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CHUVA NO CENTRO-OESTE

A região Centro-oeste do Brasil deve continuar a ter altos volumes de chuva pelo menos até o início de março, enquanto a previsão para as áreas mais ao sul é de quantidades menores. É o que mostram os mapas meteorológicos do sistema Agrosomar, da Somar Meteorologia.

“O que está acontecendo não é nada anormal para anos de La Niña”, explica o meteorologista Celso Oliveira, em referência ao fenômeno climático. “Deve persistir até o início do outono, com mais chuva ao norte do Brasil”, acrescenta.

Diferente de janeiro, diz ele, quando a parte sul teve mais chuva.

Os volumes elevados de chuva têm trazido preocupação para os sojicultores de Mato Grosso, principal produtor do grão no país. A colheita fica inviabilizada em dias chuvosos. E, quando é possível colher, soja de ciclo precoce é retirada da lavoura com índices de umidade acima dos padrões, o que interfere no peso do grão e na rentabilidade da safra.

Ainda assim, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revisou para cima a expectativa de produção no Estado, de 30,6 para 30,9 milhões de toneladas. Os técnicos consideram que o mesmo clima que atrasou o início do plantio acabou sendo favorável na fase de desenvolvimento das plantas, levando à revisão dos indicadores de produtividade.

Eles ponderam, no entanto, que este mês decisivo para a consolidação das produtividades. Além do efeito sobre a soja no ponto de colheita, resta saber como as chuvas vão afetar os grãos de ciclo médio e tardio. Segundo o Imea, até o final da semana passada, as máquinas tinham passado por 28,63% da área plantada, de 9,42 milhões de hectares.

“Outubro foi muito seco e plantou-se mais tarde. Isso empurrou a colheita para o período mais chuvoso do ano. Hoje, há uma condição um pouco melhor em Mato Grosso. Mas deve durar pouco tempo”, alerta Celso Oliveira, da Somar.

Em nível nacional, o governo e consultorias privadas também ajustam seus números. Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita de soja pode chegar a 111,5 milhões de toneladas, não mais os 110,4 milhões esperados em janeiro. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), vê o Brasil em condições de tirar do campo 112,5 milhões de toneladas.

A consultoria INTL FCStone também avalia que o desenvolvimento do grão no Brasil tem sido positivo na safra 2018/2017. Tanto que revisou sua estimativa de 110 milhões para 111 milhões de toneladas. Mais otimista, a Agroconsult, que, inicialmente esperava 114,1 milhões de toneladas, considera possível a temporada desse ano superar o recorde do ciclo agrícola 2016/2017.

A consultoria AgRural reforça o coro de quem espera novo recorde. A nova estimativa, concluída nesta semana, revisou de 114 milhões de toneladas, estimados em janeiro, para 116,2 milhões de toneladas. Se confirmado o número, o Brasil terá novo recorde de produção, superando os 114,1 milhões de toneladas de 2016/2017.

Até o final da semana passada, a empresa estimava que 10% da área plantada com soja no Brasil estavam colhidos. A situação mais complicada é vivida pelo Paraná, one as máquinas havbiam passado por apenas 1% das lavouras de soja até a última quinta-feira. Nessa mesma época em 2017, estava em 16%.

“Mesmo com tempo aberto ao longo da semana, os trabalhos avançaram lentamente porque ainda há poucas áreas prontas”, informava a consultoria, na semana passada.

Celso Oliveira, da Somar, lembra que o Estado enfrentou maiores volumes de chuva no mês de janeiro. Neste momento, ainda há ocorrência, mas não em excesso. Situação semelhante à do Rio Grande do Sul, exceto na região de fronteira, mais ao sul do Estado, onde praticamente não chove.

Na região do Matopiba (confluência entre os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), a condição climática também é favorável neste momento, diz Oliveira.

“Houve estiagem em janeiro, mas nada que comprometesse muito. É uma região que vinha de anos ruins e neste ano está melhor. Tudo indica que será semelhante ao ano passado”, diz ele.

O meteorologista alerta, por outro lado, que Maranhão, Piauí e Tocantins podem viver situação semelhante à de Mato Grosso, com excesso de chuvas no período da colheita. Na Bahia, essa situação deve ocorrer nas áreas mais ao norte da região produtora de grãos, concentrada no oeste do Estado.

Safrinha

As condições climáticas preocupam não apenas o grão que está saindo do campo agora, mas também o que vai entrar. O atraso no plantio da safra 2017/2018, meses atrás, e as dificuldades na colheita em algumas regiões geram incerteza sobre o cumprimento da janela ideal da segunda safra de milho.

Em Mato Grosso, dos 4,46 milhões de hectares reservados para o cereal, apenas 27,02% tinham sido semeados até o final da semana passada, de acordo com o Instituto de Economia Agropecuária do Estado. Nessa mesma época no ano passado, as máquinas tinha passado por 46,68%.

“É algo a ser monitorado”, diz o meteorologista Celso Oliveira.

O risco, avalia ele, é das lavouras enfrentarem estiagem em estados como Mato Grosso e Goiás ou até mesmo geadas, no caso do Paraná.

Fonte: Revista Globo Rural



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