FUNGO DESTRUIDOR

Nos 1.800 hectares de caquizeiros no Rio Grande do Sul a produção estimada pela Emater é de 28.800 toneladas – 10% menor que a safra passada que atingiu 32.000 toneladas. Conforme o engenheiro agrônomo que coordena a área de fruticultura da Emater no Estado, Antônio Conte, essa quebra é motivada pela geada tardia e a alta incidência de antracnose (Colletotrichum gloeosporioides). A proliferação do fungo ocorreu com maior incidência devido ao clima quente e chuvoso neste ano e provocou muitas perdas na Serra – região que concentra 80% do cultivo da fruta no Estado. O produtor rural de Monte Bérico – 2º Distrito de Farroupilha, Gilmar Cecatto, revela que nesta safra ocorreu o ataque mais severo da doença fúngica nos 15 anos que ele cultiva a fruta.

- Ano passado teve problema com uma fruta e outra, e este ano se espalhou na área – ressalta.

Cecatto calcula que o fungo atacou a variedade Kioto (chocolate preto) entre 20% e 25% da área de oito hectares – a produtividade na propriedade em 2014 foi de 20 toneladas/ha e este ano o produtor acredita que a média não vai passar de 16 toneladas/ha.

- Tá indo tudo para o chão: começa a amadurecer e a fruta despenca. Passei tudo o que era produto na época da florada e não controlou. Este ano vou cortar fora os pés mais atacados – confessa.

Mas o coordenador regional em fruticultura da Emater, Ênio Todeschini, explica que o corte dos pés pode ser evitado com a adoção de um conjunto de práticas: o primeiro a fazer é coletar as frutas atacadas e enterrá-las para reduzir as sementes no caquizal; depois é recomendado o tratamento de inverno caprichado com calca sulfocálcica, semelhante ao que é feito no pessegueiro; o terceiro passo é o manejo adequado da adubação nitrogenada (não utilizar nitrogênio a mais) e a quarta e última prática é o tratamento fitossanitário na fase vegetativa, a partir da florada.

- Se o agricultor seguir essas recomendações, não é preciso eliminar os pés contaminados com a antracnose – reitera Todeschini.

 

Outros problemas no caquizeiro

A chuva de granizo que caiu no mês de janeiro trouxe mais perdas na propriedade de Cecatto – as pedras maiores derrubaram a fruta e as menores danificaram o caqui que perdeu qualidade para a comercialização e ficou sem mercado.

- Alguns produtores também estão reclamando de uma “ruguinha” que causa defeito na coroa do caqui e quando o fruto fica maior ele acaba despencando – revela o estudante de agronomia e vendedor da Enoagro Comercial Agrícola, Jovani Milesi.

A falta de caqui de boa qualidade elevou o preço do produto: Cecatto vendeu a produção inicial por R$ 1,80/kg da variedade Kioto e informa que já tem produtor vendendo caqui a R$ 2,50/kg, bem acima do valor praticado no mesmo período da safra anterior – na ocasião o preço estava na faixa de R$ 1,20/kg a R$ 1,30/kg.

- O preço não dá para se queixar, o problema é a perda provocada pela antracnose – admite o produtor de Farroupilha.

 

caqui-webSINTOMAS: A antracnose ocorre nas folhas, ramos e frutos do caquizeiro – o patógeno causa lesões arredondadas no limbo e oblongas nas nervuras das folhas. Essas lesões em desenvolvimento podem coalescer, causar a seca das folhas a partir do ápice e provocar uma queda prematura, que ocorre quando próximas do pecíolo. O tecido foliar se torna quebradiço e pode ocorrer a queda prematura das folhas. Nos ramos do ano, Colletotrichum spp. causa cancros caracterizados por manchas necróticas escuras e deprimidas. Sob ataque severo do patógeno, ocorre a murcha e seca dos ramos, que culmina com a sua morte. Todavia, essa doença causa maior dano nos frutos do caquizeiro, nos quais inicialmente ocorrem manchas deprimidas de cor parda à negra com aproximadamente 1 mm de diâmetro. Essas lesões se desenvolvem até atingir 1 cm e coalescem com outras manchas, sendo circundadas por um halo claro. As lesões podem atingir a polpa e as sementes, causando a podridão total do fruto. Em condições de alta umidade, formam-se massas gelatinosas e concêntricas, de coloração rósea, nas manchas velhas dos frutos constituídas por conídios do fungo.

Fonte: Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)

 

Produção de caqui RS

Área: 1.800 hectares

Produção: 28.800 toneladas

Variação: - 10%

 



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