CHUVA DESAGRADÁVEL

Safra de uva no Rio Grande do Sul foi de produção e preços superiores, mas chuva afetou a qualidade…

A colheita de uva neste ano deve superar ou, pelo menos, repetir as 603 mil toneladas obtidas na vindima passada nos 42 mil hectares de parreiras gaúchas (6% das uvas são destinados para o consumo in natura), conforme estimativa da Comissão Interestadual da Uva. O viticultor de São Roque/ 4º Distrito de Farroupilha, Enio Luiz Onzi, aumentou a produtividade de 18 toneladas por hectare, em 2014, para 25 toneladas por hectare, neste ano, nos sete hectares onde cultiva as variedades Niágara Rosa, Niágara Branca, Bordô e Isabel.

- A brotação foi boa, o clima não foi dos piores, mas tivemos que ter mais cuidados e aumentamos as aplicações com defensivos- relata.

O calor contribuiu para os parreirais terem uma brotação mais uniforme, porém a partir de outubro as altas temperaturas e a umidade acenderam o sinal de alerta para os produtores rurais redobrarem os cuidados e utilizarem produtos sistêmicos para combater o Míldio e as podridrões. Esses fungicidas, também chamados de curativos, são mais caros e elevaram os custos de produção.

- Foi um ano no geral bom, mas alguns produtores tiveram perdas significativas por não tratarem adequadamente as videiras. Os ventos fortes e as pedras de granizo provocaram estragos localizados – avalia o estudante de agronomia e vendedor da Enoagro, Jovani Milesi.

- Foi um ano bom: não perdemos nada por causa de pragas e doenças, é verdade que gastei 20% mais com tratamentos, mas salvei a produção – destaca o produtor, Renato Bambi (sozinho na foto), que estima repitiu a produtividade de 20 toneladas por hectare nos 10 hectares em Menino Deus/Forqueta, interior de Caxis do Sul, sendo 1,5 hectare de parreiras renovadas.

Para compensar o aumento nas despesas de produção, o preço mínimo da uva Isabel foi reajustado em 11,11% nesta safra, passando de R$ 0,63/kg para R$ 0,70/kg. A variedade Bordô é tabelada 20% acima deste valor, ficando em R$ 0,84/kg, mas segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, algumas vinícolas estão pagando R$ 0,90/kg.

- O produtor está um pouco mais animado com o valor da fruta, mas está preocupado com o futuro da vitivinicultura. Muitos aumentaram a área e agora esbarram na falta de mão de obra. Além disso, a idade média do viticultor é de mais de 50 anos e a sucessão familiar é um problema – reitera Schiavenin que também é coordenador da Comissão Interestadual da Uva.

Mas a preocupação do momento é outra: a chuva na época da colheita prejudicou a qualidade do produto.

- A chuva na colheita é um risco por causa da podridão – reitera Bampi.

- Nossa sorte é que a safra adiantou 15 dias neste ano e já colhemos a Niágara do cedo. Porém a Bordô chegou a apodrecer – complementa Onzi.



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