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ETANOL DE MILHO

Uma das apostas da cadeia do milho para escoamento do excedente da safra é a fabricação de etanol. Porém, a falta de política agrícola direcionada ao biocombustível em geral – que inclui a cana-de-açúcar enquanto matéria-prima – limita o detalhamento sobre a viabilidade total de produção a partir do grão.

O assunto foi tema do II Fórum de Etanol de Milho, realizado nesta quinta-feira (14.05) na Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Brasil (Aprosoja) e do Mato Grosso (Aprosoja-MT) em parceria com a companhia de biotecnologia Novozymes.

- A falta de segurança que a cadeia de milho tem para produzir o etanol é a mesma da cadeia de cana. Então serão dois setores com falta de segurança? – questiona o secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), André Nassar.

Para ele, o ideal seria estabelecer critérios de governo que favoreçam financeiramente o etanol, seja de cana ou de milho, em função de seu benefício ambiental, no entanto, o secretário admite que nada disso poderá sair do papel durante a etapa de ajustes fiscais.

Apesar da viabilidade técnica já comprovada, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Marcos Montes (PSD- MG), enfatiza que precisamos definir se realmente o projeto é viável ou não, isso é uma interrogação que não está respondida ainda.

Neste contexto, dois impactos são levados em consideração: a manutenção do grão enquanto alimento de proteína animal (principalmente suínos e aves) e o reflexo no setor sucroenergético.

Para Nassar, a discussão que envolve a segurança alimentar “já foi superada”. Como representante da cadeia, o vice-presidente do segmento de aves da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, diz que a entidade é favorável à produção do biocombustível cereal desde que sejam estabelecidos critérios de zoneamento – para que isto ocorra apenas nos estados onde a safra de milho tiver excedente – e que não onere os custos da ração animal.

O executivo lembra que a demanda interna pelo grão gira em torno de 50 e 60 milhões de toneladas. Em contrapartida, dados do último levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), projetam um volume de 78,5 milhões de toneladas para a temporada de 2014/ 2015.

- Existe um excedente e somos a favor de medidas que estimulem o milhocultor a continuar produzindo. Direcionar para outra atividade dentro do nosso País é melhor do que exportar a commodity e subsidiar nossos concorrentes que produzem frango lá fora – ressalta Santin.

Um dos debatedores, o senador Blairo Maggi (PR) ressaltou que a utilização do milho para combustível não deixa o país desabastecido de alimento.

- Há milhares de produtores de milho no Brasil, dos mais diversos tamanhos de propriedades. A oportunidade de trabalhar com este novo produto irá gerar renda e sustentabilidade – afirmou Maggi.

Em relação ao mercado do grão, o presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk, disse que mesmo com os altos níveis de produção, a grande preocupação está na disponibilidade de recursos para a safra e a que custo. /A repórter viajou a convite da Aprosoja.

O deputado federal Marcos Montes (PSD), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, salientou que os parlamentares precisam ser demandados para discutirem temas pertinentes ao setor.

- Gosto muito desta discussão e vejo como algo importante para os produtores de milho do país – afirmou Montes.

Distribuição

Clayton Anselmo, representante da CHS (cooperativa norte americana com atuação no Brasil), disse que 75% do mercado de distribuição de combustíveis está concentrado em três empresas.

- Temos concentração de mercado na distribuição e fragilidade na produção – ressalta.

A questão tributária também é fundamental de ser discutida, pois o recolhimento é feito pela distribuidora e não pelos postos, então tudo arrecadado com este imposto fica para o estado que consome o combustível, não para o que produz.

- Isso explica porque os Estados não incentivam o consumo do etanol hidratado – argumenta.

Fonte:  Diário do Comércio & Indústria



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