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FOCO NA QUALIDADE

O descobrimento de adulteração na produção de queijo, que veio à tona semana passada, deixou o setor preocupado no Estado. Ao mesmo tempo que destacam a importância de fiscalizações para impedir fraudes, entidades que representam produtores e indústria temem que o episódio possa resultar em queda no consumo.

Presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil), que abrange 60% da produção gaúcha de queijo, Wlademir Pedro Dal’Bosco destaca a idoneidade do setor e pede punição aos culpados:

– A fiscalização hoje é permanente e intensa, com fiscais nas empresas verificando regras como temperatura, recolhimento do leite e qualquer eventual problema existente na linha de produção – afirma.

Segundo o Ministério da Agricultura, há pelo menos sete legislações que tratam da inspeção de derivados de animais, como o queijo, além de regulamentos técnicos de identidade e qualidade do produto. Entre as ações realizadas, estão checagem de documentos e coletas periódicas de amostras,para avaliação em laboratório se as regras estão sendo cumpridas.

Dal’Bosco explica que, para produzir um quilo de queijo, são necessários 10 litros de leite. Ele pondera, ainda, o investimento dos produtores em matéria-prima confiável, mão de obra, sanidade e logística para assegurar qualidade.

– Quando se vende produto muito barato, há algo errado, pois qualidade exige mais investimento – diz.

Presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados do RS (Sindilat-RS), Alexandre Guerra reitera a importância das fiscalizações e espera que o consumidor saiba avaliar o cenário sem julgar de forma generalizada:

– Hoje, o Rio Grande do Sul tem o leite mais fiscalizado e de melhor qualidade do  país. Esperamos que o consumidor considere isso. Quem quer se consolidar atua com seriedade e não se importa que sejam feitas fiscalizações – afirma.

Guerra, que é diretor da Cooperativa Santa Clara, ainda salienta a importância de se focar em higiene, armazenamento e sanidade:

– Na Santa Clara, que produz 7,2 mil toneladas de queijo ao ano, a produção se integra à pesquisa para garantir qualidade. Assim, o consumidor reconhece, e a empresa tem como remunerar melhor o produtor pela matéria-prima – aponta Guerra.

Da busca por valorização a produtos diferenciados

Para o presidente da Apil, Wlademir Pedro Dal’Bosco, ainda é difícil medir o impacto da Operação Queijo Compen$ado no Estado. Ele avalia, no entanto, que os efeitos da fraude no consumo se somarão aos crescentes custos de produção e à dificuldade em obter maiores margens de lucro ao negociar com o varejo como principais desafios do setor.

– Enquanto trabalhamos com margem muito pequena, para garantir o escoamento da produção, o varejo acaba tendo um ganho muito maior por ter mais poder na definição do preço. Outro problema é a importação crescente do produto de outros Estados – avalia ele.

Presidente do Sindilat-RS, Alexandre Guerra frisa a importância de o setor se manter firme e buscar se diferenciar para garantir melhores oportunidades. Como exemplo, cita os lançamentos recentes de produtos especiais com a intenção de despertar novos hábitos de consumo:

– Temos o exemplo de variedades novas de queijo, como os com zero lactose, que abrangem um público específico e são alternativas para estimular ainda mais o consumo do produto – garante Guerra.

Operação Queijo Compen$ado

Na terça-feira passada, depois de oito operações de combate ao leite adulterado, o Ministério Público Estadual (MP) deflagrou a primeira ação contra derivados do produto.

Na Queijo Compen$ado 1, o MP descobriu esquema de fraude no queijo fabricado pela indústria Laticínios Progresso Ltda, de Três de Maio, no Noroeste. O produto seria revendido ilegalmente em 23 municípios das regiões Metropolitana, Vale do Sinos, Vale do Caí, Serra e Litoral Norte.

A exemplo das ofensivas anteriores, o objetivo seria fazer o produto final render mais. Além de aproveitar leite descartado pela indústria, a multiplicação era realizada utilizando amido de milho.

Fonte: Zero Hora



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