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Clima seco e mercado em alta favorecem cenário para o trigo no Paraná

Depois de
amargar uma safra frustrada por problemas climáticos no ano passado, o trigo
que vem sendo plantado agora no Paraná conta com boas perspectivas, tanto de
preço, quanto de clima. A estiagem que atrasou o plantio da safra de soja
2019/20 deixou uma janela bastante apertada para o milho safrinha. Com isso, o
cereal do pão ganhou força como opção nesta safra de inverno.

De acordo com
dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da
Agricultura e Abastecimento (Seab), a área destinada ao trigo este ano é de
1,09 milhão de hectares, aumento de 6% em relação à área da safra anterior.

O produtor Sérgio Veit, de Guarapuava, optou por dobrar a área destinada ao cereal este ano, passando de 250 para 500 hectares. “Historicamente a gente sempre plantou trigo e sempre teve problema de preço. Esse ano parece que a coisa está um pouco diferente, pela questão do dólar e da falta do produto. A gente está sempre esperançoso, de que o clima vai ajudar também, mas tem que ter um pouco de sorte. Às vezes, uma semana a mais já pega uma geada”, avalia.

Nas últimas
semanas de maio, o clima ajudou com chuvas na medida certa para o plantio. De
acordo com o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, além do aumento
na área cultivada, a produtividade das lavouras também deve ser melhor nesta
safra.

“A
expectativa é que sejam colhidas 3,5 milhões de toneladas do cereal, resultado
65% maior que o registrado na sa fra passada”, afirma. Nesse caso, o mérito é
de São Pedro, que neste ano deu uma trégua aos triticultores, colocando o clima
a favor da produção.

Preço

Além das boas
perspectivas de produção, os triticultores paranaenses observam uma grande
valorização do trigo, que atingiu patamares recordes de preço no primeiro
semestre de 2020. Segundo a técnica Ana Paula Kowalski, do Departamento Técnico
Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR, dois fatores contribuíram para esta
condição. “Além do dólar valorizado, tivemos a quebra da safra passada que
deixou os estoques muito baixos”, avalia. No dia 5 de junho, a saca estava
cotada em R$ 62, um recorde histórico.

Vale lembrar
que o Brasil é importador de trigo. Se por um lado o real desvalorizado
favorece os produtores do cereal, por outro, deve impactar os outros segmentos
desta cadeia, como os moinhos, por exemplo, de forma negativa. “O Brasil
importa muito trigo em dezembro e janeiro, então a alta dos preços ainda não
teve impactos tão grandes”, avalia Ana Paula. Além disso, também existem
reflexos da pandemia do coronavírus no setor. “O trigo é estratégico para
segurança alimentar, então alguns países estão buscando muito trigo. O mundo
está demandando, isso também tem impacto nos preços”, acrescenta.

Clima será aliado nesta temporada

O
meteorologista Luiz Renato Lazinski comenta que a situação este ano é de
“neutralidade climática”, isto é, sem influência dos fenômenos climáticos El
Niño ou La Niña. “Daqui até o final do ano não deve mudar muito. As chuvas
devem continuar muito irregulares e abaixo do normal”, explica.

A estiagem
que vem preocupando os produtores este ano, segundo o meteorologista, começou
ainda em 2019. “Tivemos apenas dois meses em que choveu na média. O restante
ficou abaixo. Esse ano não está sendo diferente”, afirma. Esse tipo de
condição, com clima mais seco, favorece a cultura do trigo, que não gosta de
umidade excessiva. “O trigo precisa de chuva na hora do plantio, e essa chuva
veio”, lembra Lazinski.

Segundo o
meteorologista, este ano o frio também chegou mais cedo ao Estado. “Em 16 de
abril, a mínima em General Carneiro foi 1,6º grau negativo. O problema é se o
frio for embora tarde, aí teremos risco em algumas áreas mais altas na região
Centro-Sul de geada em setembro. Isso não seria bom para o trigo”, avalia.

Também o agrometeorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, prevê uma temporada favorável para o trigo no que depender do clima. “Tem chovido menos no Paraná. Para as culturas de inverno, essa condição climática tem ajudado e vai continuar ajudando. Com as águas do Oceano Pacífico mais frias, a chuva não deve vir em excesso durante o desenvolvimento da cultura”, observa. “O único problema é o frio. Como o Paraná planta mais cedo, algumas áreas podem ser acometidas por baixas temperaturas na época de enchimento dos grãos. Quem está instalando mais tarde [a lavoura], provavelmente vai passar sem grandes problemas”, avalia Oliveira.

Leia mais notícias sobre o agronegócio no Boletim Informativo.

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Fonte: Sistema FAEP



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