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INCERTEZA NA PRODUÇÃO DE ARROZ

A safra de verão mal começou e já gera dor de cabeça nos agricultores. O plantio de arroz na região central está no início, mas cerca de metade da área já semeada com a cultura terá de ser replantada, conforme dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Na área de abrangência do escritório de Santa Maria – que compreende aindaSão Martinho da Serra e Dilermando de Aguiar – cerca de 500 hectares já foram plantados, o que representa 4,4% da área prevista para esta safra. Em Santa Maria, a Secretaria de Desenvolvimento Rural estima que, contando apenas o arroz pré-germinado, a quebra já tenha sido de 80%.

A maior parte da área já semeada recebeu o arroz pré-germinado, que precisa de um solo bastante úmido desde o começo do cultivo. Porém, mesmo esses produtores devem perder parte do investimento, já que chuva intensa da segunda semana de outubro ainda não escoou nos terrenos mais baixos.

– De forma geral, paira uma incerteza entre os produtores. Alguns já sabem que terão de replantar, outros ainda têm esperança de poder aproveitar. O arroz gosta de água, mas a chuva foi como uma torneira em um balde cheio. Lavouras perto de rios que transbordaram viram os brotos sendo levados embora – lamenta o técnico orizícola do Irga de Santa Maria, Roger Almada.

Na minoria que optou pelo plantio no seco está o produtor do distrito de Palma, em Santa Maria, Gerson Bianchin. No começo de outubro, ele semeou 20 hectares dos 140 que pretende cultivar com arroz. Para isso, escolheu uma área mais alta, onde não costuma alagar. Mas a chuva surpreendeu e, mesmo agora, que a água já baixou, ele teme que tenha perdido as sementes.

– Depois desses dias, já era para ver as carreiras de brotos, mas quando a água baixou e veio o sol, a terra formou uma casca seca, que dificulta a germinação. Se eu tiver que plantar de novo, terá de fazer vários dias de tempo seco – afirma Bianchin que, em 28 anos de trabalho na lavoura, nunca tinha visto um volume tão grande de chuvas.

O pluviômetro da propriedade registrou 215mm de água nas 24 horas do dia 8. Até o dia 12, foram 340mm acumulados.

De acordo com a Emater regional de Santa Maria, os produtores de arroz precisam de 5 a 15 dias secos para plantar, dependendo da altitude da área. Mesmo considerando a modalidade pré-germinada.

Com a previsão de instabilidade até o fim de outubro e de um volume grande de chuvas na região central para o dia 27, resta pouco tempo para o plantio dentro da época preferencial. Conforme os técnicos, a partir de 15 de novembro, a produtividade cairá bastante.

Prejuízo também em outras culturas

Soja, mandioca, frutas, fumo e até a pecuária foram afetados pelos temporais em Santa Maria. No caso da soja, o problema é o atraso no plantio, e ainda é difícil estimar em números o que será perdido.

Porém, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural já contabilizou as perdas nos demais setores: R$ 16,3 milhões na agricultura e R$ 2,6 milhões na pecuária. Na fruticultura, melancia, melão e porongo foram os mais afetados, conforme o secretário, Rodrigo Menna Barreto.

A Emater também aponta prejuízos na produção de olerícolas. Hortaliças cultivadas em estufas não sofreram, mas aquelas sem proteção terão perdas fortes. Em áreas atingidas pelo granizo, as perdas são maiores. Mas o próprio excesso de água já prejudica a qualidade de produtos, como a alface.

A folhosa teve perdas de 80% na região, por conta das chuvas fortes e alagamentos. Com a oferta menor de diversos produtos, o consumidor vai perceber já nos próximos dias o aumento de preços nas fruteiras.

Fonte: Zero Hora



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