Clima seco

CLIMA NA REGIÃO SUL DEVE PREOCUPAR NO SEGUNDO SEMESTRE

Algumas estimativas da safra de soja no Rio Grande do Sul já estão prevendo perdas de até 45% na produtividade por conta da estiagem. A irregularidade das chuvas desde novembro de 2019 principalmente no centro-sul do Rio Grande do Sul prejudicou o desenvolvimento das lavouras. O ciclo da soja que possui em média 100 dias, precisa de no mínimo 700 milímetros para o pleno desenvolvimento do grão. Muitas cidades do rio Grande do Sul não chegaram aos 500 milímetros, muito mal distribuídos nos último três meses e há produtores que estão com menos que isso.

Se o ano já foi difícil para o produtor gaúcho, as projeções climáticas para o segundo semestre deste ano são ainda mais desanimadoras para aqueles que produzem no Rio Grande do Sul. A previsão da temperatura da superfície do mar aponta um resfriamento de -0.5ºC das águas do oceano Pacífico equatorial, ou seja, chance para a configuração do fenômeno La Niña no trimestre setembro, outubro novembro, entre o início da primavera e possível concretização no decorrer do verão.

Segundo especialistas, independente se o La Niãa se configurar ou não, porque para isso precisamos verificar a anomalia de no mínimo -0.5ºC por três trimestres móveis, as águas do oceanos ficarão inevitavelmente mais frias no segundo semestre e isso é preocupante e já traz impactos até mais generalizados.

“Neste caso, não só o Rio Grande do Sul pode ter problemas de umidade, com novas estiagens, mas também as áreas produtoras mais amplas de Santa Catarina, do Paraná e da Argentina a exemplo dos anos de 2012 e 2013”, explica Celso Oliveira, meteorologista da Somar.

O produtor precisa se preparar, pois isso pode trazer ainda mais problemas para o estado, que já teve quebras nesta safra. O produtor precisa decidir de antemão quais cultivares ele vai apostar na próxima safra. Se precoce ou ciclo tardio, para evitar maiores problemas.

“Em anos de El Niño, quando as chuvas acontecem já no início da primavera, os produtores trabalham com variedades de ciclo mais precoce. Em anos de La Niña quando a chuva demora a acontecer é preciso apostar em variedades de ciclo mais longo e quando temos neutralidade a exemplo do que foi esta última safra, o padrão das chuvas não é bem definido e justamente por isso é preciso que o produtor use variedades de ciclo indeterminado e trabalhe com escalonagem de plantio”, diz Celso Oliveira.

O processo de resfriamento do oceano são mais fáceis de detectar do que El Niño, de acordo com os especialistas. O aquecimento acontece com maior inércia e, muitas vezes, não é generalizado e só é verificado em alguns trechos do oceano Pacífico Equatorial.

“A porção que já se enxerga nas projeções de resfriamento do oceano é muito significativa para que se reverta a situação de uma hora para a outra”, diz Celso.

Segundo o analista Vlamir Brandalizze, quando se fala em La Niña, o Rio Grande do Sul é o estado mais penalizado do país. Ainda assim é preciso perceber a oportunidade que isso pode gerar.

“Esse é o fenômeno que mais causa prejuízos nos Estados Unidos e, deve chegar durante a safra deles. Se tiver um problema por lá isso se refletirá nos preços, que podem subir. O Brasil, por sua vez, ainda terá tempo de investir em uma boa palhada para diminuir os efeitos da estiagem”, conta.

No ano passado, os americanos enfrentaram alagamentos na hora do plantio. Este risco diminui este ano, que deverá ter uma instalação dentro da janela agrícola no cinturão de grãos norte-americano. Mas, do mesmo jeito que o La Ninã pode colaborar na hora do plantio com menos chuva, o fenômeno pode prejudicar a lavoura pelo mesmo motivo em uma fase crítica de alta demanda de umidade na safra americana.

“Pode faltar chuva na fase de floração e enchimento de grãos este ano nos Estados Unidos entre julho e agosto”, explica Celso.

Fonte: Canal Rural



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