Conferência do Clima, a COP, realizada em 2015, em Paris.

Segundo o ICV, a taxa anual de desmatamento em Mato Grosso, que era 1.000 km² entre 2009 e 2014, passou para 1.600 km² nos últimos quatro anos. Entre 2009 e 2018, o desmatamento cresceu 67%. “As fronteiras ativas de desmatamento sofreram pouca alteração, com mais da metade do desmatamento concentrado em apenas 10 municípios das regiões Noroeste e Médio Norte. O destaque está para Colniza a Aripuanã, no noroeste, com um quarto do desmatamento total do estado.

Outra tendência apontada pelo ICV é a prevalência do desmatamento em imóveis rurais privados cadastrados no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental (SICAR), que concentram 52% de todo desmatamento de Mato Grosso. “Grandes áreas contínuas desmatadas também seguem como ocorrência frequente, com os polígonos maiores de 100 hectares representando 51% de toda área desmatada.”

O levantamento mostra que no município de Querência está a maior derrubada contínua de floresta capturada pelas imagens de satélite: um único desmatamento ilegal com mais de 5 mil hectares, já autuado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) em agosto deste ano.

De acordo com o estudo, os projetos de assentamentos da reforma agrária foram responsáveis por 12% da área desmatada, “menos da metade do padrão de contribuição dessa categoria em toda a Amazônia nos últimos anos. As Terras Indígenas seguem sob forte pressão de invasões, com 5% do desmatamento detectado no período.” Outro destaque que se repete é o desmatamento associado às usinas hidrelétricas: elas foram responsáveis por 4% do desmatamento de 2018, com participação significativa da implantação das UHEs Sinop e Colíder na região médio norte do estado.

Os técnicos do ICV ressaltam que o aumento do desmatamento coloca em risco ações como o Programa REDD+ para Pioneiros (REM). Coordenado pelos governos alemão e inglês, investirá até R$ 178 milhões nos próximos cinco anos em ações e iniciativas que visem a conservação das florestas e fomento a práticas sustentáveis. Para o recebimento do recurso, porém, é necessário que a taxa de desmatamento se mantenha em 1.780 km².

Fonte: Globo Rural



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